Conversando com o Bispo

Cristianizar a Internet

Perguntas para dom Sevilha podem ser enviadas para o e-mail: pascom@bispadobauru.com.br É importante colocar nome completo e endereço. Diocese de Bauru: www.bispadobauru.org.br

30/08/2020 | Tempo de leitura: 3 min
Dom SevilhaBispo Diocesano de Bauru

Precisamos urgentemente cristianizar a internet. Sou analfabeto digital e desconhecedor do universo da informática. Todavia, como ela é uma realidade que veio para ficar e se impõe sobre nós, devemos aprender a conviver com ela que é uma das grandes maravilhas e fruto da inteligência que Deus deu à humanidade.

Podemos fazer uma distinção entre o uso da informática como instrumento de conhecimento, trabalho, comunicação séria, entretenimento sadio, do mau uso dela para maldades, pecados e até crimes. Creio que a maioria dos cristãos e homens de bem usam corretamente a internet e evitam o lixo desumano que alguns ali despejam.

Em todo caso, penso haver muitas pessoas consideradas boas que, quando entram na internet, se transformam e comportam-se como aquelas que na casa dos outros são uns amores de bondade e gentileza, mas dentro da própria casa transformam-se em pessoas rudes e intratáveis, ou aquelas pessoas tranquilas e calmas que, ao entrar em um veículo, transformam-se em monstros ao volante. Assim, muitos incorporam uma personalidade perversa e cruel ao colocarem-se diante do suposto anonimato de um computador.

Muitos transformam as redes sociais no reino da fofoca, da curiosidade doentia e inútil. Creio que nunca a humanidade desperdiçou tanto tempo com inutilidades e até maldades como nos nossos dias, por causa da internet. O cristão deve usar com sabedoria o tempo que Deus lhe deu para realizar a sua missão neste mundo. O tempo também é um dom de Deus e, por isso, não pode ser desperdiçado com inutilidades ou usado para o mal. Piores que as vaidades e inutilidades são as maldades e as mentiras, que agora receberam o glamoroso nome de fake news.

Aviso aos cristãos: lembre-se de que no outro lado da tela ou na outra ponta da internet existem pessoas de carne, osso, pele, alma e emoções. Para quem é cristão cabe recordar que o outro, seja quem for, como for e onde estiver (também na internet) é seu irmão e sua irmã. As pessoas na internet não são fantasmas virtuais, são irmãos e irmãs reais, e vale também para eles o mandamento de Jesus: Isto vos ordeno, que vos ameis uns aos outros.

Cristianizar a internet significa conscientizar-se da presença de Deus em todos os tempos e em todos os ambientes, inclusive no ambiente virtual. Nada está fora da presença do Senhor. Assim sendo, também no ambiente virtual, Deus deve ser amado, adorado e respeitado. É preciso testemunhar o amor de Deus através da internet, não somente com palavras ou imagens piedosas, mas sobretudo, com a nobre postura cristã que é feita de amor, respeito, verdade, justiça, bondade e misericórdia.

O cristão nunca joga lenha na fogueira, mas sempre joga água na fervura. Não entre em acaloradas discussões inúteis, não faça comentários desrespeitosos e destrutivos da boa fama alheia. O amor ao próximo exige do cristão a defesa e o zelo pela boa fama do irmão. E se o irmão joga a própria fama no lixo? Isso é problema dele e cabe a nós ajudá-lo, sobretudo com a oração, para que ele se levante e recomece uma vida nova. O cristão evitará os impulsos de malícia, agressividade e vaidade tão corriqueiros no mundo virtual e, com a graça de Deus, testemunhará o seu amor ao Pai amoroso e aos irmãos que Deus permitiu que cruzassem o seu caminho virtual.

Por último, uma sugestão: uma vez por semana, faça um dia de "jejum" das redes sociais. Sua alma vai ficar mais leve, livre e feliz.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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