Reflexão e Fé

Prevenção ao autoextermínio

Hugo Evandro Silveira Pastor Titular - Igreja Batista do Estoril. E-mail: hugoevandro15@gmail.com

15/03/2020 | Tempo de leitura: 4 min

Não é setembro amarelo, mas o suicídio continua sendo um problema de saúde mundial. Em tempos de pandemia do Covid-19, outros danos continuam minando histórias promissoras de vida. Apesar das novas catástrofes que surgem, não podemos deixar de conversar sobre o desespero do autoextermínio que continua apavorando quando se manifesta. As estatísticas do número de pessoas que cometem suicídio incentivam-nos a considerar o assunto em nossas rodas de conversa, em nossos grupos específicos, aqui nessa coluna dentre outros. Os números apresentados pela OPAS/OMS (Organização Pan-Americana de Saúde / Organização Mundial de Saúde) são impactantes: ocorrem 800 mil suicídios por ano no mundo; 65 mil dos 800 mil acontecem nas Américas; a cada 40 segundos uma pessoa se suicida; o suicídio é a segunda causa de morte entre os jovens de 15 a 29 anos; 79% dos suicídios acontecem em países de baixa e média renda; Ingestão de pesticidas, enforcamento, automutilação e armas de fogo são os principais métodos utilizados. Urgentemente, trabalhar sério para coibir e evitar essas mortes é tarefa de todos. Certamente para buscar uma compreensão melhor deste assunto, é importante livrar-nos dos estigmas, procurando entender toda a complexidade que envolve esse assunto. Desde o século V a Igreja passou a considerar o suicídio pecado, um crime até. Hoje com afeto, acolhimento, misericórdia, maturidade e a graça de Deus devemos tratar desse assunto com amor e compaixão. Sabemos que são vários os fatores que levam uma pessoa a uma decisão séria como essa: depressão, abuso de substâncias psicoativas, alcoolismo, opressão psicológica, financeira e social, bullyng, desigualdade social, competividade, individualismo, famílias desestruturadas e disfuncionais, frustrações, fatores religiosos e socioculturais, doenças crônicas e etc. O indivíduo que está buscando a morte se percebe vivendo miseravelmente, incapaz de compreender suas dificuldades; muitas vezes ele não quer ser um problema para a família e desiste da vida por não ser ver apto as mudanças. Por outro lado há o preconceito social, a vergonha de procurar ajuda de um profissional psiquiátrico e com isso os sintomas deixam de ser expostos e perde-se a oportunidade de um tratamento adequado. O suicídio, assim como tentativas de suicídio se tornam uma tragédia pessoal, familiar e social. Por isso é preciso analisar a situação de um indivíduo que apresenta comportamento propenso a tristeza e sofrimento. Pessoas assim sofrem com dor na alma, com uma angústia imensurável, vivem uma existência insuportável, alimentam um sentimento de rejeição; contra tudo isso é necessário muito amor, atenção, reconhecimento, diálogo e paciência porque uma pessoa propensa ao autoextermínio se reconhece como a escória da sociedade, um resto, dejeto, um nada que não precisa mais existir. Estudos mostram que os grupos mais vulneráveis ao suicídio são os homens, jovens e maduros, adolescentes e até povos indígenas. Mulheres superam os homens na tentativa, mas não no ato em si, elas tentam três vezes mais que os meninos. O crescimento de tentativas nos jovens de 15 a 24 tem chamado a atenção dos profissionais e os motivos de sofrimento em geral são as mudanças indesejadas no corpo, dificuldade de lidar com as frustrações que começam a surgir na vida jovem, desapontamentos e impulsividade. É chocante perceber que, com pouca idade, indivíduos já perderam a fé, a esperança e o amor, em contraste o grande apóstolo Paulo ensina que justamente são essas três coisas que nos deveriam levar bem até a consumação de tudo, "... a fé, a esperança e o amor, Porém, a maior delas é o amor." (I Coríntios 13.13). Enfim, o foco na solução desse problema de saúde pública deve estar na prevenção - durante todo ano - e todo cuidado é pouco com quem possui tendências a esse mal; devemos estar atentos a manifestações emocionais que requerem tratamento, como a depressão, estado de choque, catarse, culpa, raiva e outros. Vigilância constante é a palavra de ordem, aliada a políticas e programas eficazes na identificação dos fatores de risco e proteção. Obviamente que o assunto não é nada simples diante de um problema que é muito real. Atenção: As vítimas podem estar bem perto de nós, sentadas ao nosso lado, convivendo em nosso dia a dia, até dentro da nossa casa. Mas para quem não tem enxergado luz em sua vida, em tempo Jesus disse: Eu sou a luz do mundo, quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida, em sua vida" (cf. João 8.12).

IGREJA BATISTA DO ESTORIL

CELEBRAÇÕES: domingo: 09h30 - Escola Bíblica

19h - Culto de Celebração

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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