Reflexão e Fé

Só a oração teve acesso

Hugo Evandro Silveira Pastor Sênior - Igreja Batista do Estoril. E-mail: hugoevandro15@gmail.com

23/05/2021 | Tempo de leitura: 4 min

Adaptado do texto de Daniel Sá, psicólogo e teólogo.

A Bíblia nunca escondeu que haveria um combate das trevas contra a luz. A aflição de um povo que ama e depende de Deus sempre foi uma saga de sobrevivência nesse mundo, desde quando foram feitos escravos no Egito (Êxodo 1.11), depois quando foram conduzidos ao exílio (Salmo 137.1-4). A partir do século 16, milhares de cristãos foram mortos no período pós Reforma Protestante; só na noite de São Bartolomeu houve cerca de 20 mil mortes na França. No século 20 o genocídio aplicado pelo comunismo chinês exterminou mais de 70 milhões ao todo, inclusive milhares de cristãos; na segunda guerra mundial, o holocausto nazista, só no aniquilamento judeu, foram 6 milhões de mortes.

A nossa geração conhecia essas experiências trágicas apenas pelos livros, filmes, história. Hoje o mundo enfrenta com perplexidade a pandemia do Coronavírus. Para os cristãos, essa crise sanitária tem sido mais uma ocasião de ter a fé provada, com igrejas fechadas, pastores, bispos, missionários e fiéis enclausurados em suas casas, o povo da comunhão isolado, além da perda de muitos entes. A grande maioria já perdeu alguém querido nessa pandemia. No âmbito da prática da fé, há centenas de famílias cristãs, carentes, sem acesso a internet, por conseguinte, sem participar das reuniões virtuais. Os presídios ficaram sem seus grupos de apoio, sem os capelões. Os hospitais proibiram o acesso dos capelões. Orfanatos e asilos sem as costumeiras visitas viram-se apartados. Emocionalmente milhares foram tomados pelo pavor, solidão, insegurança, desencanto. O número dos divórcios aumentaram; mais ainda a quantidade de gente deprimida e com ansiedade. A própria indústria farmacêutica teve a venda de medicamentos como o Clonazepan, tranquilizante que atua na inibição das funções do sistema nervoso central, disparados de 4,6 milhões em 2019 para 5,6 milhões de caixas em 2020. Sim, a luta hoje é outra e, talvez o sentimento mais perigoso nesse momento, seja a solidão; o sentir-se sozinho e sem amparo.

Nessa hora entra em campo a eficácia da oração. No aspecto da fé, diante da crise isolacionista, o único grupo que conseguiu estar presente, e ainda alcançar as pessoas em todo o mundo, foi o círculo da oração; mais precisamente formado pelas "irmãs de oração". Os grupos de oração conseguiram entrar nas casas, hospitais, presídios, orfanatos, asilos; só a oração teve acesso.

As irmãs da oração suplicam a Deus pelas madrugadas, manhãs, tardes e noites. Não precisam de prédios ou lugares específicos, porque a oração é feita no quarto, na sala, no banheiro, no trabalho, dentro do carro, nos grupos de WhatsApp, em pensamento. A oração não pára. Quem conhece o benefício que oração traz para aquele que clama em nome de Jesus, não interrompe jamais essa prática divina, afinal sabe do poder de quem a ouve. Na vida de um crente em Jesus, a oração não é "anormal", pelo contrario, é prática diária.

Bem que Jesus afirmou: "Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca" (Mateus 26.41). O apóstolo insistiu: "Orai sem cessar. Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco" (1 Tessalonicenses 5.17,18).

Quem se dedica exclusivamente a oração, dificilmente é encontrado em lugar de destaque, ao contrário, vive em simplicidade, sem notoriedade aos olhos humanos, sobretudo, são vistos particularmente por Deus, cumprindo aquilo que Jesus ensinou: "Quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que está em secreto. Então seu Pai, que vê em secreto, o recompensará" (Mateus 6.6). A oração, ainda que em silêncio, toca a realidade espiritual. Orações ao Pai em Nome do Filho chegam ao trono da graça, são recebidas excepcionalmente por Deus.

Agradecemos a cada um, a cada grupo de oração que nessa crise tem se recolhido a clamar ao Deus dos céus em amor ao próximo. Sigamos em oração e sob a convicção das palavras de Cristo ao confortar os seus crentes: "…Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo" (Mt. 28.20). Estas são as últimas palavras do Evangelho de Mateus, não por acaso, Jesus as deixou no fim, para que possamos lembrar dessa verdade eterna, de que Ele estará com os seus, para sempre. Oremos!

IGREJA BATISTA DO ESTORIL

59 anos atuando Soli Deo Gloria

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