Reinaldo Cafeo

Taxa básica: primeira alta depois de 6 anos

21/03/2021 | Tempo de leitura: 3 min

O Banco Central brasileiro através de seu Comitê de Política Monetária (COPOM) elevou a taxa básica de juros de 2% ao ano para 2,75% ao ano. Foi a primeira alta depois de 6 anos em que, ou a taxa caiu ou foi mantida. Surpreendeu o mercado à medida que a expectativa era que a taxa seria majorada no máximo em 0,5 ponto percentual.

Inflação e câmbio alicerçaram a decisão

O IPCA, inflação oficial do Brasil, teve alta de 0,86% em fevereiro acumulando em 12 meses 5,20%. Os preços no atacado vêm contaminando os preços no varejo e a inflação não para de subir. O mercado já projeta inflação acima de 4% para este ano, ficando acima da meta fixada pelo Banco Central que é de 3,75%. Elevar a taxa de juros neste momento tenta segurar a escalada de preços: de um lado mantendo o capital estrangeiro no País com juros maiores para quem aplicar em títulos públicos, gerando alta na oferta de dólares e/ou menor demanda pela moeda estrangeira. A expectativa é que a cotação do dólar caia. A outra justificativa para aplicar alta nos juros é atingir diretamente o comportamento dos preços.

Efeito nos preços 1

Especificamente sobre os preços a alta de nos juros causa alguns efeitos na demanda dos consumidores em relação aos bens financiáveis. O IPCA considera os preços de 377 produtos, que vão desde alimentos e bebidas, passando por transportes, comunicação, gastos da casa, gastos com saúde, entre outros. Os juros têm pouco ou nenhum reflexo nos bens de consumo imediato, como os alimentos e bebidas, por exemplo, tampouco com os gastos em combustíveis, energia, etc., contudo, os juros influenciam o comportamento do consumidor no tocante aos bens chamados financiáveis.

Efeito nos preços 2

Considerando o comportamento do consumidor há duas expectativas: 1) que o consumidor que está capitalizado, adie o consumo deixando seus recursos aplicados no mercado financeiro; 2) que o consumidor que adquire bens usando crédito, sendo este crédito mais caro, também adie o consumo. Neste caso os preços destes itens não subiriam ou ficariam estáveis, compensando eventuais altas dos demais preços pesquisados pelo IBGE. Vale lembrar que não há garantia que isso ocorra, pois depende do comportamento dos agentes econômicos, mas a lógica econômica por trás desta decisão é esta.

Melhora o rendimento da renda fixa

Quem aplica em títulos públicos, como é o caso do Tesouro Direto terá remuneração mais elevada. Também aumenta o rendimento da caderneta de poupança que é calculada em 70% da taxa Selic desde que esta seja menor do que 8,5% ao ano como é o caso atual. Salta de 1,40% ao ano 1,925% ao ano. As aplicações que têm como indexador o DI também sobe, pois o CDI segue como referência a taxa Selic. Alguns investidores em renda variável, como é o caso do mercado acionário, tendem a buscar a renda fixa.

Custo do dinheiro mais alto

Como o custo de captação do dinheiro fica mais alto, é natural que o custo do dinheiro suba. Assim crédito pessoal, rotativo do cartão de crédito, crédito consignado, entre outros, tendem a subir. No caso do crédito imobiliário àqueles que têm a poupança como indexador sobem já. Demais modalidades dependem da decisão de cada Instituição Financeira. Vale lembrar que empréstimos com garantia tendem a ser mais baratos no mercado, como são os casos do financiamento de bens (carros, por exemplo), imóveis, penhor de joias e crédito consignado.

Menor crescimento econômico

A decisão em elevar os juros pode impactar no crescimento econômico. Ao desestimular o consumo, o desempenho da economia pode ser menor. Vale lembrar que no cálculo do PIB pelo lado da demanda, a variável Consumo das Famílias pesa praticamente 70%.

Mude já, mude para melhor!

Momento delicado. De um lado novos casos de covid19, novas e muitas mortes. De outro lado mais miserabilidade com a paradeira da economia. É de se lamentar que não haja uma liderança política capaz de equilibrar estas duas questões. O cidadão comum fica perdido, sem ter a quem recorrer. Triste história de nosso País. Resta-nos rezar! Mude já, mude para melhor!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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