Reflexão e Fé

Mais um setembro amarelo

Hugo Evandro Silveira Pastor Sênior - Igreja Batista do Estoril. E-mail: hugoevandro15@gmail.com

26/09/2021 | Tempo de leitura: 4 min

A Associação Brasileira de Psiquiatria e o Conselho Nacional de Medicina elegeram setembro como o mês para a prevenção ao suicídio. Esse é um tema de extrema importância, um assunto muito sério. Dados apontam que a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio, e essa informação ainda é subnotificada porque há estudos que apontam que a cada 3 segundos uma pessoa atenta contra sua própria vida. A cada quatro jovens, entre 14 e 29 anos, pelo menos um já pensou em lesar a sua vida.

Obviamente que uma pessoa que comete o suicídio afeta profundamente sua família, amigos, todos ao redor. Causa muita dor, sofrimento e desilusão. Diante desse cenário somos despertados para o fato de que todo dia é dia de oferecermos atenção aos nossos próximos. Portanto, estamos em mais um setembro amarelo e especialmente nesse mês somos estimulados a acordarmos da dormência e abrirmos nossos olhos com maior intenção a quem convive conosco. Em setembro somos despertados para mantermo-nos despertos ao longo dos outros 11 meses.

Já que a dor que empurra a vítima ao suicídio é uma dor da alma, a Bíblia nos ajuda a tratar dores na alma. Por exemplo, o grande Paulo, apóstolo, em estado de prisão pelo simples fato de ser cristão, já que isso era comum no primeiro século, na iminência da condenação capital, escreveu aos seus destinatários na cidade de Filipos: "Alegrem-se, outra vez vos digo: Alegrem-se!". Claro que ele não era utópico, mas absolutamente consciente dos problemas da vida, experimentando as angústias existenciais num melancólico calabouço, machucado fisicamente, moralmente e psicologicamente. Tinha tudo para desistir da vida, abreviar seu sofrimento. Mas ele encontrou remédio para a sua angústia na esperança do consolo eterno e, nisso se alegrou e ofereceu alegria aos seus leitores. E o que tornava a alegria contagiante de Paulo extraordinária, superlativa, era sua condição de absoluta adversidade.

Os profissionais que lidam com as pessoas que enfrentam o flagelo de desistir da vida, destacam que essas pessoas lidam com desespero, desamparo e desesperança. O Paulo estava vivendo uma condição semelhante.

Somos vulneráveis, frágeis. Somente nós, seres humanos, sob crises, solidão, sofrimentos, angústias, temos o poder da decisão consciente pelo extermínio da própria existência. Mas o Paulo encucou sobre si e ofereceu aos seus próximos a condição de contentamento, por entender, que apesar das turbulências, ainda assim, a vida valia a pena, e que era uma oportunidade ímpar se vivida sob o conforto e amparo do Eterno, através de Jesus Cristo, o filho de Deus. Então ele optou pela vida. Não uma vida ensimesmada, mas uma vida doada. Paulo dedicou-se aos seus próximos. Garimpou alegria para ele e alegria a quem convivia e o lia.

Hoje a vida tá toda fora do lugar. Tempos pandêmicos. Caos econômico e social. Dias de absolutismos. Intolerância religiosa e política, tempos de perdas incontáveis, estreitamento da vida e milhares de pessoas tem desistindo do outro, desistindo de Deus, desistindo da vida, desistindo de si mesmo. Um segredo para escapar do nosso desencantamento da vida está no exemplo de Paulo: "A busca da alegria no Criador pelo mistério da fé em Cristo e, conjuntamente o doar-se ao outro". O próprio Senhor Jesus afirmou que "o maior mandamento é amar a Deus sobre tudo, e amar o próximo". A espiritualidade bíblica revela que quem se oferece ao outro é abençoado, satisfeito. Aliás a própria ciência atesta, que quem oferece um ato de serviço desinteressado, quem oferece amor gratuito, sem esperar nada em troca que em geral frustra, recebe em seu organismo uma carga de um hormônio chamado Ocitocina. Uma descarga de alegria, satisfação contagiante que toma conta de quem se oferece, mas também de quem recebe e até mesmo de quem assiste. Todos são tomados do prazer do viver o altruísmo em amor.

Então, quem está na fronteira do se perder, um bom caminho de volta, pode ser o do "sair-se do eu" e olhar para o outro, o estender a mão, entregar-se ao próximo - Jesus já havia cantado a letra: "é melhor dar do que receber". A verdade é que a solidão nunca é uma boa.

Para quem está nessa fronteira do desencanto, uma sugestão como essa pode parecer até sobre humana, mas tente! E acima de tudo, peça ajuda se tem vivido períodos longos de tristeza, angústia, ansiedade, solidão. 188 o número nacional do CVV fica a disposição 24 horas para escuta e ajuda, prevenção e posvençao ao suicídio. Não fique sozinho. Unamos nossas mãos, nossos corações. Deus te abençoe.

IGREJA BATISTA DO ESTORIL

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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