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Exame pré-nupcial: é necessário?

Tisa Moraes
| Tempo de leitura: 4 min

Quando um casal decide trocar alianças é preciso resolver inúmeras questões: escolher onde morar, comprar móveis, preparar a cerimônia e a festa. Em meio a tanta correria, às vezes fica difícil parar para pensar em um detalhe importante, mas que pouca gente dá atenção: a saúde dos noivos.

Hoje, quase todo mundo que se casa já tem vida sexual ativa, conhece intimamente o parceiro e sabe que a lua-de-mel não será um grande mistério. Ainda assim, poucas pessoas conhecem ou já ouviram falar dos chamados exames pré-nupciais.

Num primeiro momento, pode parecer algo antiquado mas, segundo especialistas, eles são mais do que necessários, já que diagnosticam a infertilidade e previnem uma série de complicações durante a formação do feto e podem até ser decisivos para uma gravidez.

Conforme explica o ginecologista Eduardo Crivelari Baisch, especialista em reprodução humana, durante uma consulta pré-nupcial o primeiro procedimento é realizar uma anamnese, ou seja, uma avaliação do passado médico do casal. “A finalidade básica dos exames pré-nupciais é a prevenção: avaliar o histórico do casal quanto a patologias de características hereditárias e possíveis seqüelas que não somente dificultem a gravidez, mas que também possam indicar a possibilidade de desenvolver fetos malformados”, observa.

Isso significa que algumas enfermidades que os pais possam desenvolver – em especial a mãe, podem atingir diretamente o bebê. “Muitas doenças podem interferir na gestação, como a rubéola, a toxoplasmose e o citomegalovírus, por exemplo. Se detectadas e tratadas precocemente, complicações podem ser evitadas”, explica o ginecologista.

Como não poderia deixar de ser, as doenças infecciosas, como hepatite, HIV e sífilis, também são avaliadas e o tratamento é aplicado o mais rapidamente possível. Ainda na consulta, são analisados o uso de medicamentos, as vacinas que o casal já tomou e vícios que sejam prejudiciais à saúde, como o sedentarismo e o consumo de álcool e cigarro. “O médico deve orientá-los a levar uma vida saudável”, comenta o urologista Aguinaldo Nardi.

Além disso, segundo Baish, é preciso verificar anomalias genéticas na família e episódios de aborto ocorridos anteriormente. “Nesse caso, é preciso investigar a existência de algum problema relacionado à dificuldade de concepção”, aponta. Outro fator importante é considerar a faixa etária do casal: quanto mais avançada, maiores são as chances de o bebê vir a apresentar anomalias.

O que é feito

No ginecologista, a mulher passa pelos exames de rotina, como a ultra-sonografia e o Papanicolaou. O objetivo deles é revelar a presença de secreções vaginais significativas, alterações anatômicas nos órgãos reprodutores, disfunções hormonais e até problemas de tireóide. Depois, a paciente precisa realizar exames de sangue e sorologia para rubéola, toxoplasmose e citomegalovírus.

Já o homem deve procurar um urologista para fazer um check-up. Além do exame clínico, ele terá de realizar exames de sangue e um espermograma, a fim de verificar se ele possui espermatozóides suficientes para concretizar uma gravidez por meios naturais.

“No entanto, homens que apresentam azoospermia (ausência de espermatozóides) ainda podem ser férteis, graças ao avanço da tecnologia e da ciência. O exame antecipado permite que ele possa planejar, por exemplo, uma fertilização in vitro”, afirma Nardi, salientando que, quando detectada a infertilidade no homem, o exame de cariótiopo (avaliação dos cromossomos) também é solicitado. O urologista esclarece que os resultados dos exames não têm o objetivo de cancelar o matrimônio, uma constante preocupação dos casais que se submetem ao exame pré-nupcial. “Na prática, os exames permitem que o casal seja preparado para uma vida conjugal saudável, avaliando possíveis dificuldades, encaminhando o tratamento adequado e até prevenindo possíveis doenças”, completa.

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Quanto antes, melhor

Segundo os médicos, os exames pré-nupciais não devem ser feitos muito próximo da data do casamento. Para dar tempo de corrigir e tratar eventuais problemas, como infecções virais ou bacterianas, é preciso começar o check-up com pelo menos seis meses de antecedência. “Esse tempo também é importante para a mulher se adaptar bem ao anticoncepcional escolhido ou tratar doenças como a toxoplasmose”, diz o ginecologista Eduardo Baish.

Segundo ele, mesmo depois do casamento, a mulher deve continuar de olho na saúde, principalmente se ocorrer uma gravidez. “À exceção da tipagem sangüínea, todos os outros exames devem ser refeitos durante o pré-natal. Uma mulher que não tem infecção no momento do pré-nupcial pode vir a ter depois de três ou quatro meses”, justifica.

O urologista Aguinaldo Nardi compartilha da mesma opinião, principalmente se o casal apresentar dificuldades para engravidar após 12 meses de tentativas. “Neste caso, eles têm de voltar ao médico para realizar novos exames para descobrir as causas e solucionar o problema”, finaliza o médico.

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