Reflexão e Fé

Opressão do pensamento alheio

Hugo Evandro Silveira Pastor Sênior - Igreja Batista do Estoril. E-mail: hugoevandro15@gmail.com

11/07/2021 | Tempo de leitura: 4 min

Paulo Freire afirmou: "não há saber mais ou saber menos, há saberes diferentes". Para Paulo Freire o conhecimento popular vale tanto quanto o pensamento elaborado, assim como o conhecimento dos alunos vale tanto quanto dos seus professores. Todos possuem saberes. Em "Pedagogia do Oprimido", Freire afirma que o aluno dentro da sala de aula eventualmente é um colonizado pelo professor colonizador que impõe seus valores. Em seu outro título, "Pedagogia da Autonomia", há de se respeitar, segundo ele, aquela cultura familiar que o aluno traz de casa. Os valores que o aluno possui são deveras importantes. O professor não pode ser opressor, mas o agente íntegro que conduzirá o aluno a raciocinar, e não aquele que entregará o produto acabado ou enviesado.

Infelizmente esse fundamento pedagógico não tem sido praticado, nem mesmo pelos próprios seguidores da pedagogia de Paulo Freire. Diariamente professores de matérias objetivas tem emitido suas particulares opiniões culturais, sociais, religiosas e políticas, até em classes de ensino fundamental; e o aluno que não concordar com a opinião do professor militante, acaba sendo exposto, retaliado, intimidado, ofendido, oprimido pelo próprio corpo docente, que a priori deveria proteger seus aprendizes.

Por exemplo, no centro da discussão atual, está a ideologia de gênero. Esse debate impositivo tem sido palestrado por professores de matemática, história, geografia, biologia e línguas do ensino fundamental (?). Já os alunos, autônomos, que pensam o princípio de menino-menino e menina-menina, sofrem uma opressão brutal no ambiente pedagógico; tal qual uma estudante de psicologia que estruturou seu argumento biológico no sistema XY de determinação do sexo, onde as relações homoafetivas não possuem status científicos por serem relações comportamentais, sensoriais e culturais, mas essa aluna que argumentou sob a lógica do ser humano nascer macho e fêmea, passou a ser agredida violenta e publicamente com palavras de baixo calão por seu professor e colegas de classe.

O ativista político Antônio Gramsci já havia escrito em seu livro Cadernos do Cárcere: "Não tomem quartéis, tomem escolas e universidades, não ataquem blindados, ataquem ideias" - Esse é o colapso através da democracia. Manobrar crianças em salas de aulas jamais será uma operação lícita. Sem lançar mão de argumentos enviesados, dissimulados, se faz urgente o diálogo livre entre adultos e sob a liberdade de cada um viver como desejar, desde que não fira as regras do outro como cláusula pétrea da boa convivência. Que falta está fazendo a honestidade! Defensores da união homoafetiva propagam o 'gene gay' como verdade absoluta. A revista científica Science publicou em agosto de 2019 a não existência de um 'gene gay', fundamentada em uma pesquisa realizada pela Universidade de Harvard. "É impossível prever o comportamento sexual de um indivíduo a partir de seu genoma" afirmam os pesquisadores. A relação homoafetiva é resultado de comportamento. Logo comportamento sexual não é raça, por isso é desonesto discursar às crianças ideologias sexuais no intuito de modificá-las precocemente.

Vivemos num mundo onde homem relaciona-se sexualmente com homem e mulher com mulher. Cada um usufrui de sua liberdade como quer. Cada um tem seu direito natural garantido na Constituição. Negar isso é viver na bolha. Os cristãos devem entender que faz parte da sua ética a defesa da liberdade. Inclusive aqueles que atacam criminalmente o pensamento cristão, fazendo o jogo da inversão, vorazes em criminalizar a teologia cristã dentro das salas de aulas, nas mídias, na política, nas ruas - como fizeram na Universidade Presbiteriana Mackenzie em SP e o Colégio Batista de BH, dias atrás - deveriam usar da honestidade em reconhecer que atualmente o mundo ocidental goza de liberdade porque fora erigido na filosofia e na ética cristã. Fundamentalmente o cristianismo jamais quer impor a sua fé oprimindo o pensamento alheio. Aliás, Cristo nunca obrigou ninguém a segui-lo, sempre foi um convite. A fé cristã, ainda que exclusivista, prega o perdão, redenção, salvação e preza pela liberdade, que é imprescindível na propagação da mensagem pacificadora de Jesus Cristo.

Toda confusão que envolve ideologia de gênero, é gerada pela utopia das liberdades, onde grupos minoritários começam a exigir direitos e mais direitos e, por exigir direitos específicos começam a ferir o direito do outro. Quem prega a agenda inclusiva, não consegue ser inclusivo em todas as incontáveis exigências que acabam divergentes. Um esbarra no outro! Sempre vai existir especificidades peculiares de cada grupo. O fato é que ativistas liberais, opressores do pensamento alheio, têm imposto seus valores, coagindo crianças incapazes de arrazoar minimamente sobre assuntos complexos.

IGREJA BATISTA DO ESTORIL - 59 anos atuando Soli Deo Gloria

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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