Reinaldo Cafeo

O que justifica recorde na arrecadação em março?

25/04/2021 | Tempo de leitura: 3 min

O ministro da Economia, Paulo Guedes, fez questão de anunciar pessoalmente o bom desempenho na arrecadação tributária federal no mês de março. Normalmente coordenado pelos técnicos da Receita Federal, Guedes fez questão de anunciar os números demonstrando a importância deste resultado. Em março a arrecadação federal alcançou R$ 139,9 bilhões, com aumento real (acima da inflação) de 18,49%, sobre o mês de março do ano passado. No acumulado do trimestre a arrecadação totalizou R$ 445,9 bilhões, com aumento real de 5,64% no comparativo com mesmo período do ano passado. Tanto a arrecadação de março como do trimestre foram as maiores para um mês de março desde o início da série (1995). Afinal o que justifica este bom desempenho?

Fatores não recorrentes

Os técnicos da Receita Federal esclarecem que parte do resultado apurado no período não repetirá em outros meses. São chamados de fatores não recorrentes. São exemplos: R$ 10,5 bilhões do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. O ano passado estas rubricas totalizaram R$ 2,8 bilhões. Outro fator que justifica este aumento é a desvalorização cambial. Os produtos importados ficaram mais caros em Reais, gerando mais tributos. Deve-se considerar que aqueles que não perderam renda, notadamente os mais ricos, passaram a comprar produtos supérfluos, os que são tributados em alíquotas mais elevadas.

Prévia do PIB

O Banco Central divulga a prévia do Produto Interno Bruto - PIB, o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) e o último dado foi de fevereiro, tendo alta de 1,70% sobre o mês de janeiro. Na comparação com fevereiro do ano passado a alta foi de 0,98%. Em 12 meses acumula queda de 4,02%. Os dados oficiais serão divulgados no mês que vem pelo IBGE.

Inflação na pandemia: maior para os mais pobres

O IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada divulgou estudo sobre o impacto da inflação sobre as classes sociais. A constatação é que os mais pobres tiveram maior impacto da carestia do que os mais ricos.

Diferença atingiu 2,6 pontos percentuais

O IPEA fez um recorte em fevereiro do ano passado analisando a inflação dos últimos 12 meses (março/19 até fevereiro/20) para as classes sociais e apurou que a diferença do aumento dos preços foi de 0,1 ponto percentual. Os mais ricos tiveram inflação de 4,0% enquanto os mais pobres 3,9%. Assim antes da pandemia a inflação era praticamente a mesma para os extremos no tocante a riqueza, com vantagem aos mais pobres. Passados 12 meses, com os efeitos da pandemia, no recorte de fevereiro deste ano analisando o acumulado entre março de 2020 e fevereiro deste ano o quadro inverteu. A inflação dos mais ricos foi de 4,7% enquanto para os mais pobres a inflação atingiu 7,2%, portanto, 2,6 pontos percentuais de diferença. Os preços dos produtos básicos, base do consumo dos mais pobres, subiram muito, enquanto, os preços dos supérfluos, adquiridos pelos mais ricos, subiram menos.

Inflação sempre prejudica os mais pobres

Controlar a inflação é praticar justiça social. A carestia sempre atingiu muito fortemente os mais pobres. Aqueles que possuem excedentes financeiros, portanto, os mais ricos, conseguem proteger o poder de compra de seu dinheiro, já os mais pobres, não. Com os preços em alta o poder aquisito cai e o consumidor mais pobre, ou compra menos produtos ou é obrigado a substituir os bens normais por bens inferiores. Por isso a equipe econômica, e em especial o Banco Central brasileiro, precisa ser cirúrgico no controle da inflação utilizando na plenitude os instrumentos de política macroeconômica. A previsão é que inflação atinja 5% este ano, com maior impacto na classe mais pobre da população.

Mude já, mude para melhor!

Uma sociedade somente amadurece quando as questões que atingem o cidadão, sua qualidade de vida, podem ser debatidas em plenitude. Há setores da sociedade que por interesses pessoais e até ideológicos não abrem espaço ao contraditório, utilizando de recursos e artifícios desiguais para a imposição de suas ideias. Fiquemos atentos para não deixarmos nos contaminar pelos esses retrógrados. Sempre é tempo para mudar. Mude já, mude para melhor!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

Receba as notícias mais relevantes de Bauru e região direto no seu WhatsApp
Participe da Comunidade

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.