Conversando com o Bispo

Confie no Senhor e não tenha medo

Perguntas para dom Sevilha podem ser enviadas para o e-mail: pascom@bispadobauru.com.br É importante colocar nome completo e endereço. Diocese de Bauru: www.bispadobauru.org.br

10/05/2020 | Tempo de leitura: 3 min
Dom SevilhaBispo Diocesano de Bauru

O medo da morte é o mais forte dos medos. Instintivamente todos colocamos a vida como valor que está em primeiro lugar. Defendemos espontaneamente a nossa própria vida como também a vida daquelas pessoas que amamos ou que são muito significativas para nós. A quarentena é alimentada pelo medo da morte. A crença na vida eterna não diminui, pelo contrário, aumenta nossa estima pela vida terrena. Toda a vida, tanto a terrena como aquela do além túmulo, foi criada por Deus e a Ele pertence. Em Deus temos nossa origem, vivemos e, após a morte corporal, viveremos eternamente, isto vale também para o mais empedernido dos ateus. Com fé ou sem fé, todo homem nasce, vive, morre e entra na vida eterna. Alguns, infelizmente, para a morte eterna.

Nossa missão neste mundo é realizar o plano de amor que Deus tem para cada um de nós e para o conjunto de toda a humanidade, ou seja, sermos bons e fazermos o bem sempre e para todos indistintamente. Durante a quarentena, cada um deve se perguntar como está o seu grau de bondade, começando pela bondade em seu coração, em seus pensamentos, em seus sentimentos, em suas palavras e, finalmente, em seus gestos e atitudes concretas com as pessoas, com os animais e com as coisas que estão ao seu lado. A quarentena é um grande teste para um dos aspectos do amor que é a paciência. Alguns estão batendo no cachorro e chutando as portas. Entretanto, o amor é paciente, o amor é bondoso, nos diz a Palavra de Deus (1Cor13, 4).

A oração tranquila e profunda é um bom remédio para curar os males e as tentações da quarentena: impaciência, depressão, ansiedade exagerada, pessimismo neurótico etc. Não pode ser uma oração nervosa, mas deve ser uma oração serena, silenciosa, humilde. Oração com poucas palavras e muito silêncio. Oração, não com sentimentos fortes, mas sentimentos simples e suaves. Não pedir muito, pois pedir demais pode sugerir que não estamos aceitando o momento de provação que Deus está nos permitindo, o que aumentaria a nossa ansiedade e angústia. Nem agradecer demais, pois creio que soaria meio falso agradecer muito durante uma quarentena onde estamos inseguros diante do presente e do futuro.

Creio que a melhor e mais autêntica oração nesse momento estranho e único que estamos vivendo, onde estamos experimentando profundamente a nossa impotência, seja colocarmo-nos humildemente diante do Senhor, sem muitas reflexões ou emoções, e dizermos calmamente, como a criança nos braços do Pai: Senhor, aqui estou, cuida de mim, cuida da minha família, cuida do nosso mundo. Senhor, aqui estou com meu medo, minha angústia, ansiedade, desânimo, emocionalmente alterado, cheio de altos e baixos e, confesso Senhor, tenho mais momentos baixos do que altos. Estou me sentindo impotente, Senhor, diante do momento presente e do futuro. Não sei o que vai acontecer, não sei se as coisas vão voltar ao normal como era antes, não sei se vão melhorar ou piorar. Mas, Senhor, eu quero crer e quero confiar em Ti. Quero colocar meu sentimento de impotência em tuas mãos e encostar meu coração em teu coração sagrado e n'Ele encontrar conforto e esperança. Enfim, Senhor, quero simplesmente ficar em suave silêncio diante da Tua presença forte e amorosa. Isto me basta, por enquanto. Amém.

"Vinde a mim todos vós que estais cansados sob o peso do vosso fardo e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vossas almas" (Mt 11,28).

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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