Reinaldo Cafeo

Ficou salgado o reajuste do aluguel

06/09/2020 | Tempo de leitura: 3 min

Preferido por 10 entre 10 proprietários de imóveis o IGP-M (índice Geral de Preços do Mercado) é o indexador utilizado para reajustar os aluguéis. O fato de ser divulgado antes da virada do mês ajuda nos reajustes anuais. Também historicamente o IGP-M assume patamar superior ao índice oficial de inflação, o IPCA, por exemplo. O resultado de agosto foi de 2,74%, acumulando em 12 meses 13,02%, patamar legal para reajustar os aluguéis em setembro.

O que justifica este valor elevado?

Para responder esta pergunta é preciso entender a metodologia de cálculo do IGP-M. Em sua composição há 60% de peso dos preços no atacado, 30% de peso de preços ao consumidor e 10% de peso de preços na construção civil. O problema atual são os preços no atacado. Boa parte dos produtos considerados pela Fundação Getúlio Vargas, que é quem calcula este índice, tem alguma influência do dólar. São commodities com preços internacionais em dólar ou que sofrem alguma influência da moeda norte-americana.

Sou inquilino, o que fazer?

Negociar é a palavra de ordem. Tem que ser proativo. Procure a imobiliária e exponha sua situação financeira, sua pontualidade, enfim, peça uma redução. Somente para dar um parâmetro, o IPCA, índice oficial de inflação, acumula até julho (último dado disponível) 2,31%, sendo que a projeção é que o IPCA fique abaixo de 2% em 2020. Não logrou êxito na negociação? Sendo possível comece a buscar outro imóvel. Neste caso considere todos os custos envolvidos tanto de multas e de transporte. Não é fácil, mas deve ser enfrentado, afinal, o dono do imóvel dificilmente abrirá mão de um inquilino pontual e tende a ponderar.

Sou dono do imóvel, o que fazer?

Estar aberto a negociação. Pondere o abrir mão deste reajuste para manter o inquilino. Muito possivelmente você dono do imóvel não teve custos que exijam reajuste de 13,02% em um ano. Caso seja apartamento ou casa em condomínios, leve em conta além da eventual perda do aluguel, o custo de condomínio, sem contar, despesas de manutenção e IPTU.

Mercado imobiliário em alta

Os dados são da cidade de São Paulo, mas serve de parâmetro para avaliar o que vem ocorrendo no mercado imobiliário. Em julho o setor cresceu 21%. Os dados são do Sindicato da Habitação - Secovi - SP. É a primeira vez desde março que o resultado é de crescimento na comparação anual. Um alento.

Falando em notícia negativa, o PIB derreteu

Com queda de 9,7% no segundo trimestre deste ano no comparativo com trimestre anterior, a economia brasileira entrou em recessão técnica (ocorre quando dois ou mais trimestres apresenta resultado negativo - no primeiro trimestre houve queda de 2,5% no PIB). No semestre a queda é de 5,9% também comparada com idêntico período do ano passado. Somente a agropecuária apresentou resultado positivo: 0,4%, mas indústria apresentou queda de 12,3% e o setor terciário ficou negativo em 9,7%. Vale lembrar que o setor terciário representa 75% do PIB. Estes dados referem-se a análise da oferta. Pelo lado da demanda o consumo das famílias caiu 12,5% (tem peso de 70%) os investimentos caíram 15,4%, os gastos do governo caíram 8,8%. O setor externo apresentou alta nas exportações em 1,8% e queda nas importações de 13,2%.

Recuperação em U

Por mais que o ministro da Economia indique a economia brasileira reagirá em V, ou seja, caiu e voltará a crescer rapidamente, os números indicam recuperação em U, ou seja, lenta, mesmo com alguns números elevados. É que a base de comparação é precária. Há um certo artificialismo no tocante ao comportamento dos consumidores, principalmente devido a ajuda emergencial que cairá para R$ 300,00 e tem prazo de validade. Também há incertezas fiscais, necessidade de avançar nas reformas, e "embates" políticos.

Mude já, mude para melhor!

Tenho observado que o dia a dia nas empresas está mais estressante, principalmente, para quem está trabalhando remotamente. Reuniões em cima de reuniões e número elevado de tarefas têm forçado os profissionais a ampliarem as horas de trabalho. Neste momento é hora de ser disciplinado, fazendo escolhas adequadas e até praticar o dizer não. Sempre é tempo para mudar. Mude já, mude para melhor!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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