Reflexão e Fé

O breve presente

Hugo Evandro Silveira Pastor Titular - Igreja Batista do Estoril. E-mail: hugoevandro15@gmail.com

02/08/2020 | Tempo de leitura: 4 min

Para quem acompanha esportes, nessa semana, recebeu com surpresa a notícia da morte do talentoso jornalista, apresentador e músico Rodrigo Rodrigues, 45 anos, vítima de Covid. Independente da causa da sua morte, isso nos confronta a respeito da brevidade da vida. O filósofo romano Sêneca (4 a.C.) escreveu sobre a brevidade da vida; para Sêneca "a vida é dividida em três períodos: o passado, presente e futuro. Destes, o presente é breve, o futuro duvidoso, e o passado, imutável". Para o dinamarquês pai do existencialismo, Sören Kierkegaard (XIX) a vida nesse mundo é aparentemente sem sentido e absurda, o que conduz os homens ao estado de angústia e desespero. O Rodrigues ainda no sábado último conversava com seus colegas de trabalho, mas de forma inacreditável, na terça ele faleceu. A vida é breve, o apóstolo Tiago comenta "a vossa vida é um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece" (Tiago 4.4).

Conscientes dessa realidade, enquanto é tempo devemos colocar a nossa vida em ordem. O brasileiro, até por um legado comportamental, leva a vida sem muita preocupação com o amanhã; em geral o brasileiro não sabe poupar, nem mesmo fazer o testamento familiar, ao contrário, adquire dívidas sem poder, vive desorganizado na vida fiscal, trabalhista, profissional, conjugal, relacional, espiritual, tudo uma bagunça e de repente deixa um "abacaxi para a família descascar". Enquanto há tempo devemos colocar a nossa casa, a nossa vida, a nossa família em ordem. Notícias desagradáveis podem chegar a qualquer momento, esse é um dos desesperos da vida; o futuro é incerto, o presente é breve.

Muitas pessoas vivem uma história desorganizada decorrente da somatória de experiências vividas desde a infância. O ser humano é um depósito de emoções armazenadas. Nesse mundo de pecado, injustiças e maldades, a maioria de nós, carregamos experiências negativas, muitas delas desde a barriga da mãe. Muitos sofrem e não sabem se equilibrar, por cargas emocionais negativas adquiridas desde a infância e, vivem assim até inconscientes. Por exemplo, uma criança que foi rejeitada pela mãe por causa do seu namorado que fugiu e não assumiu a responsabilidade - ou um pai que sempre disse que o filho não prestava - esse filho quando adulto, tem tudo para assumir uma postura de inflexibilidade e de falta de respeito com os pais e com os outros - caso seja uma menina, pode desenvolver-se achando que "homem não presta" e assim passa a ter prazer no sofrimento masculino. Na verdade não percebemos os motivos de agirmos "assim ou assado". Temos muitas dificuldades para elucidar nossos comportamentos que afetam em profundidade a nossa breve vida. É preciso encontrar com meu eu infantil a fim de criar um ambiente propício para a cura, afinal o adulto é filho da criança; o adulto é resultado dos traumas e êxitos que a criança experimentou e armazenou. Se não houver um encontro com a criança que foi, e fazer as pazes com o passado, acertando os traumas, eliminando os medos, consequentemente nossa posição social no breve presente irá potencializar as neuroses não resolvidas na infância. A psicologia existe para ajudar a reprogramar a mente, sobretudo o amor de Deus nos faz mudar para que a vida, apesar de breve, seja graciosa.

No breve presente, os seres humanos despendem muito de seu tempo perseguindo objetivos sem valor ou sentido. Portanto, tente zerar as pendências emocionais que lhe acompanham "desde sempre" e tem lhe causado tanto dano. Conforme a sabedoria e a ética estoica o homem irá morrer e não deve desperdiçar o tempo presente. Logo as coisas dessa era não são tão importantes assim; como diz Sêneca, "uma pessoa de 50 anos pode ter passado a vida indiferente, entregue a sofrimentos sem necessidade, á tolos contentamentos, paixões ávidas, conversas e ações inúteis" - porque o fato de uma pessoa estar ocupada, ou muito ocupada, não significa que esteja fazendo algo importante e de relevância. Então faça o que é real e devidamente importante hoje, porque o amanhã pode ser muito tarde. Na convicção da eternidade, de que a vida presente é fugaz, creia em Jesus Cristo de todo o seu coração e, acerte as suas contas enquanto tem oportunidade, arrume a sua casa, resolva os problemas, equilibre suas relações familiares, peça perdão a Deus e ao próximo, mesmo que não seja fácil, e não será, contudo, mesmo que até lhe cause alguma perda financeira, ainda que se faça humilhar-se, mas, confesse seu erro, e faça isso há tempo e viva em paz com seu semelhante e com o teu Deus, vislumbrando a eternidade, porque o presente é breve.

IGREJA BATISTA DO ESTORIL

58 anos atuando Soli Deo Gloria

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