Reflexão e Fé

Independência, Brasil

Hugo Evandro Silveira Pastor Sênior - Igreja Batista do Estoril. E-mail: hugoevandro15@gmail.com

05/09/2021 | Tempo de leitura: 4 min

Quem neste país já não teve a impressão de estar vivendo dentro de um hospício? Pois esta é a sensação atual. Mais um 7 de setembro se aproxima. Esse dia, mais que qualquer outro, reforça nos brasileiros sentimentos de liberdade e patriotismo. As palavras liberdade e independência nunca estiveram tão em voga como agora. A promessa do povo nas ruas nesse 7 de Setembro revela o grito das famílias brasileiras por dignidade, respeito, liberdade, independência. O clamor que emana do povo precisa ser ouvido e entendido pelas autoridades legalmente constituídas em todas as esferas do poder público. A população de bem e imparcial clama por responsabilidade e civismo às autoridades, que nada mais são do que representantes do povo, constituídas para cuidarem do povo e não de si. As instituições governamentais, assim como a própria constituição a rigor refletem apenas a materialização da vontade do povo.

A esculhambação nos corredores do poder tem sido geral na terra Brasil. Gente de quem se espera um pouco de lucidez nos poderes da nação, tem tomado decisões incoerentes, antidemocráticas, inconstitucionais, perturbadoras. Por isso 7 de setembro é dia de resgatar o grito da independência, dia de clamarmos ao Eterno por sanidade, justiça, ordem, respeito e liberdade. 7 de setembro é dia de renovar a esperança na recuperação do nosso Brasil varonil.

Nos últimos tempos, sempre que um brasileiro tem exaltado a importância da moralidade e da ordem, surge outro disposto a zombar e ridicularizar o sentido do respeito. Vivemos uma situação insuportável em nome de um liberalismo ultra moderno. Por amor a Deus e ao próximo, rogamos por paz e menos opressão. Nossa sociedade anda doente e a crueldade tem sido o prato do dia.

O cristianismo tem muito a contribuir. A Bíblia trata amplamente de política. O que mais tem nas Escrituras Sagradas são histórias ligadas a reis, rainhas, príncipes, campanhas militares, conspirações palacianas, tensões sociais entre plebeus e nobres, conflitos entre habitantes das províncias e poderes imperiais, coletores de impostos, exército, dinheiro etc. A Bíblia é repleta de contextos políticos. O próprio Deus é retratado como rei e seu projeto eterno como uma estruturação de reino. A respeito do tempo vindouro a Bíblia revela sobre o reino futuro e eterno de Cristo.

Logo o cristão precisa ter alguma noção de que a Bíblia fala de política. No livro histórico de Samuel, o povo, através de seus representantes, chega ao juiz Samuel e solicita um rei que a priori deveria ser escolhido por Deus, tratando-se de uma nação teocrática, e a posteriori ungido pelos representantes das doze tribos legais. A partir desse momento vemos a relação do poder emergido do trono e as consequências disso sobre a população.

No século 16, na Reforma Protestante, os reformadores não pensaram apenas em questões eclesiásticas como a salvação da alma ou a liturgia do culto, mas eles também articularam uma reorganização política. Grande parte do impulso democrático, especialmente republicano, no ocidente se deu a partir da tradição da Reforma. A primeira grande revolução americana foi amplamente articulada por protestantes presbiterianos, congregacionais e batistas, que trouxeram a compreensão teológica para os debates políticos culminando na constituição americana calcada numa visão pactual da sociedade.

A queda do Nazismo na Alemanha teve envolvimento de muitos protestantes que passaram meses orando a Deus pela queda daquele sistema ditatorial, entre eles Dietrich Bonhoeffer, pastor luterano, que, com base na teologia bíblica, era contrário à política nazista. Em março de 1943 foi preso e acabou sendo enforcado, mas seu trabalho encontrou êxito 21 dias depois de sua morte. Na Romênia de 1989 o pastor Reformado László T?kés começou a pregar no livro do profeta Amós tratando questões de justiça social, sobre a necessidade de haver um governo justo numa Romênia comunista onde faltava pão e produtos básicos de subsistência. T?kés começou uma revolução pacífica que culminou num banho de sangue e, assim a queda do comunismo na Romênia, um dos países mais fechados do bloco socialista, se deu a partir da pregação de um pastor Reformado.

Não dá para fechar os olhos. O cristão pode se envolver nos assuntos da política entendendo a enorme distinção entre política e política partidária. Apartidário, mas com sabedoria, defendendo a verdade e a justiça em sua nação, embraçando o escudo da sua fé. "Feliz é a nação cujo Deus é o SENHOR" (Salmo 33.12). Que o Criador seja o Senhor da nossa nação e assim possamos bradar com toda liberdade: Independência, Brasil!

IGREJA BATISTA DO ESTORIL

59 anos atuando Soli Deo Glória

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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