Reflexão e Fé

Monoteísmo

Hugo Evandro Silveira Pastor Titular - Igreja Batista do Estoril. E-mail: hugoevandro15@gmail.com

29/11/2020 | Tempo de leitura: 4 min

Em um mundo cada vez mais politeísta, a Bíblia cristã, assim como a Torá do hebraico ??????? - t?r?h, revela o "monoteísmo" - "um único Deus", criador dos céus e da terra, onipotente, onisciente e onipresente. Augustus Hopkins Strong, teólogo, afirma que "as tribos menos desenvolvidas que chamavam de deus uma árvore, uma pedra ou um animal, até eles, de certa forma, possuíam a percepção de um só Deus criador e sustentador de todas as coisas". Transliterando a frase do filósofo grego Plutarco, Strong resumiu: "Se alguém passasse pela terra, poderia encontrar, desde os tempos antigos, cidades sem muralhas, sem escrita, sem reis, sem casas e escolas, desprovidas de riquezas; mas um povoado sem templos e deuses, sem orações e oráculos, sem sacrifícios para obter o bem ou evitar o mal, ninguém nunca viu". Isso significa dizer que os homens possuem a necessidade inata de adoração.

Quando se pensa em politeísmo, a humanidade tem produzido milhares de divindades. As mais famosas talvez sejam os deuses da mitologia grega: Zeus, Hades, Ares, Ártemis, Atena, Afrodite, Apolo, Dionísio, Hermes, Eros, Poseidon e etc. Na tradição babilônica também cultuava-se vários deuses como Sin, Ningal, Inanna. Já na mitologia Persa, Ormuz, Mitra, Ahura Mazda, Angra Mainyu, além de um grande número de deusas e deuses malignos. Na crença nórdica Odin, Hela, Loki e Thor eram deuses. No Egito adorava-se Rá, Nut, Osíris, Ísis, Set, Neftis e mais uma porção deles. No panteão romano Netuno, Baco, Diana, Jano, Juno, Marte, Saturno, Júpiter, Mercúrio, Minerva, Plutão, Vênus, correlatos a deuses gregos. No Japão em sua cultura milenar os deuses ou devas são Izanami, Izanagi, Amaterasu, Shitenno. Na India, é espantoso que haja mais de 33 milhões de deuses como Hindu em Brahma, Vishni e Shiva; a lista é interminável, Ganesha, Krishna... além de animais como o elefante, o macaco, a vaca, cobra, tigre, considerados reencarnações divinas. Além de todos os deuses mitológicos das civilizações dos quatro cantos do mundo, o mais curioso é encontrar seres humanos, mortais, auto denominando-se deuses. Seria cômico, senão trágico. Talvez os mais excêntricos deuses humanos fossem os imperadores romanos e os Faraós. Na cultura politeísta sempre houve humanos sendo elevados a estatura de um deus. Não vai longe, até mesmo em pleno século 21, o ex-jogador e craque de futebol Maradona é venerado como um deus.

Então o politeísmo é a cosmovisão de que existe uma multiplicidade de deuses em ação. O próprio mormonismo apoia um número de deuses indefinidos. Contudo, a história mostra que o politeísmo grego entrou em declínio na ascensão do teísmo filosófico de Platão e Aristóteles. Já o politeísmo romano entrou em colapso na ascensão do monoteísmo cristão. Todavia, na contemporaneidade, o politeísmo está com tudo, em plena atividade. As pessoas do nosso tempo, apesar de tecnológicas, mas diante da finitude e inexplicabilidade da vida, procuram entrar em sintonia com os deuses antigos e modernos a fim de solucionarem seus dilemas. Isso se encontra em plena concordância com essa cultura pós moderna que defende o pluralismo radical, anárquico, sem horizontes ou limites. Tudo vale, e não há verdade, nem moral ou Deus. Hoje, o tolerável é uma multiplicidade de ideias e deuses que apontam a direção de um horizonte indefinido. O judeu Yuval Noah Harari em seu livro Sapiens elege a moeda como o maior deus do terceiro milênio. A moeda portanto é mais um deus incluído no panteão infinito do politeísmo atual. O politeísmo, portanto, na perspectiva ocidental moderna, defende o ideal da inclusão. Logo, o politeísmo exige a demolição do monoteísmo. Por outro lado, é interessante observar, que apesar da multiplicidade de deuses, eles não são venerados todos ao mesmo tempo, mas apenas um de cada vez pelo indivíduo; então nesse ponto, até mesmo o politeísmo indica, involuntariamente, um monoteísmo.

O monoteísmo clássico é a crença em um único Deus acima e além do mundo. Na cosmovisão monoteísta todos os sistemas da vida seja teológico, sociológico, político, histórico, filosófico, psicológico e científico, unem-se sob a construção de um único e soberano Deus. Não há razão para negar o monoteísmo bíblico, pelo contrário, há evidências suficientes de que o monoteísmo foi o primeiro entendimento de devoção divina, mas que os homens, sob orgulho, desviaram-se, assim como expresso na carta do apóstolo Paulo aos Romanos 1.19-25. As evidências de um único Deus que se ajusta perfeitamente, sem distorções, a respeito da existência da vida são claras. Então, prefiro ficar com as palavras do Senhor Jesus, quando declarou em Lucas 4.8 : "Somente ao SENHOR teu Deus adorarás, e só a Ele prestarás culto" - E no Êxodo 20.2,3 : "Eu Sou o SENHOR teu Deus, ... Não terás outros deuses além de mim".

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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