Novo governo

Por Carlos Brunelli | 14/01/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Por Carlos Brunelli

A cada quatro anos em alguns países; a cinco em outros. Por renúncia do primeiro-ministro ou por deposição via golpe de estado. Através de processo reconhecidamente livre e normal ou por escrutínio de lisura duvidosa. Escolha direta da população ou de maneira indireta por um grupo de parlamentares. Com candidaturas abertas a qualquer pleiteante ou de forma ditatorial com um só candidato. Via eleição ou via plebiscito. Por vezes até decorrente de falecimento.

Seja qual for o modo ou o motivo, o certo é que de tempos em tempos temos novos governantes para cada nação, com troca de ideologia ou permanência do regime, com renovação de atores ou perpetuação de déspotas. E a cada episódio, parte da sociedade deposita suas esperanças de um futuro melhor nesse novo (ou velho) governante.

Que ingenuidade! Foram-se os tempos dos verdadeiros estadistas, se é que um dia os tivemos. Mas a história assim classifica alguns e dessa forma são lembrados e reverenciados. "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto. Quem poderá entendê-lo? " (Jeremias 17:9).

Os que ascendem ao poder estão visceralmente comprometidos com alianças, acordos, negócios e não em satisfazer expectativas populares. Direita, esquerda, centro; democrata, republicano, social, socialista; radical ou conciliador, qualquer adjetivo interposto ao novo comandante do momento é mera tentativa de rotular uma tendência que em breve se desmanchará para atender a coligações que o tornem "suportável". A tal da governabilidade que poderá render uma continuidade de mandato ou assegurar o sucessor.

Ao longo da história, desde os tempos mais remotos sempre foi assim: reis foram postos e depostos; imperadores assumiram e foram destronados; levantes militares colocaram generais no controle, sob protestos da sociedade civil; civis galgaram os mais altos postos, debaixo de clamores por intervenção dos militares. O motivo de tanta insatisfação está justamente na crença direcionada a seres humanos, como se fossem eles os apontadores do caminho a seguir. No imediatismo da solução de problemas vivenciados está o causador da angústia.

Em suas lamentações acerca do acontecido à nação de Israel, o profeta Jeremias lastimava "não ter paz e esquecer o que é desfrutar do bem; que sua alma se abatia por continuamente se lembrar disso" (cf Lm 3:17-20), mas em seguida igualmente renovava em si os verdadeiros e únicos alento e certeza de tempos melhores: "Quero trazer à memória o que pode me dar esperança. Bom é aguardar a salvação do Senhor" (cf Lm 3: 21-26).

É preciso resgatar nesta sociedade aflita, ansiosa e angustiada o real sentido de vida plena, de paz e gozo, mesmo em meio a desafios, dificuldades e incertezas. A vitória não está em nosso falho e imperfeito mundo atual, tampouco e muito menos no que o governante de plantão possa intentar ou implantar em termos de políticas públicas, mas sim na confiança de que nossas passageiras penúrias estão a nos moldar o espírito para desfrutar de um reino eterno e sem sofrimento.

Ou, nas palavras do apóstolo Paulo: "Por isso não desanimamos. Embora exteriormente estejamos a nos desgastar, interiormente estamos sendo renovados dia após dia, pois a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós uma glória eterna, acima de toda comparação. Assim, não fixamos os olhos naquilo que se vê, mas nas coisas que não se veem, pois o que se vê é transitório, mas as coisas que não se veem são eternas" (2Co 4:16-18).

Hugo Evandro Silveira 

Pastor Titular - Igreja Batista do Estoril.

E-mail: hugoevandro15@gmail.com

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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