Reinaldo Cafeo

O movimento do Banco Central

09/05/2021 | Tempo de leitura: 3 min

O Banco Central brasileiro está fazendo movimento de mudança na política monetária. Pela segunda vez consecutiva elevou a taxa básica de juros e sinaliza nova alta na próxima reunião do Comitê de Política Monetária, em junho. O BC reduziu os juros básicos para o menor nível da história, e agora começa movimento contrário.

Inflação como pano de fundo

A meta de inflação para este ano é de 3,5%, porém os resultados apurados e as projeções apontam para inflação acima de 5%, ficando no limite máximo da tolerância que é uma variação de 1,5 ponto percentual. Diante deste cenário, o Brasil passou a praticar juros reais negativos. A inflação precisa recuar e a política monetária (em especial a taxa de juros) auxilia nesta direção. Os chamados bens de consumo duráveis, que na maioria são financiáveis, terão menor demanda para quem precisa de crédito, e compensarão as altas dos bens e serviços não duráveis, cujos juros têm pouca ou nenhuma influência. O Brasil tem no geral uma inflação de oferta, com aumento de custos, e inflação de demanda notadamente na cesta básica (inclusive com insuficiência de oferta). Os instrumentos agora utilizados, poderão, na média de todos os preços pesquisados pelo IBGE para definir a inflação, fazer com que o resultado final seja inflação menor.

Fluxo de capital estrangeiro

Outro objetivo da alta dos juros é tornar o Brasil mais atrativo para o capital estrangeiro. Muitos investidores têm apetite para investimentos em Países Emergentes como o Brasil, mas exigem uma taxa de retorno mais alta. Na combinação do câmbio de entrada e de saída, com juros maiores este apetite pode voltar. Maior oferta de dólar, sem crescimento proporcional da demanda pela moeda estrangeira, valoriza o Real. Menor impacto nos custos dos produtos que são de alguma maneira influenciados pelo dólar.

Renda fixa e renda variável

A renda fixa passa a oferecer remuneração mais alta. O custo de oportunidade do sistema passa a ser de 3,5% ao ano em vez de 2,75% ao ano como era até então. Com isso os juros entre bancos (CDI) ficam mais elevados, oferecendo taxas superiores para quem busca segurança em suas aplicações. Por exemplo, a velha e conhecida caderneta de poupança, passa a render 0,20% ao mês (antes era 0,16%) à medida que seu rendimento é de 70% da Selic (sempre que esta for abaixo de 8,5% ao ano). Normalmente este movimento de alta de juros poderia tornar a renda variável (principalmente o mercado acionário) menos atrativa, contudo, o Brasil ainda pratica juros reais negativos, sendo assim, a atratividade por este prisma ainda continua.

Juros de empréstimos e crescimento econômico

Modalidades de empréstimos sem garantia real tendem a fica mais caras. Novamente vem a lógica do custo de oportunidade. Se o intermediário financeiro remunera mais para quem aplica seus recursos, irá cobrar mais de quem precisa de empréstimos. Quanto maior a garantia, menor o risco, menor a taxa de juros. Modalidades com tendência de alta: empréstimo pessoal, cheque especial, rotativo do cartão de crédito, entre outras. Impacto menor nas modalidades como financiamento imobiliário, penhor de joias, financiamento de bens como automóveis e crédito consignado. Menor demanda por crédito pode reduzir o crescimento econômico. São escolhas e a de agora é combater a escalada de preços que prejudica os mais pobres.

Fundação Dom Cabral capacitará empreendedores

Dentro do propósito de a cada Executivo treinado, oferecer conhecimento a um empreendedor que não tem recursos para sua capacitação, a Fundação Dom Cabral lançou o PraFrente. O público-alvo são os Microempreendedores Individuais. Serão cursos online, em plataforma com simples acesso. Lideranças empresariais locais auxiliarão na viabilidade do projeto. Voltaremos ao assunto.

Mude já, mude para melhor!

Se de um lado a pandemia agrava as desigualdades sociais, de outro lado cria uma corrente de solidariedade. Os mais afortunados podem, e diria, devem auxiliar na assistência aos menos favorecidos. Alguns podem ficar no campo da assistência e outros operaram na transformação da sociedade. Neste momento é preciso dar o peixe, e ao mesmo tempo ensinar a pescar. É a sociedade aprendendo na adversidade. É o caminho do amadurecimento das pessoas e das organizações. Sempre é tempo para mudar. Mude já, mude para melhor!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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