Wagner Teodoro

Noroeste formador

12/01/2020 | Tempo de leitura: 3 min

A participação do Noroeste na Copa São Paulo de Futebol Júnior terminou na primeira fase. Jogando em casa, o time bauruense encerrou sua jornada com uma vitória sobre o Visão Celeste e duas derrotas, frente ao Novorizontino e Botafogo-RJ. Nada do que se envergonhar, porque, mesmo sem mostrar um futebol vistoso, teve reais chances de classificação à segunda fase. Diante do time carioca criou muito, só não conseguiu converter em gol. Se… Mas, enfim, o clube de Novo Horizonte e o Alvinegro garantiram as duas vagas da chave bauruense. Em se tratando de um campeonato tão intenso e, de certa forma, imprevisível como a Copinha, a análise do resultado também requer cuidado. Em jogos de mata-mata dia sim, dia não, a campanha nem sempre reflete o trabalho que os clubes realizam.

E é justamente no trabalho e não no resultado que o Noroeste deve concentrar seu esforço no pós-Copinha. Até para não ficar sem disputá-la novamente por tanto tempo como os quatro anos que levou para voltar à principal competição de base do País. O Norusca deve usar o desempenho digno, para uma preparação de menos de três meses, na Copa SP como largada para um trabalho duradouro, buscando parcerias e a fundamental continuidade das categorias de base. Sim, o desafio é grande. Sem dinheiro não se forma e investidores não sobram por estas bandas.

Título não é garantia

Mais do que o desempenho, criticado por muitos nas redes sociais, o Norusca precisa buscar estruturar de maneira satisfatória sua base para revelar jogadores que possam refoçar sua equipe de cima, como já fez em um passado não tão distante. Até porque resultado, título na base, apesar de bem-vindo, não significa talentos no profissional. O Noroeste terá uma base forte não pelo número de taças que conquistar, mas pela quantidade de jogadores revelados que atuem em bom nível no time principal ou negociados, gerando receita para o clube e dando retorno do investimento alvirrubro.

Por isso, também é imporante que o clube tenha um percentual nos atletas que envergam sua camisa, mesmo que haja vínculo com empresários investidores.

Após a partida que decretou a eliminação noroestina na Copinha, diretoria e comissão técnica deixaram explícito o desejo de dar continuidade ao trabalho e ampliar as categorias da base alvirrubras. Uma boa transição entre as equipes menores e o profissional pode ser uma das soluções para um clube tão endividado no médio prazo.

Certificado

O Noroeste, se quer crescer e fortalecer sua base, precisa trabalhar no intuito de conseguir o Certificado de Clube Formador (CCF). Um documento que, por exemplo, o Novorizontino, que veio a Bauru e mostrou um time muito organizado, já tem. Para isso, é preciso atingir o que o documento, que tem base na Lei Pelé, exige.

São normas com critérios técnicos, médicos, educacionais, desportivos e de infra-estrutura. Em um país onde o campeão brasileiro e da Libertadores teve uma verdadeira tragédia em sua base, com incêndio que vitimou vários jovens no ano passado, o CCF não é uma garantia, mas um indicativo de um trabalho sério e estruturado na formação de futuros jogadores.

Se o Noroeste planeja ter uma base robusta, o selo concedido pela CBF chancela a estrutura adequada para os jovens que confiam seu futuro ao clube e também assegura ao formador o direito de receber porcentagens em negociações posteriores de seus ex-jogadores, além da certeza de que atletas apenas saiam mediante indenização. Para buscar o certificado, é necessário planejamento e execução. O que requer estabilidade no trabalho com a garotada.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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