Reflexão e Fé

Um inimigo chamado adultério

Hugo Evandro Silveira Pastor Titular - Igreja Batista do Estoril. E-mail: hugoevandro15@gmail.com

25/10/2020 | Tempo de leitura: 4 min

Adultério é normalmente definido como uma violação da regra de fidelidade conjugal, cujo princípio consiste em se manter relações carnais fora do casamento. A prática do adultério na sociedade contemporânea tem sido mais comum do que muitos gostariam de admitir. Apesar da tentativa de minimizar o problema do adultério, associando-o de forma simplista com o mito do "cabra-macho", do mulherengo, naquela ideia de que "caiu na rede é peixe" ou que se trata apenas de uma questão de "fraqueza", todavia o adultério aponta para uma deformidade de caráter e desonestidade com o outro. A tolerância social para com o adultério tem sido claramente propagada pela mídia e "encarnada" como atividade normal no cotidiano de muitas pessoas. Dessa forma, o relacionamento monogâmico não é mais interpretado como uma virtude, mas como um comportamento até ultrapassado. Além do mais, a "sensualidade legal" da cultura brasileira influencia a todos e assim muitos flertam com o "inimigo chamado adultério".

Por mais que soframos ataques liberais, insistimos na defesa da ordem, compreendendo que o ensino evangélico traz benefícios e bênçãos não só à igreja, mas a toda sociedade em comum. Na cosmovisão bíblica, o adultério é uma arma de destruição do indivíduo, dos sonhos, da alegria, da paz, dos filhos, netos, enfim, toda família. Realmente a infidelidade conjugal destrói casamentos e famílias, trazendo grandes prejuízos sociais, econômicos, emocionais e espirituais. Segundo o sábio bíblico, arrazoando sobre o adultério, disse que "só mesmo quem quer arruinar-se é que pratica tal coisa" (Pv 6.32).

Enquanto que em países de orientação mulçumana o adultério é considerado crime, no ocidente há um movimento escancarado pela motivação de buscar novas formas não-monogâmicas de relacionamento e satisfação. Jesus deixou claro que o adultério pode ser um ato mental e emocional e não apenas físico, pois segundo ele "qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela" (Mt 5.28). Então, tudo começa na mente e na cobiça dos olhos, enraizada nas fantasias do coração, em busca de prazer a qualquer custo; aliás, o adultério virtual já é uma das práticas mais comuns na sociedade informatizada. Segundo a jornalista Daniela Pinheiro, "a internet criou uma nova maneira de ser infiel: começa com mensagens, evolui para confidências, logo entra no reino das fantasias sexuais. Quando menos se espera, o marido ou a mulher já estão teclando sem parar com um desconhecido. Mesmo que nunca se transfira para a vida real, já é traição e machuca do mesmo jeito".

Em uma sociedade erotizada e hedonista, a tolerância para com o adultério pode ser observada através da popularidade das manchetes nos incontáveis casos de infidelidade conjugal de artistas noticiados nos programas sensacionalistas da TV, na Internet, nas revistas semanais, novelas, filmes e até mesmo nas técnicas terapêuticas que defendem a prática extraconjugal, em especial na crise da meia-idade, como sendo uma propositura inofensiva e positiva. A verdade é que a infidelidade conjugal se tornou tão comum que, embora ainda haja um certo sentimento público de rejeição da prática da infidelidade deliberada, mas ela não é mais vista como um grande desvio moral. Parece correto afirmar que a "sensualidade legal", sobretudo, em nossa cultura brasileira, comprova a tese de que não existe pecado do "lado de baixo do equador", anestesiando e cauterizando a mente até dos mais conservadores.

Entretanto, nada pode destruir um casamento mais rápido do que o adultério. Na ótica cristã, para que haja restauração em um casamento corroído pelo adultério, é necessário promover perdão mútuo sob a contínua dependência da graça de Deus. O homem deve manifestar afeto e carinho para com a esposa, além de respeito, honestidade, transparência, comprometimento, educação e diálogo, assim como era no tempo do namoro. O marido que dedica tempo para conversar com a sua esposa sempre terá um caminho aberto ao coração dela, proporcionando amor e segurança. Então, o bom amante, neste sentido, não é apenas aquele que desempenha o seu papel na cama, mas o que procura ser um marido gentil, leal e presente. Por outro lado, a mulher deve ser companheira e sensível às necessidades afetivas do seu cônjuge, dando-lhe apoio tanto em seu ofício familiar como profissional, admirando-o com sinceridade em vez de pressioná-lo exacerbadamente. Além do mais, o universo de entretenimento do marido também deve ser povoado pela esposa, encurtando as diferenças. Longe daquele mito do casamento perfeito, fato é que o problema aqui tratado existe, é maligno e atinge e destrói multidões. Sim, é possível de forma responsável, confidentes mútuos, construir e permanecer em um casamento feliz, atentos ao perigo da queda moral pelo inimigo chamado adultério.

IGREJA BATISTA DO ESTORIL

58 anos atuando Soli Deo Gloria

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