RELATÓRIO

Brum sugere engavetar CEI da Palavra Cantada e Chiara reage

Relator da Comissão Especial de Inquérito apresentou, nesta sexta, prévia do relatório final; vereadora fará um independente

Por André Fleury Moraes | 28/10/2023 | Tempo de leitura: 2 min
da Redação

Guilherme Matos

Vereador Serginho Brum, relator da CEI, não viu irregularidades
Vereador Serginho Brum, relator da CEI, não viu irregularidades

O vereador Serginho Brum (PDT), relator da Comissão Especial de Inquérito (CEI) que apura a compra do material Palavra Cantada, apresentou na manhã desta sexta-feira (27) o relatório parcial dos trabalhos no qual nega categoricamente quaisquer irregularidades na aquisição dos kits pedagógicos e sugere o arquivamento do procedimento.

O documento foi exposto aos integrantes da CEI durante reunião informal na Câmara de Bauru. A vereadora Chiara Ranieri (União Brasil) reagiu duramente à conclusão do pedetista e anunciou que vai preparar um relatório independente apontando vícios na condução do procedimento de aquisição e irregularidades na compra.Chiara deve dividir seu relatório em quatro frentes. A começar pelo regime de urgência na tramitação do processo de aquisição, medida que, para ela, foi desnecessária. Em seguida vem a relação custo-benefício da compra.

Segundo a parlamentar, havia outros materiais didáticos com conteúdo semelhante por preços muito mais em conta - alguns dos quais até sob domínio público, cuja reprodução é gratuita. Os kits pedagógicos Palavra Cantada custaram R$ 5,2 milhões aos cofres municipais.

Em terceiro lugar está a razoabilidade da aquisição. Neste ponto, a parlamentar prevê apontar as denúncias da ex-secretária de Educação Maria do Carmo Kobayashi de que houve interferência direta do gabinete da prefeita Suéllen Rosim (PSD) no processo. A ex-titular da pasta afirmou que não convalidou a compra do material.

Por último, a vereadora deve apontar também para o descumprimento contratual - principalmente com relação ao treinamento dos profissionais da rede municipal de ensino.

O contrato entre a prefeitura e a editora Movimenta, responsável pela venda, garantia o apoio aos professores. Mas o magistério afirma nunca ter recebido a medida.

A editora Movimenta, em nota encaminhada ao JC, garante que o procedimento foi realizado. "Diferentemente do publicado na reportagem, a Movimenta cumpriu integralmente o contrato firmado com a Prefeitura de Bauru para fornecimento do projeto Palavra Cantada na Escola, inclusive na entrega de material, suporte pós-venda e no treinamento de 140 horas disponibilizado aos educadores", afirma a empresa.

Chiara também deve anexar o parecer do Ministério Público de Contas (MPC) que pediu ao Tribunal de Contas de São Paulo (TCE-SP) a rejeição do contrato entre a prefeitura e a Movimenta.

No parecer, a procuradora Élida Graziane Pinto, designada para atuar junto ao Tribunal de Contas, afirma que a compra do Palavra Cantada - realizada por dispensa de licitação, na modalidade inexigibilidade - contraria a legislação.


"Não houve justificativa que especificasse tecnicamente a singularidade do objeto, tampouco as vantagens alcançadas pela sua adjudicação direta", advertiu a procuradora. Chiara deve utilizar o mesmo argumento no relatório paralelo. "É inaceitável ver uma conclusão como essa diante de tudo o que vimos desde que a compra passou a ser investigada pela Câmara, ainda no ano passado, e especialmente depois do que presenciamos na CEI", disse a parlamentar ao JC nesta sexta.

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6 COMENTÁRIOS

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  • ACIR TERCIOTI
    31/10/2023
    UM LITRO DE OLEO DE PEROBA PARA ESSE VEREADOR QUE QUER ENGAVETAR...
  • Jorge Freitas
    30/10/2023
    “Às favas, senhor presidente, neste momento, todos os escrúpulos de consciência”. - Frase proferida por Jarbas Passarinho (Então Min. TRabalho) ao presidente militar do regime de excessão Costa e Silva. Esse frase foi dita às vésperas do AI5, quando alguns no governo ainda tinham dúvidas de consciência se o endurecimento maior ainda do regime era o caminho. Com ela, Passarinho justificava que para manter a ditadura valia tudo, perseguir, caçar direitos políticos, prender sem o devido processo legal, e que se explodam os resquícios de consciência moral. É, parece que hoje ainda é verdade em terras bauruenses: às vezes para defender o rei os súditos precisam mandar às favas a consciência. Quem liga para o dinheiro da educação, quem liga para as criancinhas. Às favas os escrúpulos de consciência, salvem a prefeita.
  • ADRIANO A S ANDRADE
    28/10/2023
    Infelizmente não querem apurar o que ocorreu na administração pública e o político se sobrepõe ao interesse do povo, sendo que se trata de verba pública oriunda dos impostos da população. É fundamentação se apurarem tudo e remeter o procedimento para o MP, visando a responsabilização criminal e administrativa, se houve desvio ou malversação do dinheiro público.
  • Luciano Sidnei Marques Tozzi
    28/10/2023
    Esse vereador está de brincadeira, não é possível que ele não tenha visto nada de errado nisso tudo, aliás essa câmara de Bauru em sua grande maioria, não parecem fiscais, mas sim a côrte da \"rainha\"que faz,desfaz do jeito que bem entende e Bauru fica jogada as traças, olha eu nasci em Bauru,vivo em Bauru ha 40 anos, muita coisa eu vi se transformar nessa cidade, mas já estou começando a desistir porque as coisas aqui não é para amadores não, temos uma prefeita que faz de conta que governa, uma câmara que faz de conta que fiscaliza,e a gente vai engolindo e fazendo de conta que acredita que está tudo caminhando para melhor,chega de ficar engasgado, Bauru não está bem não viu,e nem melhorou não,viu Sra. Prefeita,entenderam Nobres Vereadores, até quando???
  • Leandro de souza
    28/10/2023
    As velhinhas de Taubate em Bauru Érico Veríssimo, um dos maiores escritores brasileiros, apresentou ao mundo as \"Velhinhas de Taubaté\" em sua obra \"O Continente\". Esse grupo de senhoras representa o otimismo extremo e a crença inabalável nas autoridades, mesmo diante de evidências claras de incompetência ou malversação. Elas escolhem acreditar no melhor, mesmo quando todas as indicações apontam para o contrário. Seu otimismo, embora tocante, serve como uma crítica sutil àqueles que ignoram as realidades desconfortáveis à sua volta. Em um contexto mais contemporâneo e local, a situação da gestão da prefeitura de Bauru pode ser comparada a essa alegoria. É preocupante notar como certas parcelas da população, seja por desinformação, complacência ou uma combinação de ambas, podem estar sendo levadas a crer que tudo está bem, mesmo quando há claras indicações de problemas na gestão dos recursos públicos. Assim como as Velhinhas de Taubaté preferem acreditar em um mundo onde tudo está em ordem, há quem se deixe seduzir por uma narrativa conveniente sobre a eficácia da administração local. A questão que se coloca é: a que custo vem esse otimismo ou essa complacência? Em uma cidade onde recursos são escassos e as necessidades da população são muitas, o desperdício do erário público é um luxo que não se pode dar ao luxo de ter. Em ambos os casos, o dano é duplo. Primeiro, por ignorar os problemas, perpetuam-se os erros, o que torna quase impossível qualquer forma de melhoria ou otimização. Segundo, essa atitude cria um ciclo vicioso de desinformação e apatia, tornando cada vez mais difícil para as pessoas discernirem a verdade do discurso oficial. A lição que as Velhinhas de Taubaté e a situação em Bauru nos oferecem é clara: o otimismo e a confiança são virtudes, mas quando transformados em ingenuidade ou complacência deliberada, podem ser perigosos. Em ambos os cenários, o dever cívico de questionar, avaliar criticamente e demandar transparência e eficácia das autoridades é fundamental para o bem-estar coletivo.
  • Maria
    28/10/2023
    Alguém tinha esperanças??? Nunca vi uma Câmara tão negligente como esta atual. Prefeita ta nadando de braçadas ali. Bauru está largada a olhos vistos e estws vereadores nao admitem. Porque sera ne ?