Alberto Consolaro

Vacinas: você decide qual

05/12/2020 | Tempo de leitura: 2 min

Quando se incorporou genes na soja e milho foi um escândalo. Até hoje tem gente que não come nada transgênico, ou seja, que tenha genes de outra espécie na composição. Para estas pessoas, o alimento não deve conter genes que o faça ser resistente a uma praga.

VACINAS INOVADORAS

Ao incorporar RNA ou DNA do coronavírus nas células como fazem algumas vacinas que usam técnicas inéditas, fazemos a mesma coisa, pois nos deixam mais resistentes a uma determinada praga como um vírus. Pode-se dizer que viraremos transgênicos? Teremos genes virais incorporados dentro do RNA ou DNA. Vai ficar estranho a pessoa não ingerir transgênicos, mas ter genes de outra espécie no seu próprio genoma!

Isto não significa que vai acontecer também nos espermatozoides e óvulos das pessoas vacinadas? Se não incorporar as partículas genéticas virais nas células responsáveis pela formação dos novos seres ou gametas, estas mudanças não serão transmitidas para as futuras gerações.

Estas vacinas a base de genes por incorporação, mesmo que fabricadas no laboratório e iguais às do vírus, podem ser consideradas manipulações genéticas? Estamos manipulando, mudando ou incorporando genes para um suposto benefício no ambiente que vivemos.

Saibamos conscientes: certas vacinas são pedaços do RNA ou de DNA do coronavírus feitos em laboratório que induzem as células a fabricar proteínas iguais às do coronavírus, o que estimula o sistema imunológico a produzir anticorpos e células de memória, atacando-as, pois são estranhas apesar de fabricada por nós!

O organismo vai ser uma fábrica de proteínas virais. Quando entrar o vírus verdadeiro, o corpo vai estar lotado de anticorpos e células preparadas para destruir. Pode dar errado? O sistema imune pode atacar as células produtoras de proteínas virais e gerar doenças autoimunes? Ninguém pode responder com segurança absoluta, é tudo muito novo!

VACINAS CLÁSSICAS

As vacinas feitas nas formas clássicas não manipulam e mudam os genes, pois são feitas com vírus naturais atenuados, mortos ou fragmentados sem modificar o RNA ou o DNA para incorporar genes nas células.

Ao introduzir vírus mortos ou fragmentados se induz uma resposta imunológica que em uma primeira fase com 14 a 21 dias para produzir anticorpos e células de memória. Depois, a segunda dose é que vai potencializar a resposta, produzindo muito mais anticorpos e células em relação à primeira, mas leva mais 14 a 21 dias.

A pessoa só estará imunizada contra o coronavírus se estes prazos forem respeitados. Se não respeitar, a pessoa pode ainda contrair a doença. Se isto acontecer, a pessoa vai dizer que foi a vacina que a adoeceu ou que a vacina não funcionou. Não é nada disto, foi ela que não obedeceu os prazos.

REFLEXÃO FINAL

Quantos não criticaram duramente os produtos transgênicos? Quantos não disseram que os chineses estavam manipulando genes na vacina para afetar as pessoas e agora percebe-se que esta alteração de genes pela vacina está sendo feita no mundo ocidental. Acreditem, quase que fiquei confuso com esta inversão geográfica!

(Alberto Consolaro – Professor Titular da USP e Colunista de Ciências do JC)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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