Honestidade

Por Carlos Brunelli | 06/11/2022 | Tempo de leitura: 3 min

Por Carlos Brunelli

"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra; de tanto ver crescer a injustiça; de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir da honra e a ter vergonha de ser honesto" (Rui Barbosa)

Vez ou outra deparamos com a notícia de um envelope com dinheiro, uma carteira, uma maleta com valores que foi encontrada e devolvida a seu legítimo dono. As emissoras de TV apressam-se em localizar e entrevistar o cidadão, galgado repentinamente a uma espécie de personagem da semana. A sociedade, por sua vez, se divide entre os que aplaudem e os que desdenham da atitude. Os primeiros, por enxergar um resquício de civilidade no ato, um comportamento afinado ao bem-estar comum. Já os contrários, talvez na inconsciente inveja de não terem sido eles os agraciados com tamanha oportunidade, criticam o comportamento até se valendo de adágios como o de que "achado não é roubado", esquecendo que a conduta está prevista no Código Penal Brasileiro e, quem não devolver ou entregar à autoridade a coisa achada, em até 15 dias, estará sujeito a pena de detenção de até um ano e multa.

Uma rápida consulta ao dicionário revelará que roubar equivale a apropriar-se de bem alheio, agir como um ladrão, distinguindo-se do furto tão somente pelo emprego da violência. Quer por esperta rapinagem, quer por truculência, o ato em si é condenável. Quando Moisés subiu ao monte Sinai, recebeu tábuas de pedra com leis e mandamentos grafados pelo próprio Deus, que Ele já havia explicitado verbalmente, dentre elas "Não Furte" (Êxodo 20.15). Desde os primórdios, portanto, o furto (ou roubo) é abominado pelo Senhor e fere a aliança Dele conosco.

Quando se fala em roubos condenáveis - ao menos aqueles condenados pela maioria da população - imaginam-se altas somas de dinheiro, propinodutos de centenas de milhões, joias ou obras de arte de grande valor. Porém, o número é o menos importante, mas sim o ato. Retirar algo de alguém pode representar pouco para uns, mas pode ser tudo para quem perde. O conceito de desonestidade, porém, extrapola o de apropriação indébita da coisa alheia. É tão ou mais pernicioso quando atrelado ao caráter, por dissociar-se da honradez, por incorporar um desvio de valor moral que conduz a todas as formas de desonestidade.

Uma boa definição de caráter é a frase atribuída ao filósofo grego Epicuro (341 a 270 a.C.) "Caráter é aquilo que você é quando ninguém está olhando". Esse pensamento leva imediatamente a uma sugestão de firmeza de procedimentos, enraizamento de valores, sem desvios em função de circunstâncias, sejam elas quais forem. Os cristãos verdadeiros, aqueles que alicerçam sua vida em Deus e não somente possuem senso de religiosidade, têm "o cuidado de fazer como o Senhor, seu Deus, lhes ordenou. Não se desviem, nem para a direita nem para a esquerda"(Deuteronômio 5.32).

Nos tempos atuais, onde o relativismo é a tônica, vez que a mídia e os influencers pregam que nada é absoluto pois a rigidez comportamental impede o alcance da felicidade, ou que a maleabilidade com que os valores sobre bem e mal são administrados podem ou não te levar ao sucesso, a sociedade em geral é instada a mudar de opinião conforme o interesse do momento ou o ganho imediato que isso irá proporcionar. Esquecem que a vida terrena é fugaz e, quando desapegada da prática dos ensinamentos divinos, impedirá o desfrute da verdadeira vida, a eterna. Como proclamou o profeta Oséias: "Quem é sábio que entenda essas coisas! Quem é inteligente, que as compreenda! Porque os caminhos do Senhor são retos, e os justos andarão neles, mas os transgressores neles cairão" (Oseias 14.9).

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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