REJEITA PEDIDO

Justiça rejeita quebra de sigilo de servidor pivô no caso Palavra Cantada em Bauru

Decisão acolhe parecer do Ministério Público segundo o qual CEI não tem poder para afastar sigilos dos investigados

Por André Fleury Moraes | 25/10/2023 | Tempo de leitura: 2 min
da Redação

Pedro Romualdo/Câmara de Bauru

Presidente da CEI, Markinho Souza (PSDB) interroga Fábio Schwarz, diretor de departamento da Educação, em agosto
Presidente da CEI, Markinho Souza (PSDB) interroga Fábio Schwarz, diretor de departamento da Educação, em agosto

O juiz Fábio Correia Bonini, da 4.ª Vara Criminal de Bauru, rejeitou na última quinta-feira (19) o pedido da Câmara de Bauru para quebrar o sigilo telemático do servidor Fábio Colasso Schwarz, diretor de departamento da Secretaria de Educação e peça central na investigação que envolve a compra do material Palavra Cantada.

A quebra do sigilo foi aprovada em agosto pela Comissão Especial de Inquérito (CEI) que investiga a aquisição dos kits pedagógicos. A Câmara, porém, só ajuizou o pedido judicial no início de outubro. E recebeu parecer contrário do Ministério Público (MP), segundo o qual a CEI não tem poder de afastar quaisquer sigilos - telemático, telefônico ou bancário.

A decisão de Bonini, publicada no dia 20 no Diário Oficial, acolhe o parecer do MP e afirma que "a quebra de sigilo telemático só pode ser autorizada para fazer prova em investigação criminal e em instrução processual penal". Para o magistrado, a CEI não se enquadra em nenhum destes casos.

"É certo que o comportamento ilícito sob investigação pode até configurar infração penal, mas não é esse o objetivo precípuo da investigação instaurada no âmbito do Poder Legislativo, de modo que eventual apuração de crime deverá ocorrer em procedimento investigatório próprio - onde a medida se mostra, em tese, possível - a cargo da Polícia Judiciária ou do Ministério Público", prossegue a decisão, da qual ainda cabe recurso.

Fábio Schwarz foi o primeiro servidor municipal a ter contato com representantes da editora Movimenta, responsável pela venda do material Palavra Cantada. As conversas iniciais entre ele e a editora aconteceram através de mensagens no WhatsApp pessoal do servidor. Fábio, no entanto, apagou as conversas - o que levantou suspeitas entre os membros da CEI.

O requerimento solicitando a quebra de sigilo foi protocolado pela vereadora Chiara Ranieri, para quem a medida seria "imprescindível para a continuidade dos trabalhos".

Schwarz apresentou duas versões distintas sobre o caso antes de admitir em definitivo as conversas iniciais no WhatsApp. Numa primeira reunião, em abril, ele afirmou que Douglas von Gal, representante comercial da Movimenta, o havia acionado pelo aplicativo de mensagens.

Depois, em maio, disse não se lembrar da maneira como houve o primeiro contato. E descartou a possibilidade de se confirmar ou não sua versão. "Reforço que apago todas as mensagens do meu telefone particular", disse o servidor.

A CEI volta a se reunir na manhã desta quarta-feira. Na semana passada, o colegiado encaminhou um questionário para 613 professores da Educação de Bauru para que façam uma avaliação do material e analisem a participação do magistério na negociação.

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2 COMENTÁRIOS

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  • Deodoro
    25/10/2023
    O próprio Legislativo sendo picado pela Lei que fez! Kkkkkkk
  • Tati
    25/10/2023
    Metam um processo criminal nele que conseguirão a quebra de sigilo. Se já tem tantos indícios, não há de ter medo!