Conversando com o Bispo

Faça-se em mim segundo a vossa Palavra

Perguntas para dom Sevilha podem ser enviadas para o e-mail: pascom@bispadobauru.com.br É importante colocar nome completo e endereço. Diocese de Bauru: www.bispadobauru.org.br

29/09/2019 | Tempo de leitura: 3 min
Dom Sevilha Bispo Diocesano de Bauru

O que nós chamamos de Evangelização significa colocar amor em um mundo necessitado de amor. O Papa Francisco nos exorta que devemos combater a cultura da indiferença e do egoísmo com a cultura da proximidade, do desejo sincero e concreto de nos ajudar reciprocamente, especialmente, os mais frágeis. Jesus veio para servir e nós, cristãos, desejamos nos colocar à disposição do Espírito Santo para que Ele nos conduza e nos fortaleça no serviço de levar amor, sobretudo, onde não tem amor. Entre nós cristãos, jamais deverá ser dito: aqui quem manda sou eu! Mas, sim, aqui quem mais serve sou eu! Chegaremos um dia a ter no cristianismo uma santa competição para ver quem serve mais? Isso pode parecer poesia ou sonho, mas são sonhos e desejos de Deus e eles se realizam com tremenda força e eficácia, mesmo nas ocasiões pequenas e simples, quando encontram corações abertos e generosos que, como terra boa, acolhem a sua Palavra.

O Papa Francisco tem nos falado com frequência sobre a alegria. De fato, faltando a verdadeira alegria, o mundo moderno aposta desesperadamente no entretenimento, na diversão e na euforia para acalmar ou anestesiar as dores e angústias da alma, o tédio, a tristeza. O falso remédio da alma ou placebo espiritual vem em forma de consumismo, materialismo, drogas lícitas e ilícitas, prazeres desregrados ou em formas mais sofisticadas e refinadas como a busca de sucesso, carreirismo, apego doentio à família, ao culto neurótico do corpo e da aparência, busca de emoções e experiências religiosas malucas...

O remédio verdadeiro que cura as dores da alma não é de fabricação humana e tem origem divina. A composição desse remédio chama-se amor misericordioso de Deus. Na belíssima sequência da festa de Pentecostes, a Igreja milenarmente canta que é o Espírito de Deus, chamado de Doce Hóspede, que se hospeda e preenche a pobre e solitária alma, de paz quando aflita, de doçura quando lida com as amarguras da vida, de calma nas tempestades, de descanso e calor nos momentos gelados da solidão e do abandono. Espírito Santo de Deus, hálito divino, brisa suave e mansa, lavai nossas sujeiras, regai as áreas secas do nosso ser, curai as feridas profundas da nossa alma, dobrai a orgulhosa dureza do nosso coração. Enchei, luz bendita, chama que crepita, o íntimo de nós!

Os Atos dos Apóstolos narram que o Espírito Santo se manifestou em forma de luz, chamas de fogo. Luz que ilumina nossa escuridão. Uma das tentações do nosso tempo é a do pessimismo devido à falta de clareza na compreensão e explicação do mundo que nos rodeia. Primeiro, pelo que me consta, desde que o mundo é mundo, o homem procura compreender e explicar a realidade e não consegue fazê-lo plenamente. Daí a tentação de cair no extremo oposto que é duvidar de tudo, inclusive de Deus, ficando paralisado e angustiado na sua escuridão intelectual e existencial.

É preciso ter confiança no Senhor e abandonar-se nos braços do Pai, deixar-se conduzir por Ele e aconteça o que acontecer, no sucesso ou no fracasso, na alegria ou na tristeza, na saúde ou na doença, repetir todos os dias da nossa vida como o disse e o fez a Mãe de Jesus e nossa Mãe: Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim a vossa vontade!

A fé entendida e vivida como confiança e abandono nos fortes braços do Pai ilumina a alma enchendo-a de alegria espiritual, de esperança teologal, de força, na Graça. Essa pessoa será feliz e verdadeiramente evangelizadora, pois levará as pessoas para Deus e Deus para as pessoas, não somente com ideias ou palavras, mas pela atração do testemunho, ou seja, o modo de ser e viver o dia a dia espalhando o bem com alegria.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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