Contexto Paulista

O futuro das cidades na visão de especialistas

Esta coluna, publicada pela associação Paulista de Jornais pode ser lida e atualizada em www.apj.inf.br - Publicação simultânea nos jornais da Rede Paulista de Jornais, formada por este jornal e outros 13 líderes de circulação no Estado de São Paulo

01/03/2020 | Tempo de leitura: 3 min

Quanto pode crescer uma cidade em tamanho e em habitantes? Do que depende? Que papel os carros terão nas cidades nas próxima década? Como abordar o turismo para evitar a ruína das cidades? Essas perguntas foram respondidas a um questionário enviado pelo site internacional ElPaís a quatro especialistas globais. A coluna Contexto Paulista resume aqui as ideias de dois deles, o arquiteto britânico Norman Foster, ganhador do cobiçado Prêmio Pritzker de 1999, e Nicholas Negroponte, cofundador do MIT Media Lab.

O tamanho da cidade

Norman Foster - É difícil colocar um limite máximo para uma megacidade. A maior, Tóquio, com uma população que supera os 38 milhões de habitantes, proporciona boa qualidade de vida e é uma das regiões mais prósperas do mundo. Há dois aspectos fundamentais que determinam o sucesso de uma cidade: um investimento adequado e contínuo em infraestruturas como transporte público e outros serviços para se adaptar ao ritmo de crescimento da população.

Nicholas Negroponte - Não acho que exista um limite de tamanho. Supondo que uma megacidade do futuro possa ter um limite nítido deveria, em teoria, poder abrigar 100 milhões de pessoas. A partir daí, a razão para não crescer mais seria a distância entre elas. Poderiam estar perto demais.

Segurança e sociedade

N. F. - Há muitas formas sutis de fazer com que um lugar se torne mais seguro que não representam a criação de um limite rígido. Por exemplo, os bairros de uso misto fomentam um âmbito público ativo, criando uma situação na qual sempre há "olhos na rua", o que torna muito menos atrativo para as atividades antissociais. Nossos projetos para a sede da Bloomberg na City combinam de modo inovador elementos de segurança com arte pública e paisagismo para criar um espaço público humanos e habitável. A "pedestrização" de espaços importantes também proporciona uma discreta proteção contra atentados com carros e caminhões, e melhora a qualidade de vida.

N. N. - Conseguir uma segurança elevada não está tão relacionado com as cercas e com o tecido da cidade como com a privacidade e a identificação. A solução a longo prazo é a educação. A solução a médio prazo corre o risco de ser orwelliana, mas isso já somos em muitos aspectos.

O futuro dos carros

N. F. - O carro consome muito espaço, em 95% do tempo não é utilizado. Caminhar, deslocar-se de bicicleta e um transporte público bem planejado oferecem um uso mais eficiente do espaço. É importante criar um urbanismo de uso misto. Em alguns países os jovens têm menos obsessão por obter o documento de habilitação do que a geração anterior, já não têm a necessidade de ter seu carro, e "consomem mobilidade como serviço". Conforme evolui a tecnologia, veremos limites cada vez menos nítidos entre os diferentes meios de transporte. Com o tempo serão mais limpos, silenciosos e provavelmente em menor número. Isso melhorará a qualidade de vida urbana, com ruas menores e praças e parques maiores.

N. N. - Que função terão os carros no futuro? Nenhuma. Não vai haver carros da forma que conhecemos atualmente. Vai haver cápsulas para transportar pessoas e entregar mercadorias, mas não motoristas como você e eu. Um documento de habilitação é como uma licença de portar armas.

Turismo e população local

N. F. - É uma questão difícil, e não tenho uma resposta mais rápida do que destacar que, historicamente, as cidades têm resistido e têm passado por mudanças significativas ao longo do tempo. É provável que a revolução no transporte crie mais oportunidades de "pedestrização" que reduzam o congestionamento provocado pelas multidões de turistas.

N. N. - Simples, se adaptam os impostos dos imóveis a seu valor líquido, não apenas ao valor do terreno ou da construção. A entrada dos turistas sem dúvida é boa para a economia local.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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