Wagner Teodoro

Querido Kobe

28/01/2020 | Tempo de leitura: 3 min

Eu o escolhi e o chamei quando você era um garotinho e começou a sonhar comigo usando as meias enroladas do seu pai como bola para marcar os pontos "decisivos" na lata do lixo no canto de seu quarto. Eu o escolhi porque sabia que você era o cara certo para a missão. Eu lhe dei dois fardos que somente um predestinado como você carregaria com tamanha desenvoltura. A responsabilidade de liderar a principal franquia da NBA, o Los Angeles Lakers, elevando-a ao topo novamente, dando sequência ao legado de Magic Johnson. Mas fiz mais, eu lhe encarreguei de ser o "nome" da liga após a aposentadoria de Michael Jordan. Você teve a incumbência de ser o principal jogador do mundo, sucedendo o legado de "Air Jordan" e foi a cara da NBA no momento em que as redes sociais massificaram de vez a repercussão de tudo o que ocorre no esporte. Você foi a face da era da globalização da NBA. Eu, repito, sabia que você se sairia bem. Mas você superou as minhas expectativas.

Demolindo adversários sem piedade, pulverizando estatísticas e recordes, você transformou os arremessos imaginários de vitória da infância em realidade em ginásios lotados. Com alma e coração, conquistou cinco anéis de campeão, troféus de MVP da temporada regular e das finais, além de dois ouros olímpicos. Anotou mais de 33 mil pontos em 20 anos nas quadras. Foi o único que aposentou duas camisas quando parou de jogar, a 8 e a 24. Com seu estilo plástico, arremesso letal, dedicação na defesa, explosão muscular, confiança inabalável e liderança nata, você desafiou muitas vezes as leis da física, protagonizando lances inacreditáveis. Nenhuma partida, nenhuma bola nunca estavam perdidas. Incansável e invencível, você ganhou até outro troféu, o Oscar, pela mensagem de despedida das quadras que me enviou em forma de curta-metragem e que lhe respondo agora.

Mas você fez mais. Do garotinho sonhador até se tornar a letal Black Mamba, você escreveu uma história de determinação e persistência. O sucesso regado a suor e inegável talento. Mas também por obsessão pela perfeição, traduzido em respeito ao trabalho, treinos infindáveis e mentalidade vencedora inquebrantável. De errar, mas buscar o desenvolvimento sempre. Porque, para você nada menos do que o máximo era aceitável. Sua influência no jogo extrapolou as quatro linhas que demarcam uma quadra de basquete e inspira a todos que buscam a centelha da vitória em qualquer área. Um exemplo de correntes de atitude positiva, alma e disciplina que desaguam em glória. Você cativou corações e mentes ao redor do mundo. Suas conquistas, minhas conquistas.

Afirmo que você fez de sua inspiração a realização que influencia novas gerações. Como você mesmo disse, "existe um poder em entender a jornada dos outros para ajudar a criar a sua". Este é seu verdadeiro legado. Inspirar. Agora que o verdadeiro fim do túnel chega, eu devo também deixá-lo ir e dizer que o amor é recíproco. Os holofotes estão se apagando, mas quero lhe agradecer por tudo o que fez por mim e dizer-lhe que o seu legado será imortal.

Assinado, Basquetebol

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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