Reflexão e Fé

Independência do Brasil

Hugo Evandro Silveira Pastor Titular - Igreja Batista do Estoril. E-mail: hugoevandro15@gmail.com

06/09/2020 | Tempo de leitura: 4 min

A nossa pátria é amada. Celebramos a nossa independência, mas ainda sonhamos e trabalhamos para que o nosso glorioso Brasil realmente seja independente da corrupção, da maldade e de toda injustiça, para que possamos desfrutar de paz, saúde, segurança, educação, equidade, ordem e progresso. Como cristão, temos a vocação da perseverança, então, pela fé, o povo brasileiro ora, torce e trabalha para que o Brasil seja liberto de tanta criminalidade, das drogas, da exploração infantil, da violência contra a mulher e os mais fracos e, que sejamos uma nação que cuide de seus idosos e desamparados. O Brasil é terra abençoada, nossa natureza é linda, possuímos riquezas 'sui generis', cantadas, escritas, declamadas, pintadas por uma infinidade de artistas. Mas cremos que ainda seja apropriado nessa data comemorativa, elencar importantes aspectos sociais rudimentares para que o Brasil realmente seja uma pátria independente.

É incrível que numa terra de tanta fartura ainda haja fome. Nada como levantar e tomar um café-da-manhã, no meio do dia almoçar e ainda a noite, o jantar ou um lanche. Disso depende o desenvolvimento físico e o amadurecimento de todas as funções do organismo minimamente ideal; mas em nossa pátria amada, o ideal e o real são alargados em uma distância abissal. Existe uma realidade cruel perversa de irmãos brasileiros, crianças e idosos, que padecem diariamente com fome, sendo degradados em sua dignidade. Nada pior do que não ter condições de alimentar o corpo, de não ter o que dar de comer para um filho, isso significa o agravamento do desespero. Que dignidade pode ter alguém que não tem como alimentar a si e sua família? A dor da fome atinge não apenas o físico, contudo a alma. Como cristão, podemos afirmar que ofende não somente a criatura, mas o criador.

Nossa amada nação ainda é formada por gente muito pobre. A pobreza no aspecto extremo é uma afronta ao ser humano e a Deus. Infelizmente o Brasil é um dos campeões mundiais de má distribuição de renda. A pobreza gera deficiência nutricional, habitacional e educacional. A pobreza extrema tem degradado o brasileiro, corroído a sua dignidade, o que de forma significativa altera seu comportamento.

Um outro problema decorrente da pobreza extrema é a situação do menor onde milhares padecem a margem da sociedade. A causa mais próxima a condicionar a marginalização do menor no Brasil é, sem dúvida, a desagregação da família, em decorrência da pobreza, além da rápida transformação dos valores da nossa sociedade que tem desintegrado o núcleo familiar. Há crianças aos milhares em São Paulo, no Rio, em Salvador, Recife, BH, Manaus, Porto Alegre, Brasília, enfim, em cada cidade desse país, abandonadas por morte ou incapacidade dos pais, por rejeição ou deserção do lar, por indigência e outros males. Crianças marginalizadas, carentes, privadas do brincar, ausentes dos bancos escolares, porem presentes nas ruas, atestando o subdesenvolvimento do nosso independente Brasil. Aliás, falar de escola é até um sacrilégio, porque muitos especialistas atestam que o tema 'educação' é o maior problema da nossa nação. Não temos conseguido oferecer nem quatro anos de escolarização às nossas crianças.

Por outro lado o Brasil está envelhecendo. Logo a maioria dos brasileiros dependerão dos cuidados da família, com a grande maioria ganhando mal como aposentados, sentindo-se um peso para os outros. Muitos dos nossos idosos brasileiros vivem a experiência do abandono, da solidão, sentindo-se descartáveis o que inevitavelmente os leva ao estado de depressão.

Amanhã, portanto, é dia de celebração, mas a nossa amada pátria vai mal. Milhares moram embaixo de marquises, sob pontes e viadutos, em favelas, cortiços, casebres, sem acesso a água tratada, a rede de esgoto, a coleta de lixo, a postos de saúde e a outros mecanismos de cidadania e promoção social. Assim tornam-se alvos fáceis de doenças e nem têm como depender da saúde pública que está capenga em toda federação, resultado de uma infinidade de maus governos encarnados pela injustiça. A fragilidade do nosso Brasil independente é gigantesca. Acho que não há nem o que comemorar. Talvez mais do que nunca seja preciso orar por justiça, sabedoria e amor. Numa hora dessa recordo da obra de João Alexandre: "Como será o futuro do nosso país? Surge a pergunta no olhar e na alma do povo. Cada vez mais cresce a fome nas ruas, nos morros, cada vez menos dinheiro pra sobreviver. Onde andará a justiça outrora perdida? Homens com tanto poder sem nenhum coração, gente que compra e vende a moral da nação". Mas ainda é possível uma expectação: "Brasil olha pra cima, existe uma chance de ser novamente feliz. Brasil há uma esperança! Volta teus olhos pra Deus, o Justo Juiz".

IGREJA BATISTA DO ESTORIL - 58 anos atuando Soli Deo Gloria

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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