Reinaldo Cafeo

Selic mantida em 2% ao ano

20/09/2020 | Tempo de leitura: 3 min

Como era esperado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central brasileiro manteve a taxa básica de juros em 2% ao ano. Mesmo não rebaixando a taxa, o Brasil pratica atualmente a menor taxa de juros tanto nominal como real (descontada a inflação) de sua história.

A prioridade foi o controle da inflação

Considerando a necessidade de estimular o crescimento econômico, mesmo com juros já baixos, seria plausível apostar em queda nos juros, mesmo que pequena, afinal, o primeiro semestre deste ano apontou queda de 5,9% no PIB se comparado ao mesmo período do ano passado. No segundo trimestre, último dado disponível, o tombo foi maior ainda: 9,7% em comparação ao trimestre anterior. Contudo, a prioridade da Autoridade Monetária é o controle inflacionário.

Inflação abaixo da meta, mas em alta

Os recentes aumentos de preços, notadamente no grupo alimentação, fez com que o Banco Central voltasse seu olhar ao controle inflacionário. Nada que indique que irá ultrapassar a meta de inflação de 4% para este ano, mas a pressão de preços no curto prazo fez acender o sinal de alerta. Tudo aponta que a inflação deste ano sequer atingirá o mínimo perseguido nas metas inflacionárias, ou seja, 2,5% (tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo em relação a meta), mas todo cuidado é pouco. A decisão em manter os juros atuais é pedagógico.

Na prática nada muda

Nem os juros para remunerar os poupadores em aplicações conservadoras (renda fixa), nem a taxa de juros para empréstimos sofrerão alterações. Como a próxima reunião do Copom será em 27 e 28 de outubro, nenhuma novidade até lá. Fiquemos de olho nos juros de longo prazo, estes refletem as incertezas da economia brasileira.

Tombo na economia brasileira

Várias projeções são elaboradas apontando qual será o tamanho do tombo da economia brasileira. Os recentes números do varejo, também dos setores primário e secundário, geraram mais otimismo. O IBC-Br (prévia do PIB), por exemplo, trouxe crescimento em julho de 2,15%. É o terceiro mês consecutivo de alta. Temos assim vários olhares: o do governo, que refez suas contas e aponta queda de 4,7% em 2020; a do mercado, que aponta queda de 5,11% (poderá ser revista amanhã no Boletim Focus do Banco Central) e a da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico que refez seus cálculos e reduziu de um tombo de 7,4% para 6,5%. Seja lá qual for o número, será um ano a ser esquecido.

Rigor fiscal

Esta é a saída para o Brasil retomar a confiança dos agentes econômicos. Elevar o PIB artificialmente, contando com repasses de recursos governamentais, não sustentará o crescimento econômico. Como a política monetária já não é capaz de gerar forte impacto na economia, somente com rigor fiscal ou no mínimo a sinalização nesta direção é que estimulará os investimentos produtivos, estes sim, capazes de gerar um novo ciclo de prosperidade. O restante serão ações isoladas, gerando "artificialismo" principalmente no estímulo ao consumo sem geração de riqueza. Fiquemos atentos aos sinais da equipe econômica.

Estruturas de Mercado

Para explicar o comportamento do mercado no tocante a alta de preços, notadamente dos alimentos, vamos lembrar como funcionam as estruturas de mercado. Os alimentos in natura operam na estrutura de mercado denominada de perfeitamente competitivo. As principais características deste mercado são: existir um grande número de vendedores e compradores e um agente econômico isoladamente não conseguir interferir no mercado, além de comercializarem produtos homogêneos, como são as commodities. Dizemos em economia que são tomadores de preço no mercado, isto é, a lei de oferta e procura define o preço. O arroz por exemplo, teve menor área plantada. Sofreu impacto da alta do dólar tanto nos insumos como no preço final e ainda observou aumento das exportações, com aumento da demanda doméstica: preços subiram. Agora é substituir ou reduzir o consumo até que estes preços caiam.

Mude já, mude para melhor!

Não perca tempo com coisas menores. Tenha foco e trabalhe no que é importante. Sempre é tempo para mudar. Mude já, mude para melhor!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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