Wagner Teodoro

Fome saciada

09/08/2020 | Tempo de leitura: 3 min

Fim do jejum estadual. O Palmeiras campeão de 2020 quebra um hiato sem levantar a taça do Paulistão que vinha desde 2008. E foi com sofrimento, quando a torcida preparava o grito de campeão, eis que surge uma disputa de pênaltis. Eis que surge também Weverton para segurar o troféu que oscilava na final contra o Corinthians. A conquista do Palmeiras premia a melhor campanha. O time mais regular, que sempre esteve no alto da classificação. Apesar do técnico Vanderlei Luxemburgo ainda procurar a formação ideal, a equipe soube vencer mesmo quando não encantou e no momento de decisão mostrou força para coroar a trajetória eficiente mostrada ao longo da competição com o título.

Palmeiras que teve seu talismã Luxemburgo, o "quebrador de jejuns", que mais uma vez tira o time de uma fila, como em 1993 e 2008. Palmeiras que se "vinga" do último encontro em finais entre os dois arquirrivais, em 2018, quando saiu revoltado com a arbitragem, rompeu com a Federação Paulista, alegando interferência externa na arbitragem. Garante a dianteira no histórico de finais estaduais entre os dois clubes e impede o tetra alvinegro. Se havia um jejum, a fome está saciada. Um título que era questão de honra para os palmeirenses e que dá moral para entrar no Brasileirão de olho no topo. Resta encaixar de fato o time para o restante da temporada.

O Corinthians encerra sua trajetória surpreendente. De virtual eliminado a finalista, o time alterou a postura e apostou na consistência. Porém, a mesma mudança fere a proposta de jogo que elevou o status de seu treinador. Tiago Nunes, agora, terá um certo dilema para resolver entre resultado e filosofia de trabalho.

O que resta saber

Findo o Estadual, hora de encarar o Brasileirão, campeonato que vai de fato decifrar o potencial dos times na temporada, pois é um real teste para elencos, comissões técnicas e planejamento. Vamos torcer por um nível melhor do que vimos até agora em 2020. Teremos respostas para algumas questões fundamentais. Apesar do que se apresentou até agora, resta saber se o São Paulo terá consistência defensiva e regularidade, além de posse de bola e do tiki-taka improdutivo. Resta saber se o Corinthians terá futebol, será ofensivo, como propunha seu técnico em sua chegada - um dos motivos de sua contratação -, ou se Tiago Nunes vai se agarrar ao "modo resultadista", e se melhores consequências adviriam disso.

Resta saber se o Palmeiras vai, enfim, encontrar uma formação, se vai superar a perda de Dudu a tempo de brigar pelo título, se Vanderlei Luxemburgo, caso nenhum dos dois fatores anteriores ocorram, durará no cargo, apoiado no título estadual. Resta saber se o Santos, de Cuca, vai conseguir voltar para o rumo, se terá forças para superar a turbulência política, a divisão elenco/diretoria e se o clube vai exitar em se organizar para escapar da sombria possibilidade de "cruzeirar" que o ameaça.

Resta saber também se o Flamengo, melhor elenco, melhor conjunto, amplamente favorito, continuará absolutamente dominante ou se a troca no comando, saindo Jorge Jesus e entrando Domènec Torrent, pode de alguma maneira emperrar a engrenagem que moeu adversários no ano passado. Resta saber se o Atlético-MG, de Jorge Sampaoli, vai encaixar, encorpar e surgirá como o grande oponente rubro-negro na briga pelo título como sugere a expectativa. Resta saber se a dupla gaúcha, Grêmio e Internacional, vai ter profundidade em seus elencos para manter a constância entre as várias competições simultâneas e se colocar no páreo pela taça. As respostas estão guardadas em 38 rodadas. E o desfecho do Brasileirão 2020, selado até 2021.

Arena JC analisa Brasileirão

Na edição desta semana do Arena JC, o podcast esportivo do Jornal da Cidade, eu tenho a companhia dos jornalistas Lilian Grasiela e Luis Felipe Carrion, que analisam o Campeonato Brasileiro, avaliando os impactos dos jogos sem torcida na briga em cima e embaixo na tabela, apontam favoritos, avaliam o que se esperar dos quatro grandes paulistas e palpitam sobre quem deve estar no G6 e no Z4 no final da competição. O Arena JC pode ser conferido no JCNET (www.jcnet.com.br).

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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