Wagner Teodoro

O campeonato acabou

07/06/2020 | Tempo de leitura: 3 min

Sim, aquele campeonato. Aquele no qual o Noroeste vinha sendo dominante, empolgando. Aquele que o Norusca era disparado o melhor time e favorito ao acesso e ao título. Aquele campeonato acabou. E mais, aquele time do Noroeste acabou. Uma pena. Porque, pelo que a gente lê, ouve e vê, a Federação Paulista de Futebol pretende encerrar a Série A3 do Campeonato Paulista com a quantidade de jogos programada antes da pandemia de coronavírus, com promoção e rebaixamento definidos em campo. Toda entrevista do presidente Reinaldo Carneiro Bastos, toda nota da entidade não foge de tal determinação. O que aumenta a lástima de que em um ano que vinha sendo extremamente positivo para o Noroeste ocorra uma situação tão grave, que vitime tantas pessoas e ponha por terra um planejamento bem executado por diretoria, comissão técnica e elenco alvirrubros.

A decisão de fechar as portas do Noroeste e dispensar funcionários foi bem embasada pela diretoria em momento de falta total de receitas e no sentido de preservar o patrimônio noroestino. Foi o mais sensato neste momento, até porque aproximadamente 90% dos contratos dos jogadores venciam neste período. O clube também sempre deixou claro sua posição de apoiar a conclusão da A3 no máximo em junho. Momento até o qual tinha orçamento planejado e previsto. O Noroeste foi coerente. E, ancorado em sua irrepreensível campanha como líder absoluto, pleiteia o encerramento da Terceirona e o acesso à Série A2.

Outro time, outra disputa

Porém, a FPF parece mesmo decidida a não abrir mão da conclusão da Série A3 em campo. Participando de uma live da Vale Flash Esportes durante a semana, o presidente da entidade deu pistas do que pretende. De acordo com Bastos, serão abertas novas 25 inscrições para os clubes da A3 e as divisões de acesso só serão definidas assim que houver decisão sobre o término da Série A1 e podem ser concluídas nos meses derradeiros de 2020. Sendo assim, poderemos ter um dezembro com as finais. O mandatário reitera, em outras entrevistas, que não haverá "canetada", o regulamento assinado pelos clubes será cumprido à risca e que o abandono da competição pode ocasionar o rebaixamento e multa salgada.

Sem um improvável, até segunda ordem, acordo com a FPF, se a competição voltar mesmo, seria sob protocolos que autoridades sanitárias estipularem conforme a gravidade da pandemia do coronavírus no Estado. E teríamos uma disputa completamente diferente, desfigurada. Times profundamente reformulados, alguns mais fortes do que antes e outros, mais fracos. Pouco tempo para preparação e intertemporada. Enfim, o campeonato se tornaria uma incógnita. Tudo o que ocorreu até março seria passado - e perdido - e a relação de forças poderia mudar radicalmente. Quem mais se prejudicaria com isso é quem vinha melhor. E o Noroeste seria o mais atingido. Tentando remontar um time para buscar a excelência que estava próxima. Se a Série A3 for retomada, o Noroeste não terá alternativa a não ser disputar para não transformar um ano que tinha tudo para ser festivo em nova queda para a Bezinha. Cruel.

Desafiador

Mesmo diante da fragilidade financeira dos clubes da A3 que, com dificuldade, se preparam para um semestre de competição, Bastos entende que a crise maior causada pelo coronavírus é dos clubes grandes, com seus longos e onerosos contratos com elencos. E a orientação para os "pequenos" até o retorno é justamente adotar a decisão que o Noroeste tomou. "A dificuldade dos clubes menores é menor do que dos maiores. Quando a gente paralisou a competição, eu conversava com eles e continuo conversando: 'encerre, feche as portas, faça um acordo com os seus colaboradores e não renove contratos'", disse na live da Vale Flash Esportes. Desfazer os elencos meio inevitável, mas será desafiador remontar os times a toque de caixa para um campeonato sem renda, sem público. Alguns talvez não consigam.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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