Wagner Teodoro

A palavra é isonomia

27/09/2020 | Tempo de leitura: 4 min

Depois de um primeiro encontro com bate-boca e ânimos exaltados, nova reunião entre dirigentes da CBF e representantes de 19 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro descartou o retorno de público aos estádios de futebol na elite do Nacional, por enquanto. A CBF adotou, a princípio, após posicionamento dos clubes, uma postura de que ou tem público para todos ou não tem torcida nos jogos. A decisão foi unânime entre os participantes da reunião. O único ausente foi o Flamengo. E a palavra realmente é isonomia. Absurda qualquer opinião que apoie a volta dos torcedores em determinadas cidades e em outras, não. A federação do Rio de Janeiro e o Flamengo são ferrenhos defensores do retorno dos torcedores. Despautério total. O prejuízo de equipes de outros estados seria imenso. Prejuízo técnico, prejuízo financeiro. Além disso, a credibilidade do futebol brasileiro, que já não está tão em alta, iria de vez para o buraco. A quem defende torcida para uns e para outros, não, falta empatia e visão geral, o que impede de perceber que o dano para o "produto Brasileirão" seria imenso. Outra coisa, o protocolo sanitário da CBF não prevê presença de público.
Mesmo na Europa, onde alguns campeonatos já começam a ter público, não existe um consenso. A final da Supercopa entre Bayern de Munique e Sevilla, em Budapeste, teve aproximadamente 15 mil espectadores no estádio. Mas o governo da Baviera, terra do Bayern, desaconselhou a viagem para a Hungria, considerada "zona de risco". Foram 1200 alemães na partida. E somente 350 ingressos foram adquiridos pelos torcedores do time espanhol. Espanha, aliás, que mantém a proibição de público nos estádios, uma vez que a pandemia não está controlada no país. No Brasil está? Seria o caso mesmo de termos público? Na Alemanha, que foi referência na forma como lidou com o coronavírus, já há torcida nos jogos. Mas a medida foi aprovada pelos 16 estados alemães. Ou seja, isonomia. Todos podem contar com até 20% de torcedores. A Inglaterrra adiou o retorno dos fãs às partidas e a França adota um limite de 5 mil presentes aos locais de competição. Claro, válido para todos os clubes e não apenas para alguns

Contradição

Justamente o Flamengo, que defende público em seus jogos em casa, brigou com todas as armas para adiar o duelo contra o Palmeiras, nesta rodada do Brasileirão, por casos de Covid-19 em seu elenco. Se dentro do protocolo para competições ocorre um surto de coronavírus, imagine com o público nas arquibancadas. Porque a questão não é só dentro dos estádios, tem todo o entorno, a aglomeração de pessoas, ambulantes, que uma partida de futebol sempre envolve. Se montou um grande elenco, a diretoria do Flamengo tem um lado que é péssimo. O clube foi o primeiro a voltar a treinar ainda durante a quarentena, quando não havia autorização para atividades, pressionou para o retorno do futebol, teve postura irredutível de jogar contra o Atlético-GO, quando o clube goiano teve surto de Covid-19 em seu elenco, entre outras atitudes condenáveis. Dá para acreditar que a diretoria rubro-negra está pensando na saúde pública quando pede o adiamento do jogo?

Desorganização

O Campeonato Paulista de vôlei feminino começou e, pelos elencos, surgem como favoritos Sesi Bauru e Osasco. A não ser que ocorra uma surpresa, como na temporada passada, quando o São Paulo, com uma equipe jovem, aprontou e ficou com o título. O que não surpreende é a desorganização da Federação Paulista de Volleyball (FPV), que todo ano demora a ter definições sobre a disputa, a oficializar informações. Nesta temporada chegou ao ápice de divulgar a tabela consolidada um dia antes do início do Estadual. Absurdo. Além de desorganização, a atitude fere o que determina o Estatuto do Torcedor, que rege e estabelece normas para as competições no País. "É direito do torcedor que o regulamento, as tabelas da competição... sejam divulgados até 60 dias antes de seu início", diz o documento em seu artigo 9º. Prazos não cumpridos pela FPV em vários anos, quando havia presença de público nos ginásios. Em 2020 a pandemia pode servir de argumento para um atraso. Talvez não fosse realmente possível respeitar os dois meses de antecedência e nem teremos torcida nas partidas (em anos anteriores não há desculpa). Mas tabela um dia antes do início não é um pouco demais?

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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