Wagner Teodoro

Dupla brilhante e geração ofuscada

29/09/2019 | Tempo de leitura: 3 min
JCNET

Houve quem discordou, mas Lionel Messi é hexa. O craque argentino faturou seu sexto troféu de melhor jogador do mundo, superando seu arquirrival português Cristiano Ronaldo, que tem cinco conquistas, e o zagueiro holandês Virgil van Dijk, que ficou em segundo lugar na eleição, que reúne votos de torcedores pela internet, capitães e técnicos das seleções, além de jornalistas de vários países. Messi teve uma temporada fantástica individualmente, mas com desfecho um tanto melancólico pela virada sofrida na Liga dos Campeões frente ao Livepool, de Van Dijk, que saiu de 0 a 3 para 4 a 0 e despachou o argentino e seu Barcelona nas semifinais. Uma frustração imensa, somada a mais uma competição sem títulos pela Argentina, a Copa América. A premiação da Fifa possui, sim, um bom bocado de influência da fama dos jogadores. Messi e CR7 são grifes e puxam votos. Mas o argentino tem bola, além de nome, e o prêmio acaba sendo merecido pelos números dele. Um cara que fez simplesmente 12 gols em 9 jogos na Champions e 34 em 36 partidas no Campeonato Espanhol, além de 22 assistências, tem um impacto absurdo no jogo. Ele foi o principal goleador na Europa. Fora isso, existe o espetáculo que ele traz ao gramado, com sua habilidade fantástica com a bola. Isso em um Barça que não foi exatamente brilhante na temporada.

Os duelistas

Messi volta ao trono de melhor do planeta e retoma um enredo que domina o futebol, exceção do ano passado na temporada de Luka Modric, há mais de uma década: a do duelo com CR7 pelo topo. O placar atual é 6 a 5 para o sul-americano, mas quem duvida que em 2020 estarão lá os dois novamente brigando pelo The Best? E o argentino é consagrado justamente na semana em que Neymar deu uma entrevista rara na qual reconhece erros. O brasileiro, que ultimamente está nos holofotes muito mais pelo noticiário fora dos gramados, até mesmo policial, fala em falhas sem citá-las, comenta sobre a dificuldade de recuperar a confiança das pessoas e, em determinado momento, solta a singela afirmação: "Eu quero ser o melhor jogador do mundo. Simples assim". Bola teria para isso, mas precisaria voltar a jogar futebol e mostrar uma mudança comportamental, de atitude. Os "veteranos" Messi, 32 anos, e CR7, 34, estão aí e são tão dominantes que vemos algo raro, ambos ofuscam toda uma geração que vem a seguir cheia de jogadores diferenciados. O Brasil não tem um melhor do mundo desde Kaká, em 2007. E se Neymar sonha alcançar o "Olimpo", terá que superar a dupla genial, que já mais que provou ter talento, comprometimento e respeito ao jogo.

A fila está andando

O brilho, o protagonismo e a longevidade no mais alto nível de Messi e CR7 são tão impressionantes que, além de Luís Suárez, Franck Ribéry e Arjen Robben (já aposentado), por exemplo, que são da mesma geração e já "trintões", eles ofuscam e sobrepujam nomes do quilate de Neymar, Sadio Mane, Mohamed Salah, Paul Pogba, Virgil van Dijk, Eden Hazard, Harry Kane e Antoine Griezmann, todos na casa dos 26, 27, 28 anos e, portanto, em seus auges. São jogadores que se tornam coadjuvantes perante a dupla. O que pode ocorrer é o status "melhor do mundo" pular toda uma geração de atletas extremamente talentosos tal o fenômeno CR7/Messi. Até porque a fila anda e outra geração, com caras de 20 anos ou menos, sedenta de glória, chega, liderada pelo prodígio Kylian Mbappé e que conta com os prospectos Jadon Sancho, Matthijs de Ligt, Frenkie de Jong, Kai Havertz, João Félix, Lautaro Martínez, Vinicius Junior… O desejo de Neymar é simples, mas concretizá-lo nem tanto.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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