Reinaldo Cafeo

Juros não devem subir no curto prazo

01/11/2020 | Tempo de leitura: 4 min

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa básica de juros em 2% ao ano. Não houve surpresa. No comunicado o Banco Central admite que a inflação está acima do esperado: "apesar da pressão inflacionária mais forte no curto prazo, o comitê mantém o diagnóstico de que esse choque é temporário, mas monitora sua evolução com atenção". A leitura é que a taxa será mantida no patamar atual até o fim do ano.

Juros e inflação

Vale destacar que a inflação oficial, medida pelo IPCA, saltou de uma previsão inicial abaixo de 2% para este ano, para um patamar em torno de 3%. Do ponto de vista técnico, seria factível que a taxa básica de juros tivesse alta, entretanto, prevalece a postura do Banco Central de manter a política monetária mais frouxa, inclusive, com juros reais negativos, algo inédito no Brasil. A prioridade é a retomada do crescimento econômico, e juros baixos auxiliam nesta retomada.

IGP-M de outubro: 3,23%

Continua elevado o IGP-M, Índice Geral de Preços do Mercado, calculado pela Fundação Getúlio Vargas: subiu 3,23% em outubro. Ficou um pouco abaixo do índice do mês passado, quando atingiu 4,34%. Assustador é o acumulado em 12 meses: 20,93% sendo o maior valor desde 2003, quando atingiu 21,42% em 12 meses. Somente neste ano, portanto, em 10 meses, o IGP-M acumula 18,10%.

Por grupos

Com 60% de peso no valor final do IGP-M o IPA, Índice de Preços ao Produtor, subiu 4,15% em outubro depois de avançar 5,92% em setembro. Preços industriais e agropecuários subiram menos no período. Já o IPC, índice de Preços ao Consumidor, que pesa 30% no IGP-M, subiu de 0,64% em setembro para 0,77% agora. Também observou alta o INCC, Índice Nacional de Custos da Construção, saltando de 1,15% no mês passado para 1,69% em outubro.

Reajuste dos aluguéis

Quem tem contrato de aluguel com data base em novembro e aceitou o IGP-M como índice de correção, terá reajuste legal de 20,93%. Completamente fora de qualquer realidade. Como já indicamos aqui na coluna sem dúvida alguma o inquilino tem que negociar com a imobiliária ou o dono do imóvel. Em tempos normais corrigir qualquer valor em 20% em um ano, com inflação oficial na casa dos 3% já seria inaceitável, em ano de pandemia então, passa a ser obrigatória a negociação. Se você está nesta situação se antecipe e abra as tratativas para trazer a correção dentro do razoável.

Economia brasileira: confiança da indústria em alta

Dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV) indicam que a confiança da indústria brasileira em outubro atingiu o nível mais elevado em 9 anos e meio. O ICI (Índice de Confiança da Indústria) subiu 4,5 pontos em outubro atingindo 111,2 pontos, representando o maior nível desde abril de 2011 quando o índice chegou a 111,6 pontos. A sondagem da FGV mostra que o setor industrial está otimista quanto ao desempenho do setor indicando boa performance até o fim do ano. Também melhorou o NUCI - Nível de Utilização da Capacidade Instalada atingindo 78,2%, tendo tido alta de 1,6 ponto percentual. Este nível está muito próximo ao período pré-pandemia.

O que esperar?

Na prática o País vem operando quase na normalidade, com baixa restrições de circulação da população, o que não era realidade há meses. Há muitas incertezas no tocante a eficácia da vacina contra a Covid19 e até mesmo quanto a remédios que ajudem na cura da doença, mas as famílias voltaram a consumir. De um lado há demanda reprimida, afinal, o isolamento e o distanciamento social adiaram compras de vários produtos não essenciais, de outro lado há forte injeção de recursos no mercado via transferência de renda, estes fatos elevaram o apetite do consumidor, refletindo no otimismo do setor industrial, que detecta este movimento antes de atingir diretamente o varejo, afinal, é o setor que fornece os produtos a serem comercializados ao consumidor final. Não obstante o otimismo apurado pela FGV fica o alerta: há muito a ser feito ainda na economia brasileira, principalmente na recuperação do mercado de trabalho. O desempenho atual de vários setores da economia é fruto de artificialismo que tem prazo de validade.

Mude já, mude para melhor!

Comemore suas conquistas, das menores até as grandiosas. É assim que nos sentimos realizados. Mude já, mude para melhor!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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