Entrevista da semana

Jovem talento a serviço do rap

LuIs Felipe Carrion
| Tempo de leitura: 5 min

Em meio aos vários cantores e produtores que compõem o cenário do rap norte-americano, um brasileiro vem ganhando espaço. É João Victor Alba Duarte, o JD On Tha Track, de 22 anos. O nome artístico vem de uma mistura entre o nome verdadeiro e uma inspiração no produtor K. E. On The Track.

Nascido em Barueri, ele passou parte da infância em Osasco até vir morar em Bauru, de 2005 a 2006. Durante o período na cidade foi que começou a descobrir os artistas de rap. Já em 2012, quando morava em Vinhedo, começou a produzir conteúdo musical pela Internet.

Atualmente, ele reside em Atlanta, nos Estados Unidos, trabalha com nomes conhecidos no mundo do rap, como Polo G, Lil Tjay, Jay Critch, e já ganhou prêmios importantes.

JD On Tha Track, que passou o Carnaval com parte da família em Bauru, visitou o JC acompanhado da mãe, Sandra Nascimento Alba Duarte, do tio, Osni Nascimento Alba, e da avó, Maria Conceição Alba. Conversamos com ele para entender de onde vem a paixão pelo rap e como conseguiu chegar ao status que tem atualmente. Confira alguns trechos da entrevista:

JC: Como começou seu amor pela música e pelo rap?

JD On Tha Track: Sempre tive amor por escutar música. Mas, pelo rap, por volta de 2005, mais ou menos, quando eu conheci o som do Eminem. Daí em diante, eu passei a descobrir vários outros, como 50 Cent, Akon, Chris Brown. Fui ouvindo e conhecendo cada vez mais. Eu sentia a música. Sentia o beat. Sentia que eles estavam fazendo a "parada" de coração e não fazer por fazer.

JC: Suas lembranças de Bauru são dessa época?

JD On Tha Track: 2005 foi quando cheguei em Bauru e estudei no Colégio São Francisco de Assis. Minha principal lembrança é aquela região onde morei. Eu sempre andava de bicicleta por ali, perto do estádio do Noroeste.

JC: E como surgiu a oportunidade de você ser produtor e trabalhar com música?

JD On Tha Track: Foi por volta de 2012. Eu queria fazer parte desse processo de criação de música. E estava procurando por um programa que eu pudesse fazer isso. Foi então que achei o Fruity Loops, que é o que eu uso até hoje. Achei esse programa, comecei a usar e aprender tudo sobre ele. Ficava todos os dias, dia e noite, mexendo no programa e procurando aprender. Esse programa é usado para criar os beats (parte instrumental da música). Meu interesse por começar a fazer isso foi quando eu estava ouvindo um álbum do Wiz Khalifa na Internet e eu via "produzido por fulano". Eu via o nome dos caras e queria que meu nome estivesse ali. Eu queria fazer parte disso.

JC: Daí em diante como você foi subindo na carreira como artista?

JD On Tha Track: Não foi tão simples assim. Eu continuei trampando e fui procurando por artistas para trabalhar e produzir para eles. Comecei pelos de baixo, de Chicago. Aí cheguei nos grandes de Chicago. Daqui do Brasil eu fazia tudo. Usava muito o Twitter. Pegava o Twitter e o e-mail dos artistas e enviava meus beats. Aí eles usavam e lançavam. Mas, nunca chegaram a me pagar. Eu fazia por amor. Eu continuei fazendo assim por um bom tempo. Aí, depois disso, fui crescendo e produzindo para uns caras de mais conhecimento.

JC: Foi fácil os artistas darem um retorno?

JD On Tha Track: De um deles sim, que estava crescendo. Ele me mandou uma mensagem e perguntou "qual o seu número"? É o Fat Trel. Ele é de Washington. Ele foi um dos primeiros que pediu meu número. E aí a gente começou um contato. Eu estava produzindo muitas músicas para ele. Ele me ligou, falamos um pouco e a partir daí só continuou. Fui crescendo a partir disso também. Falando com vários outros de Washington, de Chicago.

JC: E como surgiu a chance de você ir morar nos Estados Unidos?

JD On Tha Track: Foi depois que eu produzi uma música. Do Polo G e do Lil Tjay "Pop out", que ganhou disco de ouro (em maio de 2019). Depois disso, começaram a surgir várias oportunidades de gravadoras me oferecendo contratos. Aí eu assinei com a Sony e fui. Mas, eu fui para assinar, voltei porque tinha que aguardar muita coisa e aí depois fui morar. Vai fazer seis meses que estou lá. Fui em agosto de 2019.

JC: E como é sua vida nos Estados Unidos?

JD On Tha Track: Todos os dias, estúdio. A minha rotina lá é essa. Às vezes, quando precisa ir ao mercado, eu vou. Por exemplo, sabonete. Só nessas ocasiões eu vou para o mercado e compro alguma coisa. Mas, se eu não estou no estúdio, estou em casa fazendo e sempre procurando subir. Porque eu não estou satisfeito onde estou agora. Você quer sempre mais. Eu quero muito mais. Estou trabalhando para atingir meus objetivos.

JC: Contratado pela gravadora você ainda tem contato direto com os artistas?

JD On Tha Track: Sim, tenho. Continua o contato sendo o mesmo. Só que o que eles podem fazer é marcar uma sessão de estúdio com um rapper ou produtor para mim, aqueles que acabaram de assinar. Ou com algum que eu queira e eles talvez possam fazer acontecer. Tipo essas coisas assim.

JC: Você vem ao Brasil visitar seus pais?

JD On Tha Track: Eu estava sentindo muita falta e falei que precisava voltar ao Brasil para passar pelo menos um período aqui. Nunca achei na minha vida que iria sentir tanta falta do Brasil. Porque se você me conhece fala que vou sair e nunca mais vou voltar. Você sente falta não só da família, mas de estar aqui. Pretendo vir a cada seis meses.

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