Reflexão e Fé

Racismo

Hugo Evandro Silveira Pastor Titular - Igreja Batista do Estoril. E-mail: hugoevandro15@gmail.com

30/08/2020 | Tempo de leitura: 4 min

Escrevemos em junho, aqui nessa coluna, que racismo é pecado, e é. Naqueles dias o mundo estava tomado por uma onda de protestos contra o racismo que insiste se manifestar nas entranhas da sociedade. Entendemos que as pessoas devem ser julgadas não pela cor da pele, mas pelo caráter, inclusive esse era o sonho do pastor batista Martin Luther King. Na teologia cristã, racismo se resume em uma palavra: Pecado. É crime. Todo ser humano deveria ser contra o racismo, afinal todos possuem o mesmo sangue vermelho correndo nas veias. Deus fez "de um só sangue todas as nações dos homens" (Atos 17.26 - KJV). Há uma só raça, então todos os seres humanos, formados por Deus, são bem vindos á casa do Pai celestial. O apóstolo Tiago enfatizou: "Não tratem ninguém com parcialidade" - ou favoritismo (Tg 2.1), nesse sentido qualquer discriminação é um escândalo. Tratar e julgar os outros conforme padrões injustos é um erro fatal. Sobretudo, o cristão jamais deve tratar os outros adotando padrões da cultura mundana que tende sempre a favorecer o rico, o bonito, o inteligente, o loiro de olhos azuis, o forte e etc. O texto bíblico instrui que "nada deveis a ninguém, a não ser o amor de uns para com os outros" (Romanos 13.8), pois Deus é o criador de todos de igual modo. Voddie Baucham, pastor da Grace Family Baptist afirmou: "Todos temos a mesma pele; biologicamente temos apenas 0,2% de diferença genética. Na verdade nem cor de pele diferente possuímos. Tecnicamente, de um ponto de vista genético e bioquímico, todos temos a mesma pele e a coloração de cada um é resultado da porção de melanina que cada um possuí. As pessoas tem melanina em níveis diferentes. Assim, não ouse pensar que Deus o ama mais ou menos, ou que você tem menor ou maior importância pela pouca diferença na coloração da sua pele". Charles Spurgeon (XIX), notório abolicionista inglês, declarou: "Minha alma detesta a escravidão. Embora eu comungue à mesa do Senhor com homens de todos os credos, com um escravagista não tenho comunhão de nenhum tipo. Sempre que alguém como tal me chame, considerei meu dever expressar meu desprezo por sua iniquidade e o considerar um ladrão de homens".

Há dois meses ficamos estarrecidos com o assassinato brutal e desumano de George Floyd. Não bastasse, nessa semana, subitamente, o mundo foi surpreendido novamente com outro caso de racismo explícito, dessa vez contra Jacob Blake, homem que foi alvejado 7 vezes nas costas enquanto caminhava para o seu carro na frente de três de seus filhos, com disparos feitos por um policial branco. Blake está parcialmente paralisado pelos danos causados em sua medula espinhal. Manifestações novamente foram organizadas em todo o território norte americano, e até jogos da NBA foram suspensos como protestos por justiça racial nos EUA. Esses dois casos são os de maiores expressões midiáticas do momento, contudo milhares e milhares de crimes raciais são cometidos diariamente no mundo, inclusive em nosso país.

O racismo assume muitas formas diferentes, mas cada tentativa é autodestrutiva e viola diretamente as leis de Deus. A simples negação da dignidade, do acesso à educação, ao emprego, ao direito igualitário constitui-se em racismo - é pecado no tribunal de Deus, é crime nos tribunais humanos. Em pleno século 21 já passou da hora de tratarmos uns aos outros com respeito, amor, misericórdia, bondade, altruísmo e compaixão, independente de quem seja, fazendo como fomos ensinados na oração do Pai Nosso, que é orar e abençoar aqueles contra os quais cometemos alguma afronta e, inclusive, por aqueles que nos ofenderam (cf. Mateus 6.12,14,15 - Marcos 11.25,26)

Toda vida importa, mas nesse mundo de pecado racista, equidade, justiça e responsabilidade pelas vidas negras, mais do que nunca deve ser o nosso foco, nesses dias tenebrosos. Uma boa pergunta a se fazer é como tenho tratado os diferentes de mim, fisicamente, de posição social, com nível de instrução e condição financeira? Até que ponto temos evitado julgar? Temos sido tolerantes com o nosso próximo diferente? Somos daqueles que derrubamos barreiras e construímos pontes ou dos que levantam obstáculos? Em algum momento ou situação tenho me considerado superior ao outro? Somos daqueles que damos gargalhadas com "brincadeiras" que afrontam etnias, que degradam e humilham outras pessoas de pensamentos e culturas distintas a minha? Então, se você tem se comportado com parcialidade, discriminação, agido como um racista, arrependa-se e peça perdão a Deus e ao seu próximo e, abandone essa conduta criminosa e pecadora.

IGREJA BATISTA DO ESTORIL

58 anos atuando Soli Deo Gloria

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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