Conversando com o Bispo

Não se desespere

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16/02/2020 | Tempo de leitura: 3 min
Dom SevilhaBispo Diocesano de Bauru

Creio que uma das maiores angústias do ser humano seja a sensação de desespero. Alguém chega ao desespero ao sentir-se totalmente impotente diante de uma situação e não ver possibilidade alguma de sair dela. É o fundo do poço, o túnel sem saída, é o fim da linha.

Todos nós, de alguma forma, já passamos por alguma situação de desespero. Geralmente, não sabemos como conseguimos sair dela e hoje, olhando para trás, podemos enxergá-la de modo bem diferente de como a enxergávamos no momento em que ela estava acontecendo.

Uma das características do desespero é julgar que aquela situação difícil não terminará nunca e, além disso, a imaginação tende a agigantar o problema tornando-o muito maior do que realmente ele é. As pessoas mais imaturas ou com algum tipo de fragilidade emocional sofrem mais.

Jesus propõe que nos ajudemos (amemos!) uns aos outros. Se cada um, além de se esforçar para cuidar bem de si mesmo, procurasse também cuidar do outro, o nosso mundo estaria bem melhor. O problema é que nós estamos cuidando muito mal de nós mesmos e, claro, muito menos dos outros. Consequentemente, campeia a indiferença. Egoísmo e indiferença são irmãs gêmeas siamesas.

Sem abertura para o amor de Jesus entre nós, o sofrimento aumenta e muitos chegam ao desespero. Nós católicos, iniciamos a missa com estas significativas palavras: "Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo". Infelizmente, para alguns cristãos, essas são palavras jogadas ao ar, pois elas não correspondem com a realidade vivida por eles. Se, de fato, estivéssemos reunidos no amor de Cristo, não haveria ao nosso redor tantas pessoas sofrendo ao ponto do desespero.

Nós cristãos devemos testemunhar sempre a esperança. Para quem tem fé o poço sempre tem um fundo, há sempre uma saída no final do túnel e o fim da linha é o infinito amor do nosso Pai que é, além de tudo, o Todo Poderoso. A nossa cultura atual rejeita Deus, afasta-se do Pai e, por isso mesmo, faz com que muitos se sintam na vida como órfãos abandonados, enxergando os demais como outros igualmente abandonados e até rivais. E desesperam.

A beleza da fé consiste no fato de que ela nos tira do abandono e da solidão. Aconteça o que acontecer, por pior que seja a situação, o cristão tem certeza absoluta de que ele não está sozinho, ele sabe que Deus é fiel ao seu amor e que Ele sempre estará presente, mesmo quando não enxergamos, mesmo quando não sentimos, mesmo quando não entendemos nada. Na mais profunda escuridão da noite, a luz da fé conduz a alma pela mão até a pequena luz da madrugada começar a se aproximar. O sol sempre nasce.

Creio que o problema fundamental do homem moderno seja a falta de fé profunda. Não se apoiando no infinito amor misericordioso de Deus, o homem moderno apoia-se, inicialmente, em si mesmo, em seguida procura apoio nas pessoas, nas circunstâncias, nas coisas materiais, enfim, nos ídolos e, fatalmente, se decepciona ao ver seu mundo de falsos deuses ruir e então, desespera.

Aqui entra a missão da religião, a qual procura ser uma mão estendida, ou melhor, ser um coração aberto para que o amor do Coração de Deus acalme, levante e restaure os pobres corações desesperados. Jamais se desespere, segure nas mãos de Deus e vai!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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