Talvez não como Moisés, mas também conhecemos e experimentamos as dores e as lutas dessa vida, sobretudo a dor de perder nossos próximos. Todavia, na poesia de Moisés registrada no Salmo 90, podemos aprender com sua lucidez a respeito da existência humana. Ele diz, "O SENHOR é quem faz os homens voltarem ao pó. Como uma correnteza, Tú arrastas os homens que são breves como o sono; são como a relva que brota ao amanhecer; os homens germinam e brotam pela manhã, mas, à tarde, murcham e secam" (Salmo 90.3,6). Apesar dos momentos de alegria que toda pessoa desfruta eventualmente, Moisés, nesse trecho, está refletindo sobre a feia realidade da vida humana, afinal, independente do surto que enfrentamos em 2020, certo é que estamos todos morrendo a cada dia. Mais do que nunca, 2020 escancarou que veras, a morte não conhece favoritos, ela chama os mais velhos e mais novos e redireciona subitamente nossas vidas ao luto. Quantos que inesperadamente passaram esse Natal e o Ano Novo enlutados? À medida que as pessoas mais próximas a nós expiram, nossos corações são esmagados. Não há dor maior do que perder pra morte aqueles que nos são próximos. Então, em sua lucidez Moisés lamenta: "Os anos de nossa vida são setenta, ou pelo vigor, oitenta; entretanto, são anos difíceis e cheios de sofrimento, pois a vida passa depressa, e nós voamos!" (Sl 90.10).

A Bíblia revela que o pecado é o nosso maior problema diante de Deus, que apesar de misericordioso, permanece santo e justo. Inclusive, a Bíblia também revela que a morte é um problema do pecado, que manchou a criação; assim, a morte pode chegar á todos e a qualquer momento. Consciente, Moisés cita essa máxima quando diz: "Deus conhece todos os nossos pecados, nenhum deles, por mais secretos que sejam, escapam da Tua luz, assim nossos dias passam sob Teu furor e vão-se como breve murmúrio" (vss. 8,9).

Entretanto, Moisés também lembra-se de boas novas. Logo após a sua aterrorizante pergunta: "quem conhece o poder da ira de Deus? (cf. vs. 11), o autor faz um apelo sincero: "Satisfaze-nos pela manhã com o teu amor leal, e todos os nossos dias cantaremos felizes. Dá-nos alegria pelo tempo que nos afligistes, pelos anos em que tanto sofremos" (vs. 14,15). Portanto, mesmo diante da severa realidade, Moisés lembra-se e clama pelo amor leal de Deus como forma de encarar os dias de sofrimento. Ele crê, que sob o amor leal de Deus, ainda que em face da morte, podemos ser felizes.

Moisés soube que não seria ele quem conduziria Israel à terra prometida, mas, Josué seu sucessor. Josué conduziu o povo ao descanso e, Josué aponta para Jesus - aliás Josué é o nome hebraico para Jesus no grego. Em Jesus manifesto ao mundo, temos a possibilidade da esperança do descanso eterno, mesmo enfrentando sol à sol os desertos da pandemia, da corrupção, maldades e desgovernos. Isso faz tornar o primeiro versículo do Salmo 90 muito significativo ao nosso coração: "Senhor, tu tens sido a nossa morada de geração em geração. Antes que as montanhas surgissem, antes que tivesses formado a terra e o mundo, de eternidade a eternidade só Tú és Deus" (Sl 90.1). Ainda que em face da morte, Jesus é a nossa morada, nosso refúgio. Josué - Jesus é quem conduz-nos ao descanso. Jesus é o Reino chegado á todos os que confiam em Seu Nome, porque Ele é quem aniquila todo pecado. Então, quem olha 2020 com lamento e dor, desvie seu olhar para Jesus, porque, ainda que andes pelo vale da sombra e da morte, não temerás, por que Jesus está contigo. Isso deve-lhe mudar a forma de encarar o que passou e o que virá.