Reinaldo Cafeo

Custos em alta desafiam política de juros do Banco Central

20/06/2021 | Tempo de leitura: 3 min

O Banco Central brasileiro até que tentou manter os juros em sua mínima história (2% ao ano), porém o aumento de custos repassados para os preços finais pressionou os índices de inflação, desafiou as Autoridades do Banco Central. Está em curso a elevação dos juros que agora atingiu 4,25% ao ano.

O pressiona a inflação?

A elevação dos preços das commodities é o principal vilão da inflação. A retomada da economia nas principais economias mundiais fez com que a demanda pelos produtos básicos aumentasse, gerando desequilíbrio entre oferta e procura por bens e serviços. Isso leva um tempo para atingir a normalidade. O que está em jogo é a redução dos estímulos monetários introduzidos no ano passado durante a pandemia. Estes estímulos foram necessários para alavancar as economias que foram fortemente afetadas pela paradeira provocada pela pandemia de covid-19.

Qual a lógica?

O aumento na taxa de juros encare o custo do crédito para famílias e empresas, contribuindo para esfriar a atividade econômica. A consequência é a inflação perder força. Na análise dos grupos que compõem o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) os juros maiores impactam em vários grupos. Muitos produtos não sofrem diretamente o efeito da alta dos juros, mas ao transitar por vários produtos que compõem o índice, a inflação fica contida. Outro efeito desejado é o aumento de fluxo de moeda estrangeira, atraídos por juros internos maiores, derrubando a cotação do dólar, gerando menor impacto nos produtos que são indexados à moeda norte-americana.

Os grupos

Recentemente foram revistos os pesos dos grupos na composição do IPCA e retirados vários produtos e serviços, substituídos por novos, que se incorporaram no consumo das famílias. Os grupos e pesos atuais são: 1) Alimentação e Bebidas: 21,00%; 2) Habitação: 15,40%; 3) Artigos de Residência: 3,82%; 4) Vestuário: 4,27%; 5) Transportes: 20,72%; 6) Saúde e Cuidados Pessoais: 10,20%; 7) Educação: 5,93% e 8) Comunicação: 5,52%. Cada grupo sofrerá o efeito dos juros de maneira distinta. É a chamada média ponderada.

Inflação de oferta e de demanda

O Brasil tem a típica inflação de oferta, ou seja, o aumento dos custos repassados aos preços. Os juros mais altos teriam pouco efeitos no combate da inflação de oferta. Ocorre que o consumidor concentrou suas compras em produtos básicos, deixando de consumir outros produtos, assim este consumidor "aceita" a alta de preços, e em alguns casos eleva sua demanda, resultado: se instalou a inflação de demanda. Os juros terão efeitos limitados no combate da inflação, mas gera um efeito psicológico importante. O tempo dirá.

De olho na renda fixa

A taxa de juros na renda fixa se eleva. Com uma Selic de 4,25% ao ano já puxou a remuneração da poupança para 2,975% ao ano (70% da Selic). Aplicações lastreadas em CDI (Certificado de Depósito Interfinanceiro) renderão 4,12% ao ano (100% do DI). Também aplicações em Títulos Públicos tem remuneração mais elevada.

Renda variável

Em tese cairia a atratividade em renda variável, contudo, o nível atual da taxa juros ainda projeta rendimento líquido real negativo, em outras palavras: a inflação ainda é superior a remuneração das aplicações em renda fixa, mais conservadoras. Ganhos maiores vêm da renda variável. Também as perspectivas econômicas são positivas, indicando boa performance das empresas listadas em Bolsa de Valores, atraindo os investidores. Renda variável mantém sua atratividade.

O comportamento do consumidor será determinante

Quando há aumento nos preços o consumidor sempre que possível precisa mudar seu comportamento de consumo. Reduzir a quantidade do produto que está com preço em alta e substituir por um produto que serve para a mesma finalidade, são atitudes necessárias.

Mude já, mude para melhor!

Seja ético, determinado e pratique o bem, que o reconhecimento virá. Mude já, mude para melhor!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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