Reflexão e Fé

Vacinas são para o corpo

Hugo Evandro Silveira Pastor Titular - Igreja Batista do Estoril. E-mail: hugoevandro15@gmail.com

24/01/2021 | Tempo de leitura: 4 min

Em meados de 1904, o número de internações devido à epidemia da Varíola era aos milhares. Mesmo assim, as camadas populares rejeitavam a vacina, por questões pontuais, corria o boato de que quem se vacinava ficava com feições bovinas. Em 1846 a vacina contra a Varíola havia sido declarada obrigatória aos adultos, mas essa resolução não era cumprida; até que Oswaldo Cruz motivou o governo de Rodrigues Alves a enviar ao Congresso o projeto para reinstaurar a obrigatoriedade da vacinação em todo o território nacional. Após aprovação do Congresso, no início do século 20, apenas os que comprovassem ser vacinados conseguiam contratos de trabalho, matrículas em escolas, certidões de casamento e autorização para viagens. Isso fez eclodir uma revolta no Rio de Janeiro: "A Revolta da Vacina". Conta-se que ouve grande destruição, tiros, gritos, vaias, estabelecimentos fechados, bondes assaltados e queimados, lampiões quebrados à pedrada, árvores derrubadas, edifícios públicos e particulares deteriorados, rebelião militar, num saldo de quase mil prisões, muitos feridos e 31 mortos. Com toda essa confusão criaram a "Liga contra a vacina obrigatória" no intuito de impugnar Rodrigues Alves, o que levou-o a desistir da vacinação obrigatória. Todos perderam, os revoltosos foram castigados pela lei e, logo em seguida, pela própria epidemia. Só na cidade do Rio de Janeiro, capital federal, a população foi violentamente atingida pela Varíola, como se já não bastassem outros males que assolavam o povo como a Tuberculose, Febre Amarela, Cólera, Malária e Peste Bubônica. Enfim, as pessoas vencidas pela epidemia, arrependidas, correram para ser vacinadas. Nesse caso, além da infecção, o maior inimigo da população foi a ignorância alimentada pelos boatos, fake news.

Hoje enfrentamos o mesmo drama em nível mundial. Indagações e desconfianças quanto as vacinas que combatem o Coronavírus são crescentes. Perguntam todos os dias: Há garantias nas pesquisas e eficácia nas vacinas Anticovid19? Quais os limites dos testes realizados nas pessoas? Naturalmente os seres humanos são objetos de inúmeros estudos científicos. Mas toda pesquisa que inclui pessoas exige-se ética, moral e responsabilidade, porque todo ser humano deve ser respeitado. Atualmente o mundo usufrui de incontáveis benefícios na área da saúde decorrente de pesquisas científicas de alta tecnologia realizadas com êxito. O sucesso do trabalho sanitário de Osvaldo Cruz atesta essa realidade. Contudo a história também mostra que nem sempre pesquisas, experiências e substâncias administradas no organismo humano resultaram em benefícios, ao contrário, populações inteiras já serviram de cobaias em experiências cruéis, que mesmo que tenha gerado algum conhecimento, jamais justificou o sofrimento de tanta gente manipulada como descartáveis. Hoje existem comitês que impõe limites de ética com critérios rigorosos em pesquisas científicas envolvendo seres humanos.

Em nossos dias confusos não se possui convicção a respeito da eficácia das vacinas; então muitos se aproveitam semeando teorias da conspiração colocando o trabalho da ciência em cheque a cerca das vacinas Anticovid19. Alguns religiosos catastróficos até espalham teorias infundadas de que a vacina é a "marca da besta". A desinformação conduz pessoas a uma profunda ignorância e escuridão. Os mais fundamentalistas chegam ao ponto de defenderem a antimáscara, o antidistanciamento, a antivacina, e alienadamente refutarem a letalidade do vírus.

O fato é que com a rapidez das pesquisas e produção, como leigos, não sabemos se essas vacinas realmente irão imunizar as pessoas. Vacinas aplicadas em caráter de experimentos sem eficácia comprovada é crime contra humanidade. Todavia pesquisas científicas protocolares, sem especulações, é ciência, é benefício, é trabalho, é sucesso, é vida, é graça divina, afinal "o SENHOR é quem concede sabedoria e dEle procedem a inteligência e o discernimento" (Provérbios 2.6) - "Em Deus estão ocultas toda sabedoria e conhecimento" (Colossenses 2.3). Então, a finalidade da criação das vacinas é a imunização; a vacina traz consigo a esperança de salvar milhares da morte. Por enquanto ainda estamos em um colapso mundial, milhares morrem por dia, milhões morrem emocionalmente; sob depressão, desespero e medo muitos suicidam-se, até crianças. E para tornar nosso cenário mais angustiante, no Brasil ainda resiste a absurda leniência com a corrupção, como no caso de Manaus onde milhões foram desviados em plena pandemia; dinheiro que era para ser aplicado na saúde do estado.

Uma vacina produzida com responsabilidade promove a vida e vida é premissa de Deus. O aumento da vida de muitas pessoas, como no início desse artigo, foi devido à descoberta de vacinas. Imunização é graça comum de Deus. Pesquisas por vacinas, com ética e responsabilidade, é coisa de Deus. Agora, sobretudo, a vacina em nada altera a nossa natureza, que é fundamentalmente espiritual. Vacinas são para o corpo, nada têm a ver com o espírito e a alma que permanecem guardadas em Cristo, aos que nEle creem;... então fique em paz!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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