A palavra misericórdia pertence a mesma família de outras, como bondade, compaixão, paciência, amor, perdão. Na teologia, o exercício da misericórdia reflete um dos atributos divinos. Sendo Deus santo e perfeito, Ele se propõe a relacionar-se com suas criaturas na base da misericórdia, oferecendo vida e bênçãos as pessoas, que antes de tudo, são errantes e imperfeitas. A raça humana orgulhosa e prepotente, em geral, não reconhece o dom da vida, os talentos e as oportunidades peculiares como bênçãos divinas. Isso mostra que mesmo á pessoas soberbas e ingratas, Deus, o criador e sustentador da vida, trata as suas criaturas com misericórdia. Nesse aspecto a misericórdia bendita de Deus sobre os homens deveria conduzi-los a percepção da gratidão e consequentemente à mesma prática da misericórdia ao semelhante.Sobretudo, o exercício da misericórdia torna a vida mais agradável, abençoada, leve e menos embrutecida. Na ética cristã o oferecimento da misericórdia gera felicidade, o Senhor Jesus revelou que "Felizes são os misericordiosos" (Mt 5.7) - alguém já disse que a "misericórdia é a porção de açúcar na xícara do café amargo" - a misericórdia é o açúcar que torna a vida mais doce. A misericórdia abençoa o que dá e o que recebe e partindo desse pressuposto, ver-se como um imperfeito e falho, é fundamental para a possibilidade do oferecimento da misericórdia.

A relação familiar é o palco principal para a prática da misericórdia. Muitos maridos, esposas e filhos são raivosos, duros, implacáveis dentro de casa; mas, não há um perfeito sequer! A mágica da misericórdia no ambiente familiar impede e elimina ofensas, agressões, feridas e separações. Nossa casa é o lugar onde as máscaras saem, onde somos colocados diante de testes diversos e adversos, em que o nosso gênio fica a mostra, aonde a ira, a indignação e a impaciência podem aparecer sem pudor, em que batemos o martelo da nossa justiça caolha e imperfeita sentenciando amargura sobre quem está ao nosso lado, é o lugar onde posamos de superiores, acusadores implacáveis com os que nos rodeiam, como se não cometêssemos os mesmos erros de quem está junto de nós. Até que somos misericordiosos com os de fora frente a situações que nos desagradam, mas com os de dentro ... somos vorazes, impacientes, cruéis - rápidos em apontar o dedo ... e lentíssimos para enxergar o erro próprio. A ausência da misericórdia torna as relações impossíveis de continuarem. Sim, famílias precisam de misericórdia nas relações. Quem sabe ainda dá tempo de aprender a grande lição de que dois minutos de misericórdia tem poder de anular uma briga de duas horas, dois dias, dois meses; todo mundo ganha e a paz vence. Se você é do tipo que leva tudo a ferro e fogo, em especial dentro de casa - pare com isso; coloque umas "colherinhas de misericórdia na xícara da sua vida" - trate o outro como gostaria de ser tratado. Em tempo, misericórdia não é guardar a bronca para mais tarde, fingir gentileza, suprimir a raiva, fazer vista grossa para o erro, mas responder com graciosidade, com amor e paciência, ao invés de amassar e criticar odiosamente o outro. Também lembramos que a misericórdia não promete mudança de comportamento em quem nos chateia, contudo, é uma chance e, nos aproxima de Deus e das pessoas com respeito e perdão. Por fim, acho realmente que a misericórdia só é possível através da presença divina na vida de alguém - só é possível com a presença desse Deus que é a própria fonte inesgotável de misericórdia nas relações.

IGREJA BATISTA DO ESTORIL

57 anos atuando Soli Deo Glória