Reflexão e Fé

Um legado para nossas crianças

16/10/2022 | Tempo de leitura: 4 min

O Dia das crianças é dia de festa, brinquedos, guloseimas e passeios. Muita diversão, alegria e amor. Mas também deve ser uma oportunidade dos adultos refletirem a cerca do legado que estão deixando às crianças. Há um texto na Bíblia em Deuteronômio 6.7-9 que fala sobre a importância de ensinar as crianças: "Ensine com persistência suas crianças. Ensine-as quando estiver sentado em casa, quando estiver andando pelo caminho, quando se deitar e quando se levantar. Amarre-as como um sinal nos braços e prenda-as na testa. Escreva-as nos batentes das portas de sua casa e nos portões". Esse é um texto que orienta os pais a serem diligentes na instrução de suas crianças.

TEMPO INVESTIDO

Preparar as crianças, ensiná-las em cada área da vida requer tempo. O psiquiatra Içami Tiba trabalhou esse princípio, do árduo investimento na educação familiar, em seu best-seller "Quem Ama Educa". Assim como a Bíblia em seu ensino milenar, Tiba bate na tecla que apenas o amor puro e incondicional não é o suficiente para formar indivíduos emocionalmente sadios e responsáveis. O tempo investido é um dos legados mais fundamentais na vida das crianças. Devemos, portanto, rejeitar veementemente o mito de que o tempo de qualidade supera a quantidade. Ensinar as crianças com diligência, é uma orientação muito bem definida no texto do Deuteronômio, como sendo um exercício contínuo e sacrificial, "sentando-se com elas em casa, andando pelo caminho, ao deitar e levantar" (v. 7). Uma paráfrase legítima pode ser "ensine seus filhos em todos os lugares (em casa ou no mundo) e sempre (de manhã à noite), use de todos os meios, amarrando as instruções nos braços e prendendo na testa, colocando anotações nos batentes da porta e portões (v. 8, 9) - simbolicamente. Precisamos, em outras palavras, viver intensamente com nossas crianças; sermos participantes integrais de suas vidas, dentro ou fora de casa. Um estilo de vida de instrução regular, que exige que tenhamos um relacionamento intencional e agudo com nossas crianças, deixará o maior legado para elas. Isso exige investimento temporal.

AUTENTICIDADE

Na apresentação de crianças aqui no Estoril, sempre brinco dizendo que as crianças estão com os olhinhos 'arregaladões' sobre os pais; que seus olhos são mais efetivos que seus ouvidos. Isso significa dizer que essas crianças fantásticas e amadas, aprendem muito mais ao ver do que ouvir. O ouvir tem toda sua efetividade, porem nosso empenho na formação deve ser mais amplo. Crianças devem ver, perceber, ouvir, sentir a autenticidade de seus pais. É uma realidade assustadora quanto a eficácia obtida muito mais pelo modelo imitado do que pelo discurso. Por exemplo, pais podem instruir suas crianças no caminho da educação, do respeito, da tolerância, do amor a Deus e ao próximo, mas se as melhores lembranças delas forem seus pais gritando, xingando, hostilizando, mentindo, enganando, desrespeitando e etc., pode ter certeza de que elas irão crescer desenvolvidas pelo que viram e experimentaram. Falar de Deus, ensinar coisas boas no núcleo do lar ou andando pelo caminho, ao deitar e se levantar é notoriamente ineficaz se a realidade vivida não for genuína. Falar, instruir, ensinar é de vital importância - mas se o ensino não for sincero na vivência, o sermão é ineficaz, não serve de nada. E temos um sério problema em nossa geração: Pais 'nem-nem' - que nem ensinam e nem dão bom exemplo.

DEUS NÃO ESTÁ MORTO

Não se pode deixar um legado propositivo excluindo Deus da mente das crianças. A desordem do mundo pós-moderno tem sido resultado de uma sociedade sem os princípios de Deus; por mais que a conclusão pareça utópica. Friedrich Nietzsche, o filósofo conhecido, muito por sua tese da "transvaloração de todos os valores", olhando para o seu contemporâneo na segunda metade do século 19 e arriscando sobre o homem do futuro, afirmou que "Deus estava morto", uma assertiva crítica à sociedade ensimesmada, sem os valores de Deus. Assim como aquele angustiado que se pôs a gritar no meio de todos: "Para onde foi Deus?" — Sem o encontrar refletido nas pessoas, o mesmo respondeu: "Já lhes direi! Nós o matamos — vocês e eu. Somos todos assassinos!". Mas como fizemos isso? Como podemos beber o oceano? Não é possível! Não passa de uma expressão semântica. Deus não está morto - Nietzsche está morto - assim como todos que se propõem a matá-lo. Deus está vivo. Eternamente vivo. Então um grande legado para nossas crianças, é o investimento no ensino exemplar do comportamento, e a persuasão de que Deus é vivo e supra necessário em seus valores morais e espirituais.

 Hugo Evandro Silveira

Pastor Titular - Igreja Batista do Estoril.

E-mail: hugoevandro15@gmail.com

 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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