Reflexão e Fé

O País das contradições

Hugo Evandro Silveira Pastor Titular - Igreja Batista do Estoril. E-mail: hugoevandro15@gmail.com

23/02/2020 | Tempo de leitura: 4 min

Vivemos em um país de contradições; o Brasil é um lugar que fabrica ilusões em meio aos mais terríveis dramas. Perdoem-me os que gostam, contudo, o Carnaval é uma dessas ilusões do êxtase na rua, mas da tristeza relacional dentro de casa; do trio elétrico abarrotado na avenida, porem com solidão no lar; de ruas ornamentadas versus a desordem social; da harmonia na Escola de Samba e desarmonia na família. Esse é o nosso país, que das cinzas recria a cada ano uma festa de ilusão sem sentido para novamente voltar as cinzas na quarta feira. Brasil, o país 'expert' em criar ilusões, afinal, dizem, "precisamos nos divertir!".

Alguém já disse: "Uma terra tão frutífera padece pelo povo que tem. Façamos uma troca, transfira os 210 milhões de brasileiros lá para o Japão, de solo improdutivo, 80% montanhoso, com vulcões, separados em mais de 6 mil ilhas, leve essa gente toda para lá e, traga os 128 milhões de japoneses aqui para o Brasil, esse paraíso continental. Daqui há 50 anos veremos o que acontecerá lá e cá". Com todas as dificuldades geográficas o Japão é a terceira maior economia do mundo em PIB nominal e a quarta maior em poder de compra. É o quarto maior exportador e o quarto maior importador do mundo, membro do G7. O Japão é como uma imensa fábrica flutuante, que importa matéria-prima do mundo inteiro, aplica tecnologia e exporta seus produtos manufaturados de volta aos quatro cantos da terra. O fato é que quando se analisa o comportamento das pessoas dos países desenvolvidos, como a do Japão, observa-se claramente que não há folia ou prazeres coletivos efêmeros, mas prioritariamente envolvimento de toda a população no respeito aos fundamentos basilares da ética, integridade, responsabilidade, compromisso cívico e pelo direito do outro e, sobretudo, dignidade no trabalho e produção.

Já por aqui, dizem que o país só começa a funcionar depois do carnaval! Um país iludido, perdido em contradições. A maioria da população ganhando um salário mixuruca incapaz de suprir as necessidades mais básicas, contudo ainda assim continua alienada no Carnaval, da alegria utópica, regada a drogas, álcool, violência, sexo ilícito, libertinagem, bacanais e gastança, enquanto que ao mesmo tempo milhares dos nossos morrem por falta de vaga nos hospitais públicos.

Acredito que a verdadeira alegria de um povo não cabe nas passarelas da ilusão; mas nasce no coração e na harmonia de uma vida equilibrada em corpo, alma e espírito. A alegria não pode ser gerada ocasionalmente em quatro dias de desordem e euforia. Isso não existe! Uma alegria verdadeira passeia pelos corredores da vida e faz da existência inteira uma grande celebração. A alegria verdadeira, enraizada na alma dispensa fantasias e ilusões. Por isso, a alegria de uma pessoa não pode depender da agenda dos carnavais.

Por fim, há um texto na Bíblia que diz: "[...] os que se entregam à prática das obras da carne: bebedeiras, orgias, prostituições e impurezas, não herdarão o Reino de Deus" (Gálatas 5.19-21) - ou seja, além de ser uma festa antagônica a ordem do equilíbrio, ainda por cima, há um aviso divino de condenação a esse tipo de festa da carne. Muito mais que folia de rua, precisamos de esperança, de lares restaurados, de jovens sem drogas, da paz vencendo a violência, de dignidade na mesa do brasileiro, de emprego e educação, de justiça e segurança, de gente honesta no comando do país, de uma mídia sem o discurso do engano, do triunfo da felicidade sobre a ilusão e, acima de tudo do amor de Deus nos corações. Por isso mesmo, a felicidade não pode ser apenas por quatro dias. De tão grande, a verdadeira alegria não cabe nos corredores do samba; e de tão necessária, ela precisa desfilar por todos os dias do ano, todos os dias da nossa vida. Essa felicidade, que não é apenas coreográfica e fugaz, é gerada com a presença de Deus em um coração que deixa de ser iludido. Com Deus presente, de verdade, a existência vira uma grande festa que não cabe na gente; é uma alegria que transcende as circunstâncias e que continua para muito além da quarta feira.

HORÁRIOS DAS CELEBRAÇÕES:

Domingo: 09h30 Escola Bíblica / 19h Culto de Celebração

Terça: 14h30 Culto da Tarde / 16h Curso de Artesanato

Quarta: 20h Estudo Bíblico

Sábado: 20h Adolescentes / Jovens

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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