Conversando com o Bispo

No senhor, a esperança

Perguntas para dom Sevilha podem ser enviadas para o e-mail: pascom@bispadobauru.com.br É importante colocar nome completo e endereço. Diocese de Bauru: www.bispadobauru.org.br

17/05/2020 | Tempo de leitura: 3 min
Dom Sevilha Bispo Diocesano de Bauru

Ultimamente reclamávamos que a vida estava demasiado agitada e rápida demais. Ninguém poderia imaginar a rapidez do coronavírus que, como uma freada brusca, subitamente fez o mundo parar. Estamos todos alterados pela vertigem causada pela passagem inesperada da vida agitada para o confinamento.

Canalizamos nossa nova vertigem, ou essa vaga sensação ruim e de vazio que o isolamento criou em vários modos. Alguns a canalizam na exacerbada preocupação com a difícil situação financeira que virá, outros no neurótico medo de ser contaminado ou de contaminar os amigos e familiares, sobretudo os idosos. Todos devemos estar, sim, cuidadosos e preocupados, mas alguns estão surtados e surtando aqueles que estão ao seu redor.

Mas a verdadeira vertigem é uma só: a profunda sensação de impotência diante dos fatos, ou seja, a percepção realista de que não podemos fazer absolutamente nada diante de uma situação difícil e angustiante. É o fundo do poço.

Diante disso temos duas alternativas: o desespero ou a esperança. Quem opta pela esperança, o faz apoiado em que? A esperança é como uma âncora que se agarra firmemente em algum lugar para dar o mínimo de estabilidade ao navio, enquanto a tempestade não passa.

A nossa esperança é jogar a âncora da nossa fé em Deus, n'Ele nos apoiarmos e n'Ele encontrarmos a firmeza necessária para suportarmos pacientemente e, com coragem, a tempestade até que ela passe e venha a bonança. Toda tempestade sempre passa, apesar de deixar alguns estragos atrás de si.

É preciso decidir-se pela esperança e, em seguida, alimentá-la. O óleo que alimenta a chama da esperança é a oração. O remédio que cura ou alivia a dor do nosso sentimento de impotência é a oração confiante na onipotência amorosa de Deus. Aquele que tem fé jamais se desesperará diante da fragilidade humana, pois confia e espera, corajosa e pacientemente, em Deus Pai Todo-Poderoso.

Cremos na Divina Providência, ou seja, sabemos que o Pai Celestial cuida de cada um dos seus filhos e filhas. Deus criou o mundo com fartura para o bem estar da humanidade, cabe a nós administrarmos a distribuição justa e fraterna das riquezas que Deus criou e deixou para que toda a humanidade possa usufruí-las com sabedoria e responsabilidade. Infelizmente, nós sempre administramos muito mal a Casa Comum que Deus criou e nos deu para cuidar e usufruir. Alguns poucos abocanham muito e outros muitos ficam com muito pouco. Resumindo, somos nós os culpados pela miséria no mundo, pois Deus criou tudo em abundância.

A fé é um dom de Deus, mas requer a nossa adesão. A fé implica, da nossa parte, uma decisão, um ato de vontade, isto é, dizer com profunda honestidade: "Senhor, eu quero crer, eu quero confiar plenamente em Ti. Creio, Senhor, mas aumenta a minha fé". Esse tempo de quarentena está sendo, também, um bom teste para a nossa fé. Se os nossos medos e emoções falam mais alto do que a nossa fé, significa que a nossa fé está muito fraca. O crente, aconteça o que acontecer, ouvirá no profundo da alma: "Confia ao Senhor o teu caminho, espera n'Ele, e Ele agirá. Em silêncio abandona-te ao Senhor, põe tua esperança n'Ele" (Salmo 36, 5.7). A sábia Cora Coralina escreveu:

"Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir". Meu irmão e minha irmã, decidam-se por Deus. Amém.

 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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