Reflexão e Fé

Eu vou ser lixeiro

Hugo Evandro Silveira Pastor Titular - Igreja Batista do Estoril. E-mail: hugoevandro15@gmail.com

01/12/2019 | Tempo de leitura: 3 min

Rafael estava na aula da faculdade quando o professor querendo desenvolver consciências filosóficas perguntou: "Quem você é?". Cada aluno deveria expressar em poucas palavras uma resposta á essa pergunta. Em geral os alunos deram respostas relacionadas a profissão e capacitação: "sou um estudante", "sou um esportista" e etc. O professor aprofundando a reflexão acrescentou: "pessoal, o eu sou de hoje é o mesmo 'eu sou' de dez anos atrás?" - Isso 'bugou' todo mundo, a maioria queria entender onde o professor queria chegar com essa provocação. Então o professor começou a explicar conceitos de existência, de percepção e compreensão, em que o perceber-se pode acontecer na faixa de 5 e 6 anos, mas o compreender, talvez um adulto de 50 anos ainda não saiba responder; fato é que boa parte das pessoas não possuem uma compreensão exata de quem seja e geralmente respondem o que fazem: "quem você é? - eu sou um engenheiro!". Nisso Rafael levantou a mão pedindo para responder: "professor, eu respondo essa pergunta do mesmo jeito desde quando eu tinha 7 anos - 'eu sou filho de Deus, salvo pela graça de Jesus Cristo' - há 20 anos respondo do mesmo jeito!". Nitidamente o professor incomodou-se com a resposta de Rafael e concluiu que esse tipo de solução, no âmbito da fé, até pode ser aceitável, mas de forma simples e rudimentar.

Rafael havia recebido esse princípio de quem ele era, com muita clareza, de seus pais. Logo pequeno aprendeu de seu pai o seguinte valor: "Filho, seja um lixeiro, mas seja um lixeiro filho de Deus, um lixeiro de Jesus Cristo". Logo, já no jardim da infância Rafael começou a dizer para os amiguinhos: "Eu vou ser um lixeiro". Entretanto com o passar dos anos Rafael começou a compreender o valor do dinheiro e que um lixeiro não ganha tanto assim conforme suas ambições de adolescente, até que um dia chegou ao seu pai e questionou: "Pai que história é essa de eu ser lixeiro, afinal nenhum dos meus amigos querem ser lixeiro? Com todo respeito ao ofício de lixeiro, mas todos os meus amigos desejam profissões de alta rentabilidade, mesmo que não consigam" - Nisso o pai explicou que seu enigma não tinha a pretensão de colocar sobre o filho nenhuma expectativa a respeito de uma profissão específica, mas a conexão do seu ensino, independente de uma profissão, era que Rafael fosse um filho de Deus, desenvolvendo em sua vida características de um discípulo de Jesus nesse mundo. O que o pai de Rafael queria ensinar ao filho era qual fosse a profissão, a identidade de seu filho deveria ser bem definida como um seguidor dos princípios de Jesus nessa vida. Fosse Rafael um lixeiro, engenheiro, pedreiro, médico, professor, empresário, esportista campeão, não importa, o que o definiria 'essencialmente como sua existência de ser' seria a sua identidade em Cristo. Justamente por isso é que o apóstolo bíblico, para o espanto de muitos anunciou: "não mais eu vivo, mas Cristo é quem vive em mim; e a vida que agora vivo nesse corpo, vivo pela fé no Filho de Deus" (Gálatas 2.20).

Na contemporaneidade muitos pais oprimem seus filhos colocando sobre eles cargas e alta expectativa quanto a formação profissional; todavia pouco investem na formação do ser moral e espiritual. O pai do Rafael estava certo, fosse o que fosse profissionalmente, seu filho como essência de existência, deveria ser um moço de Deus, um filho de Deus, um cristão genuíno. Então, quem é você? Tendo como essência os princípios de um filho de Deus em si, uma mulher, um homem, será melhor profissional, melhor cônjuge, melhor pai, mãe, melhor cidadão, independente de qual seja a circunstância da vida. Naquela aula da faculdade talvez os colegas de Rafael não tenham compreendido direito sua resposta, já o professor, mesmo não dando o braço a torcer entendeu que o que definia Rafael, desde os 7 anos, não era a sua profissão, mas a sua identidade de filho, um filho de Deus.

IGREJA BATISTA DO ESTORIL

CELEBRAÇÃO PÚBLICA: Domingo 19h

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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