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O saco cheio do Papai Noel: olho no panetone e outro na política

Ana Borges
| Tempo de leitura: 2 min

Então é Natal! Tempo de perdoar mágoas, inclusive históricas. Cuba e EUA... comunismo versus capitalismo estão dando as mãos de forma culturalmente respeitosa e inimaginável até mesmo em uma obra de ficção. Enquanto isso, no Brasil, vemos a saga da oposição tentando deslegitimar a democracia. Sim, brasileiros. Ainda há muito o que aprender com os gringos... Só digo uma coisa, neste Natal "nunca na história desse país" o Papai Noel esteve de saco tão cheio de tanta intolerância, preconceito e essa onda de incitação ao ódio que predomina no país. Hoje se eu tivesse que escrever uma cartinha para o bom velhinho, ela seria da seguinte forma: - Meu querido Papai Noel. Só tenho um pedido fazer. Que tal colocar Marco Feliciano, Bolsonaro e toda essa corja dentro do seu saco e os levar para morar no Polo Norte, bem longe de toda a civilidade, afinal, a frieza desses corações gelados não vai destoar com a frieza do ambiente. Prometo que depois disso serei uma boa menina e quando tiver uma filha a ensinarei sobre seus direitos, deveres e principalmente a se vestir como bem quiser.

Sim, minha filha poderá usar a roupa que lhe convém (seja curta ou comprida) sem "merecer um estupro" e ainda poderei dizer aliviada que opção sexual cabe a cada pessoa decidir a sua e ser feliz. E ensiná-la ainda que respeito não deve ser pelas suas escolhas pessoais, mas sim pela sua conduta diante da vida. Caráter é um presente que poderia ser doado neste Natal, mas, infelizmente, não há lojas deste segmento.

E para finalizar eu peço que Noel nos dê discernimento para nos transformarmos em pessoas com o bom senso aguçado, ao invés desse bando de intolerantes que apenas reproduz um discurso sobre bons costumes baseados na época antes de Cristo... Para mim, bons costumes é saber respeitar o próximo. Neste Natal, não precisamos só de presentes, mas acredito que temos é mesmo que estar presentes em todas as discussões da esfera pública, por isso a sugestão é ter um feliz Natal de olho no panetone e outro bem aberto na política. Senão, daqui uns dias decretarão que será proibido existir até Papai Noel no Brasil, pois numa era fitness o velhinho barrigudo poderá ser visto também como um "mau exemplo" de obesidade. Melhor nem dar ideia, porque é só o que falta se discutir no plenário.

A autora é jornalista por teimosia, ex-produtora de tv, atualmente repórter web do JCNet. Sonhadora por natureza, apaixonada por livros de crônicas, curiosa, workaholic e viciada em escrever, principalmente em dias de folga.

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