Reflexão e Fé

Racismo é pecado

Hugo Evandro Silveira Pastor Titular - Igreja Batista do Estoril. E-mail: hugoevandro15@gmail.com

07/06/2020 | Tempo de leitura: 4 min

Não bastasse a onda do Covid19, o mundo agora tem sido tomado por uma onda de protestos, até violentos, contra o racismo que insiste em se esconder nas entranhas da sociedade. Realmente o nosso mundo está em rota de destruição. As pessoas deveriam ser julgadas não pela cor da pele, mas pelo caráter; esse era o sonho de Martin Luther King, pastor Batista. Na teologia cristã, racismo se resume em uma palavra: Pecado. É incrível como os seres humanos, em pleno século 21, ainda não aprenderam a conviver como iguais. O racismo é pecado. Severo erro. É crime; e não precisa ser preto, branco, pardo, índio, homem ou mulher para lutar contra o racismo, só precisa ser, humano. Somos todos criaturas de Deus. Família humana. Todos divinamente interconectados sob rácios de melanina, com variação de pigmentos de pele, diversificados no tom e no tamanho, entretanto todos com o mesmo sangue vermelho sob a mesma essência celestial. A soberba humana se perdeu tragicamente; como se o Deus do universo, em sua infinitude, muito além da nossa compreensão, fosse designar autoridade moral para um grupo de pessoas em detrimento de outras devido simplesmente a pigmentação aleatória da pele. Não existe especificamente nenhuma solidez para o conceito de raças humanas distintas; o que há, inclusive nos apontamentos do Mestre, é igualdade entre todas as pessoas, assim como ele mesmo disse: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3.16). Todos, categoricamente todos são bem vindos. Todos os seres humanos criados por Deus são bem vindos á casa do Pai. Deus enviou seu Filho Jesus para amar, acolher, dar esperança de eternidade e salvar a todos os que creem nele; sejam ricos ou pobres, miseráveis, rejeitados, doentes e oprimidos, pretos ou brancos. Jesus jamais colocaria o seu joelho no pescoço de alguém sufocando-o até a morte. Isso é para os covardes morais e espiritualmente falidos.

Só há uma raça, a humana. Só há um sangue; todos filhos de Adão, todos parentes. O que chamam de raças, na realidade, é uma construção social que levantou muros separando pessoas, distinguindo-as umas das outras. Esse conceito de separação de raças não é bíblico. Como pregou Voddie Baucham, pastor da Grace Family Baptist Church, em Spring, Texas: "Todos temos a mesma pele; biologicamente temos apenas 0,2% de diferença genética. Na verdade nem cor de pele diferente possuímos. Tecnicamente, de um ponto de vista genético e bioquímico, todos temos a mesma pele e a coloração de cada um é resultado da porção de melanina que cada um possuí. As pessoas tem melanina em níveis diferentes. Logo, não ouse pensar que Deus o ama mais ou menos, ou que você tem menor ou maior importância somente pela quantidade de melanina que possua". A Bíblia é enfática em conceituar que não há diferença entre entre preto ou branco e nem cor alguma, afinal "Não há judeu nem grego, escravo ou livre, homem ou mulher, pois todos são um em Cristo Jesus" (Gálatas 3.28). Apesar de muitos que se dizem cristãos, ao longo de 2mil anos, serem pecaminosamente racistas, mas desde o primeiro século o cristianismo em sua essência foi precursor igualitário de gentes. O apóstolo Paulo orientou Filemom a receber Onésimo seu escravo, não mais como escravo, mas como irmão (v.16). Já em tempos próximos, sob terrível ambiente racista, o pastor Charles Spurgeon (XIX), um notório abolicionista inglês, declarou: "Minha alma detesta a escravidão. Embora eu comungue à mesa do Senhor com homens de todos os credos, com um escravagista não tenho comunhão de nenhum tipo. Sempre que alguém como tal me chame, considerei meu dever expressar meu desprezo por sua iniquidade e o considerar um ladrão de homens".

Por outro lado, não se justifica ataques violentos a pessoas e estabelecimentos, quebrando tudo, saqueando, destruindo, botando fogo no patrimônio alheio. Mesmo sabendo que "a revolta é o idioma de quem não é escutado" (Martin Luther King), ainda assim, essa violência não é em nome de uma causa nobre como querem fazer acreditar, mas crime. Enfim, repudiamos o racismo com toda a nossa força e não por causa de nenhuma ideologia, mas pelo nosso compromisso com Escritura Sagrada que ordena o mandamento do amor (Mateus 22.37, 38) e revela que todos os seres humanos são criados segundo a imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1.26, 27). Então que peçamos perdão a Deus quando nos comportamos como racistas estruturais ou ainda quando nos calamos, afinal somos iguais e racismo é pecado.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

Receba as notícias mais relevantes de Bauru e região direto no seu WhatsApp
Participe da Comunidade

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.