POLÍTICA

Proposta do novo PCCS não paga pisos salariais; revisão do plano deve atrasar

Entidade responsável pela revisão propôs reajuste de 3%, mas índice não eleva o salário ao piso de algumas categorias

Por André Fleury Moraes | 11/01/2024 | Tempo de leitura: 3 min
da Redação

André Fleury Moraes

A vereadora Estela Almagro (PT) presidiu a reunião de ontem
A vereadora Estela Almagro (PT) presidiu a reunião de ontem

A proposta do novo Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) da Prefeitura de Bauru, cuja minuta foi elaborada pela Fundação para o Desenvolvimento do Ensino e da Pesquisa do Direito (Fadep), não paga nem sequer o piso salarial de parte das profissões no setor público.

A revisão do PCCS de Bauru já dura um ano e até agora não foi entregue pela fundação. A Fadep alega que trabalha em várias etapas do processo ao mesmo tempo, mas que questionamentos feitos pelo governo com relação a alguns contratos causaram a morosidade.

As declarações foram proferidas durante reunião pública promovida na Câmara de Bauru nesta quarta-feira (10) por iniciativa da vereadora Estela Almagro (PT), presidente da comissão de Fiscalização e Controle. Representantes da Fadep também compareceram ao encontro.

Na avaliação de parlamentares que participaram da reunião, o debate em torno do PCCS nesta quarta praticamente minou a expectativa de que o projeto do novo plano de cargos fosse entregue no primeiro semestre. A própria Fadep admite o atraso, mas atribui o problema a 200 questionamentos que a entidade recebeu dos servidores públicos de Bauru.

O advogado e professor universitário Gustavo Assed Ferreira, que representou a Fadep, reclamou no encontro de ter de responder cada um dos ofícios recebidos. Assed também protagonizou uma discussão com a vereadora Estela - que rebateu a queixa do advogado e argumentou que não era necessariamente obrigatório à fundação responder um a um.

Segundo a petista, caso a Fadep considerasse inviável encaminhar todas as respostas, bastaria comunicar a prefeitura, responsável por sua contratação.

Estela disse também que a Fadep foi contratada para revisar um PCCS já existente, e não elaborar um projeto "do zero". O advogado José Francisco Martins, que representa o Sindicato dos Servidores Municipais (Sinserm), afirmou que a proposta da Fadep parece mais uma reforma administrativa do que uma revisão do plano de cargos.

A fundação também enfrenta problemas com a prefeitura. A entidade encaminhou ao governo um relatório sobre a segunda etapa da revisão do PCCS e a administração devolveu o documento com uma série de apontamentos — a maioria dos quais negativos.

Um dos entraves está na avaliação sobre a necessidade de criação ou extinção de cargos no poder público municipal.

"A empresa incluiu um quadro com percentuais de cargos existentes em cidades utilizadas como parâmetro para o estudo, que contam com cargos similares aos existentes no município de Bauru. Porém, não ficou clara a intenção do apontamento, tendo em vista que o solicitado no contrato é que seja avaliada a necessidade da manutenção ou extinção dos cargos já existentes, bem como criação de novos cargos", afirmou a prefeitura no ofício.

A fundação também não atendeu ao pedido da administração sobre se há necessidade de revisão de atribuições e requisitos para se preencher os cargos. A Fadep, na verdade, chegou a sugerir revisão de cargos que sequer existem no quadro de pessoal do município.

Outro problema está no valor dos salários. A Fadep propôs um reajuste de 3% aos profissionais de carreira da administração - índice que não eleva o salário de alguns setores nem mesmo ao piso salarial de suas respectivas categorias.

O governo também contesta a base de cálculo utilizada pela fundação na revisão dos vencimentos. A Fadep usou como parâmetro o salário-bruto, e não o salário-base, o que gera distorções dados os descontos na folha.

A vereadora Estela, que presidiu a reunião, manifestou preocupação com a condução do processo de revisão do PCCS.

"A gente sai daqui frustrado. A empresa não esclareceu nada. Agora resta saber do governo. A prefeita Suéllen fez vídeo, percorreu uma série de repartições, celebrando essa contratação, dizendo que resolveria as distorções. E até não há um indicativo de que isso vá acontecer", afirmou a vereadora durante a discussão.

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3 COMENTÁRIOS

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  • Eduarda Maria de souza Fernandes
    12/01/2024
    Senhor José Silva. O piso de algumas categorias é definido por lei federal. É inadmissível que um professor, profissão que exige nível universitário, receba 1632,00. Sendo que o piso é de aproximadamente 3300,00 proporcionalmente a carga horária cumprida. Tem filhos? Eles estudam na rede municipal? Muitos dos professores municipais planejam aulas, corrigem atividades e organizam avaliações sem receber por isso? Você também trabalha de graça?
  • José Silva
    11/01/2024
    Mas quem disse que em concurso público o salário é o tal piso da categoria? O concurso público seleciona candidatos que aceitam as condições do edital, que faz lei entre as partes, portanto, não há o que se discutir quanto ao salário dos cargos ofertados no edital. Como já disse um vereador de Bauru, há outros concursos que pagam melhores salários, é só prestar e passar nesse outro concurso.
  • luis roberto romero
    11/01/2024
    Fora isso, a Prefeita tem que parar de dar aumento só no Vale Compra, isso não atinge os aposentados.