Wagner Teodoro

Revisão do VAR

25/08/2019 | Tempo de leitura: 3 min
JCNET

Há mais de um ano implantado no futebol brasileiro, o VAR se vê mergulhado em polêmicas e contestação a cada semana. Nos mais diversos campeonatos é motivo de revolta e reclamação. A mais comum pela demora nas decisões, mas também por supostas falhas em suas análises. Há até torcedor que acredite em teorias da conspiração para ajudar alguns clubes, sempre os times rivais. Para quem pensava que o recurso eletrônico acabaria com a polêmica no futebol, foi um tremendo engano. Aos que gostam de discutir arbitragem, trouxe um elemento a mais. Eu não penso que é a polêmica de arbitragem que dá o tempero ao futebol, como muitos dizem. Não vejo graça em "trollar" torcedor adversário por isso. Acho chato ganhar com erro de arbitragem e inaceitável perder por este motivo.

Por isso, sou completamente favorável ao VAR. Tudo o que vier para minimizar erros e interferências no resultado dos jogos é bem-vindo. A principal reclamação do VAR no Brasil é realmente pela demora nas revisões. Até lances objetivos como impedimentos, às vezes, levam minutos para terem um desfecho. A CBF, ciente do óbvio problema, fez um "mea culpa" na segunda-feira passada e prometeu mudanças para agilizar e deixar as tomadas de decisão mais transparentes. O objetivo é ficar dentro do tempo estipulado como ideal pela Fifa de 75 segundos. A promessa também, para o segundo turno do Brasileirão, é o torcedor ter acesso às imagens das câmeras do VAR para saber o que está sendo avaliado e como está sendo feita a análise do lance. Enfim, entender o que ocorre.

Interferência mínima

A cartilha feita pelo Conselho da Federação Internacional de Futebol determina quatro situações para a atuação do VAR: se foi gol ou não (aqui, claro, abrange lance de impedimento que resulta em gol); se houve pênalti; erro de identificação na aplicação de cartões e se a jogada foi ou não para expulsão. O VAR não foi implantado para ficar procurando infrações ou interferindo a todo momento no trabalho do árbitro de campo. Ele deve ser usado em momentos oportunos e agudos. O lema do protocolo de arbitragem é: "Interferência mínima, benefício máximo". E deve, ou deveria, ser seguido. Isso inclui o comportamento de todos em campo. Recentemente, vimos equipes reclamando de erro em marcação de lateral. Não é atribuição do VAR. Times se queixando de pênalti e argumentando que a jogada não foi revista no vídeo pelo árbitro de campo. Nem todos os lances são avaliados no vídeo pelo juiz que está no gramado. Mas todos os de possíveis penalidades são revisados pelo VAR. Se houver concordância entre o árbitro e o VAR, não há necessidade de parar o jogo para conferir na cabine. Ajuda a não desperdiçar tempo. Entender como funciona o VAR é obrigação de todos envolvidos na partida.

Falta de respeito

Para mim, o que é mais irritante no VAR não é nem a demora na análise do lance. Sim, tem momentos que quebra a emoção do jogo. Esperar para comemorar um gol é meio frustrante. Mas é uma mudança na dinâmica da modalidade e traz mais benefícios do que prejuízos. O que é mais absurdo é a total falta de respeito de boa parte dos atletas em campo. Muito chato. Em plena revisão, o árbitro de campo em contato com VAR, tentando ouvir em um estádio já ruidoso, e os jogadores cobrando, cercando o juiz. Um comportamento lamentável. O jogador está reclamando antes mesmo de saber o resultado da revisão. E a falta de educação, diversas vezes, se aplica também à torcida, que xinga, ofende, ameaça o árbitro enquanto ele está checando o lance na cabine de vídeo. Que bom seria se houvesse educação e respeito durante o processo do VAR.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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