O Que está por trás do verdadeiro sentido do Natal

Por Hugo Evandro Silveira - Pastor Titular da Igreja Batista do Estoril | 19/12/2022 | Tempo de leitura: 4 min

Estamos prestes a celebrar mais um Natal. O Natal refere-se à encarnação de Cristo; totalmente Deus e totalmente homem. A linhagem humana de Cristo é obviamente um evento único na história. O livro de Mateus começa listando a sua genealogia humana, que também está incluída no livro de Lucas. E embora seja claro que antes do século 20 ninguém entendia ao certo como o DNA era passado para as novas gerações, também era óbvio que muito antes do nascimento de Cristo a hereditariedade já era algo reconhecida.

O que celebramos no Natal não é tanto o nascimento de um bebê, por mais importante que seja, mas o que é tão significativo sobre esse nascimento em particular é que nele temos a encarnação do próprio Deus. Uma encarnação significa uma vinda na carne. Sabemos como João começa seu evangelho: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus". Então, naquela declaração introdutória bem complicada, o autor distingue entre a Palavra e Deus, e na próxima respiração identifica os dois, "A Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus." No final do prólogo temos a seguinte afirmação: "E o Verbo se fez carne e habitou entre nós". Agora nesta "encarnação" - o nascimento de Jesus - não é que Deus de repente se transformou em um homem, como por meio de uma metamorfose, de modo que a natureza divina tenha deixado de existir ou que assumiu uma nova forma de carnalidade. Não! A encarnação não é uma subtração, tampouco uma adição, mas sim a segunda pessoa eterna da Trindade tomando sobre Si uma natureza humana, unindo Sua natureza divina àquela natureza humana para o propósito da redenção.

No século 19, estudiosos propuseram uma doutrina chamada "Teoria Kenótica da Encarnação". A ideia é que quando Jesus veio a esta terra, Ele deixou de lado Seus atributos divinos para que o Deus-homem assumisse o seu papel, desconsiderando os atributos divinos de onisciência, onipotência e todo o resto. Mas é claro que isso negaria totalmente a própria natureza de Deus, que é imutável. Mesmo na encarnação, a natureza divina jamais perdeu Seus atributos eternos, tanto que no mistério da união entre a natureza divina e a natureza humana de Jesus, a natureza humana é verdadeiramente humana. Não é onisciente. Não é onipotente. Não é nenhuma dessas coisas. Mas ao mesmo tempo, a natureza divina permanece plena e completamente divina.

O que acontece na encarnação do Deus eterno é que, em sua humanidade, é esvaziada a glória, o privilégio, a exaltação. Jesus na encarnação se torna sem reputação. Ele permite que Sua própria posição divina exaltada seja submetida à hostilidade, à crítica e à negação humana. Ele assumiu a forma de servo e veio em semelhança de homem. É incrível que Ele não venha apenas como um homem, mas venha como um escravo, um servo e de dores. Ele vem em uma posição onde não carrega consigo nenhuma exaltação, nenhuma dignidade, apenas indignidade. E como afirma o texto sagrado, Ele foi achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até à morte, a vergonhosa morte da cruz.

Esse é o verdadeiro significado da celebração do Natal, o Deus encarnado, Emanuel, Deus presente, Deus conosco em nossa vida, existente em nossas experiências, em cada canto do mundo, junto aos que o adoram. Natal é Jesus nascido, e com Ele a vida, a esperança, a paz, a eternidade. Porque é Natal, temos a possibilidade de bênçãos, alegria, salvação, vida eterna. Por causa do Natal, surgiu a realidade da Páscoa, da Cruz e, com ela, a vitória sobre a morte por meio da ressurreição; afinal a Cruz está vazia. Pelo Natal, morte e ressurreição - pecadores como nós recebem perdão - não há mais nenhum pecado imperdoável. Por causa do Natal renasce a chance de uma nova vida. Então ninguém pode se encontrar tão longe de Deus que não possa ser alcançado pelo amor, graça e perdão do Filho; afinal, nenhuma distância é maior que a percorrida pelo Deus encarnado - que desde a eternidade se encolheu tanto que veio a nascer num inocente bebê. Pelo nascimento de Jesus, o caminho até Deus foi encolhido - a distância foi encurtada, a reconciliação e a comunhão com o Criador foi firmada. Portanto, podemos celebrar o Natal e pelo motivo certo: Jesus nasceu! É Natal, o incompreensível milagre do Deus Altíssimo!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

Receba as notícias mais relevantes de Bauru e região direto no seu WhatsApp
Participe da Comunidade

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.