EM BAURU

Câmara segura 9 de 12 PLs e impõe derrota ao governo em sessão extra

Principal projeto da pauta legislativa, texto que institui o piso do magistério foi retirado pelo vereador Júnior Lokadora (PP)

Por André Fleury Moraes | 22/12/2023 | Tempo de leitura: 4 min
da Redação

Pedro Romualdo/Câmara de Bauru

Vereadores durante a sessão extraordinária desta quinta (21)
Vereadores durante a sessão extraordinária desta quinta (21)

As comissões permanentes da Câmara de Bauru não liberaram para votação em plenário 9 dos 12 Projetos de Lei (PLs) que constavam da pauta da sessão extraordinária realizada na manhã desta quinta-feira (21).

A medida impõe uma dura derrota ao governo Suéllen Rosim (PSD), que convocou o encontro legislativo e elencou as propostas analisadas pelos parlamentares. "Não sei por que [a prefeita] convocou a sessão. Parece que gosta de perder", ironizou a vereadora Estela Almagro (PT) durante discurso na tribuna.

Para parlamentares ouvidos reservadamente pelo JC, a votação desta quinta-feira evidenciou a falta de articulação entre o governo e a Câmara, relação que se desgastou - e não foi recuperada até o momento - desde a revelação do caso envolvendo o hacker de Araçatuba, que teria sido contratado pelo cunhado da prefeita para espionar desafetos da administração.

Na reunião legislativa desta quinta, apenas três projetos foram aprovados. Um deles cria novos cargos de técnico e especialista em enfermagem; outro institui a "Semana Municipal da Prevenção às Deficiências e Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência" e o último autoriza repasses a entidades do setor privado que mantêm convênio com a prefeitura.

Principal projeto da sessão, o PL do Piso do Magistério foi retirado da pauta a pedido do vereador Júnior Lokadora (PP). A medida atendeu a solicitação da própria categoria, que defende mudanças no projeto de lei.

"Enquanto não houver diálogo com a comissão de educação a gente não vai liberar o PL", afirmou Lokadora. Dezenas de profissionais do magistério que acompanhavam a reunião na Câmara aplaudiram a declaração do parlamentar.

O próprio Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (Sinserm) pediu o sobrestamento do projeto. A principal exigência do órgão está relacionada à garantia de que o professor tenha no mínimo um terço da jornada básica legal sem interação com o aluno - previsão da lei do piso do magistério, de 2008.

Embora tenha sido aprovado, o projeto que cria cerca de 30 novos cargos para técnico e especialista em enfermagem não passou batido - a proposta foi criticada pela oposição. "Há cargos dessa categoria que estão vagas, por que criar novas?", indagou o vereador Coronel Meira (União Brasil).

Para o parlamentar, o projeto veio como resposta aos apontamentos do Tribunal de Contas de São Paulo (TCE-SP) com relação às horas extras excessivas no poder público municipal. "Quando você não tem profissionais para ocupar o cargo você precisa pagar hora extra para que outro profissional faça esse trabalho", pontuou.

Borgo e Estela protagonizam bate-boca durante sessão

Os vereadores Estela Almagro (PT) e Eduardo Borgo (Novo), ambos da oposição, protagonizaram um bate-boca na sessão extraordinária da manhã desta quinta-feira (21). O episódio aconteceu durante a votação de um projeto que cria novas vagas de enfermeiros.

Borgo inicialmente pediu a palavra e, durante o discurso, criticou o baixo investimento do governo Suéllen Rosim (PSD) na Saúde de Bauru e pontuou na sequência sobre a aproximação da prefeita com o secretário de Governo do Estado, o presidente nacional do PSD Gilberto Kassab.

"A prefeita se diz cristã e conservadora, mas Kassab é Lula, tem três ministérios no governo federal. Fez lobby pela aprovação de Flávio Dino no STF. Kassab é Lula, e Suéllen Rosim é Kassab", afirmou Borgo. A vereadora Estela pediu a palavra na sequência e disse, sem papas na língua, que o colega "perdeu a oportunidade de ficar quieto". "Quem decide sobre a minha palavra sou eu", reagiu Borgo. A petista disse na sequência que Kassab é secretário do governo apoiado por Borgo, o de Tarcísio de Freitas (Republicanos).

"Vamos debater Bauru. O senhor está meio sem nexo", prosseguiu Estela. Borgo, incomodado, rebateu: "Na minha palavra quem manda sou eu. A senhora vai falar na sua vez. Quando eu te der a palavra", apontou. A petista subiu à tribuna minutos depois e lembrou da época em que Borgo era da base da prefeita.

"Se tem um responsável pela Suéllen é o Bolsonaro que o senhor apoia. Eu nunca compartilhei palanque com a prefeita. O senhor, além de fazer isso, levou inclusive seus filhos para tirar fotos no gabinete dela. Na CEI da Fersb o senhor riu da minha cara como relatora e votou junto com Suéllen para derrubar meu relatório. Chegou a dizer que eu estava 'nervosinha' porque estava 'colocando água no meu chope'. Eu sou oposição desde o primeiro dia de governo", afirmou.

Neste momento Borgo foi ao microfone e acirrou a discussão. "A senhora votou contra grande parte das CEIs aqui nesta Casa. A senhora contou para mim e para o vereador Lokadora que fez acordo para derrubar secretário municipal".

"Acordo para derrubar?", indagou Estela. "Sim", respondeu Borgo. "Estou poderosa, então, hein? Prefeita, põe na lista os próximos que eu quero derrubar: Nilson Ghirardello e Giulia Puttomatti", ironizou.

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1 COMENTÁRIOS

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  • Roberto Bastos
    22/12/2023
    Só peço ao invés de discutir o sexo dos anjos,deem por favor uma resposta ao patrão de vossas excelências,que não é outro se não o povo que os paga e paga muito bem face a péssima produtividade dos nobres vereadores(as). ETA,estação de tratamento de esgoto Avenida Nações Unidas. Estação ferroviária, atual floresta urbana de Bauru,ou parque ecológico de bandidos e delinquentes. Com a palavra a Câmara Municipal de Vereadores.