Conversando com o Bispo

A Igreja é a família de Deus

Perguntas para dom Sevilha podem ser enviadas para o e-mail: pascom@bispadobauru.com.br É importante colocar nome completo e endereço. Diocese de Bauru: www.bispadobauru.org.br

02/02/2020 | Tempo de leitura: 3 min
Dom SevilhaBispo Diocesano de Bauru

Muitos fiéis vão à Igreja como se ela fosse uma loja onde eles vão buscar algum "produto espiritual" de que necessitam. Alguns leigos, líderes na Igreja, infelizmente, podem cair na tentação de se sentirem donos da "loja" e, inconscientemente, tratar os fiéis comuns como clientes inconvenientes.

A Igreja não é uma loja onde você vai quando lhe interessa e depois desaparece. A Igreja é a sua família espiritual e você é membro dessa família. Se cremos que Deus é nosso Pai somos, portanto, irmãos e irmãs. Todo cristão deve se perguntar: Eu amo a minha família espiritual que é a minha Igreja? O que estou fazendo, concretamente, pela minha Igreja?

Alguns líderes que se sentem "donos" da Igreja precisam de humildade e conversão, pois dificultam a entrada e participação de novos fiéis na Comunidade Eclesial. O Papa Francisco deseja que a Igreja seja sinodal, isto é, que todos nós, batizados, caminhemos juntos, iguais em dignidade, embora amplamente diversificados nas várias vocações, carismas, ministérios, dons, serviços e funções.

O Papa não é o dono da Igreja, o bispo não é o dono da Igreja, nem o padre, muito menos o seu fulano ou a dona sicrana. O único dono e Senhor da Igreja é a Trindade Santíssima. Quem ama a Deus, ama também a família de Deus, isto é, a sua Igreja. É mentiroso "quem diz que ama a Deus que não vê e não ama o irmão que vê" (1Jo 4,20).

Como em uma família, cada membro tem uma missão específica para desempenhar: pai, mãe, filhos, sogra... Também na nossa família espiritual temos as várias vocações e funções, sempre na obediência ao chamado de Deus. Ele é o Senhor e nós somos, somente, instrumentos nas mãos do Pai para a construção do Reino de Deus.

Em todo caso, a maioria dos cristãos não está pecando por excesso de zelo, pelo contrário, hoje o grande pecado é o da omissão, fruto do comodismo e do exacerbado individualismo. A Igreja é essencialmente familiar, comunitária, por isso, no início da missa, as primeiras palavras que dizemos, expressando a motivação pela qual estamos ali reunidos, são: "Bendito seja Deus, que nos reuniu no amor de Cristo". O amor de Cristo nos reúne, não somente dentro da Igreja na hora da oração, mas Ele quer nos reunir no amor e no bem em todos os lugares, com todas as pessoas e com toda a natureza. Essa é a missão fundamental da Igreja: reunir todas as coisas em Cristo.

Seu amor à Igreja deve manifestar-se, conforme as qualidades e dons que Deus lhe deu, em ações concretas: ser voluntário em algumas das inúmeras atividades da sua paróquia, auxiliar na catequese, na música, nas obras sociais, colaborar com a manutenção material da sua Igreja (você é dizimista?). Enfim, conhecer melhor e amar cada vez mais a maravilhosa família espiritual que Deus lhe deu, que é a sua Igreja.

A Igreja não é somente uma instituição humana com uma causa nobre, ela não é uma ONG, ela é muito mais do que tudo isso, a Igreja é o lugar onde nos encontramos com o Pai que nos acolhe, o Filho Jesus que é o nosso "caminho, verdade e vida" e o Espírito Santo consolador e iluminador que nos fortalece na luta da vida. Encontrando-nos com o Pai, consequentemente, encontramo-nos com nossos irmãos e irmãs e, assim, a ciranda da Trindade se completa, na presença dos anjos e dos santos, todos juntos, céu e terra, unidos a todas as criaturas proclamamos a uma só voz: Santo, Santo, Santo!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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