O debate sobre qual a melhor forma de guardar remédios viralizou depois de uma postagem feita por um estudante de Farmácia nas redes sociais. O universitário escreveu que não é aconselhado por farmacêuticos usar porta-comprimidos porque somente a embalagem original consegue armazenar os medicamentos de maneira segura.

Danilo Stroll, estudante de Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), de 33 anos, percebeu que algo estava errado quando começou a organizar seus medicamentos por dia da semana em um porta-comprimidos opaco. Sua experiência pessoal, aliada aos estudos sobre o assunto, o motivou a compartilhar as informações corretas.

"Eu costumava usar essas caixinhas porque sempre me esquecia de tomar meus remédios. Depois de um tempo, notei que os efeitos eram diferentes do esperado. E um dos medicamentos ficou com um aspecto péssimo, então, parei de tomá-lo", conta Stroll.

As caixinhas organizadoras, muitas vezes feitas de plástico, são atrativas porque ajudam a separar somente os remédios que serão consumidos naquele dia ou em uma semana. Mas há riscos. O problema já começa no manuseio do comprimido para mudar o local de armazenamento, já que muitos medicamentos devem ser tomados sem entrar em contato com as mãos. Em alguns casos, a embalagem contém um sachê de sílica, o que ajuda a controlar a umidade.

"As embalagens dos medicamentos foram projetadas de acordo com as substâncias de cada medicamento, e o objetivo principal é garantir a qualidade dos produtos - explica Tarcísio Palhano, especialista em Farmácia Clínica e porta-voz do Conselho Federal de Farmácia (CFF).

Além disso, outro hábito comum - e errado - é o de misturar medicamentos diferentes no mesmo porta-comprimidos. Isso pode causar o comprometimento da qualidade dos remédios, já que eles correm o risco de contaminar uns aos outros na caixa. Também aumenta a possibilidade de confundir os produtos sem a embalagem original para identificar cada um deles.

"Medicamentos diferentes não devem ser armazenados numa mesma embalagem por vários motivos. Ao misturar, sem a marcação da validade e do lote, você perde as informações desses medicamentos. Também podem ocorrer mudanças químicas no contato entre um produto e outro", alerta Palhano.

Enquanto o comprimido apresenta problemas de efetividade ao longo do tempo em que é mantido fora da sua embalagem original, um estudo publicado na revista científica "Oxford Academic", realizado por pesquisadores dos Estados Unidos, mostra que os pacientes portadores de doenças crônicas, como a infecção pelo HIV, tiveram uma adesão melhor a tratamentos usando este método de compartimentos separados por dia da semana.

O que representa uma questão. Existem outras alternativas mais seguras para manter os comprimidos separados, para facilitar a implementação dos fármacos na rotina dos pacientes? A resposta é sim. Para medicamentos em cartela, por exemplo, é possível recortá-la em pequenos quadrados na região de cada cápsula. Mas, ainda assim, mantendo a embalagem original ao seu redor. Essa solução funciona apenas no caso desse tipo de embalagem. O ambiente no qual o produto é guardado influencia diretamente na sua eficácia e durabilidade. É preciso mantê-lo longe de luz do sol direta, da umidade e do calor.

Também não é recomendável deixar os medicamentos dentro do banheiro, porque o cômodo tende a ficar úmido quando se toma banho - principalmente quando deixamos a água bem quente. A cozinha é outro lugar nada recomendável para isso, porque ela tende a ter mudanças de temperatura durante a preparação de refeições.

O quarto é uma boa opção, se o local onde os remédios ficarem guardados não receber luz direta. No geral, você pode usar qualquer armário da casa que não seja na cozinha nem no banheiro. E é melhor deixar os medicamentos em local alto, evitando que crianças e animais tenham acesso.